Passeio

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[...]

Agora mais calmo, Jimin sentia a cabeça pesar mais que o próprio corpo. A consciência doendo pela forma com a qual tratou o estranho no uber mais cedo sem sequer conhecê-lo ou ter alguma base sólida para confirmar que fosse mesmo uma pessoa de má índole e portanto merecedora de tamanha grosseria.

Mas apesar de estar arrependido, também não acreditava estar cem por cento errado. Quer dizer, era frustrante encontrar alguém planejando ir à um dos petshops caros do centro da cidade, quando há tantos abrigos periféricos ou dos bairros mais afastados carecendo de atenção, e que não deixam de ser melhores só por sua localidade ou valor.

Por fim, animal é animal, e independente de sua espécie ou raça, merecem todo amor e cuidado do mundo. É claro que mesmo aqueles considerados caros também mereciam. No entanto, as demais instituições já estavam superlotando, e quanto mais lotadas, menos espaço sobrariam aos animaizinhos de rua, tornando ainda maior a urgência e necessidade para que fossem adotados. Por fim, os animais de boa raça e caros sempre seriam a primeira opção para a maioria, dificilmente sendo rejeitados. E tendo em vista que poderia ter convencido ao menos uma pessoa, já fazia os ombros do pequeno Park pesarem menos.

E pudera. Seus ombros agora eram bem ocupados pela leveza dos passarinhos que bem brincavam mordiscando sua orelha ou ciscando sobre sua cabeça, bagunçando os fios aloirados. Apesar da bagunça de alpistes e sementes de girassol espalhados em si, estaria mentindo se dissesse que não se divertia com a algazarra que as aves faziam. O coração quentinho, concluído que os mesmos sentiam-se seguros e confortáveis consigo.

Entretido demais, não foi capaz de ouvir o tilintar do sensor ao detectar uma presença a mais na recepção. E de toda forma, aquilo ainda nada teria a ver consigo, até que o visitante de fato anunciasse querer ver algum animal. E ainda assim, provavelmente a função seria dada à sua colega, visto que já estava ocupado com a alimentação das aves.

O outro sujeito entrou calado como geralmente era com desconhecidos, mas divergindo da figura que os amigos costumavam descrever, ao invés de sério, também estava tímido.

— Boa tarde! — Despertou pelo cumprimento da jovem recepcionista que sorria acolhedora ao moreno que permaneceu de expressão neutra. — Em que posso ajudar?

— Eu gostaria de adotar um animalzinho. — Seu olhar até então firme na funcionária, desviou-se para outra direção ao que comprimia um sorriso apreensivo.

Animalzinho, cara? Quantos anos você tem? Dez?! — repreendeu-se.

So-dam conteve um risinho ao notar a clara expressão auto repreensiva do outro. No entanto, aquilo foi o suficiente para que a moça concluísse que o rapaz diante de si daria um ótimo companheiro para algum dos bichinhos daquele lugar. Um pouco desajeitado, mas um bom cuidador; sua genuinidade era quase palpável.

— Então, senhor... — começou, incerta.

— Min. Min Yoongi.

— Ah sim, senhor Min, temos vários bichinhos de várias espécies ou raças, mas igualmente adoráveis. O senhor já tem algo em mente?

— Bem, eu... — Pausou, dando-se alguns segundos para tentar pôr a cabeça para pensar, sem mesmo notar quando brincava com as próprias mãos como uma verdadeira criança.

— O senhor me parece um pouco perdido, se me permite dizer.

— Sim. Bom, na verdade eu- — Foi interrompido por um barulho ao fundo que chamou atenção de ambos os presentes ali.

Algo como o barulho de baldes e gritos de pássaros soava ao fundo juntos a um ganido estabanado. Yoongi, assim como So-dam, esticou o pescoço e forçou um pouco mais as vistas para conseguirem enxergar ao longe um garoto baixinho rodeado de pássaros raivosos pousados em seus ombros ou mesmo na cabeça, parecendo se alimentar de algo no cabelo do pobre garoto.

Sofisma || YoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora