— Um mês depois.
Depois de tudo pelo o que passei, não podia evitar que esse dia chegasse: o dia de meu matrimônio.
Prorroguei o quanto pude, inclusive encenando rusgas e desacordos com tudo o que podia para que pudesse ganhar tempo nessa fracassada empreitada; inclusive sacrifiquei um belo Shiromoku que me agradou bastante — me via trajada nele — em acordo com o meu kamaitachi, que concordou em despedaçar o meu vestido com a sua lâmina pavorosa.
Além disso, sacrifiquei misturas de banquetes que provavelmente me satisfariam apenas para que mudassem tudo depois — a comida que chegou, disseram os responsáveis, veio com uma mensagem dos Senhores da Guerra que dizia algo como "A noiva que veste branco, o saldo da dívida pelo presente do honorável patriarca. Bom apetite". Tsuna estranhou o gesto deles, mas havia tanta comida para todos, inclusive para os cidadãos da cidadela, que ela mudou o cardápio por três vezes.
Então, ganhei uma semana a mais por ter entrado em meu ciclo e mais uma por não conseguir sair da cama devido às fortes dores.
No entanto, o dia onde minhas energias deveriam estar deveras mais aguçadas, estavam sufocando o meu pescoço como um aperto firme e desconfortável. Não havia saída, não havia escapatória, não havia sensação que descrevesse o momento.
Porém, depois de passar praticamente todos aqueles dias com Minato, aprendendo sobre quem ele era, honrando a presença de sua família na casa de meus pais, firmando o arranjos durante o Yuinou sobre o que ter ou não ter dentro desse relacionado — algo que falamos logo no primeiro momento —, eu estava enfim pronta para aceitar que engajaria na tarefa mais dura de minha jovem vida; ser uma mulher respeitada e completa.
Por quase dez dias as coisas não pararam, os servos iam e voltavam, traziam, deixavam, levam coisas para lá e para cá enquanto eu continuava a suar na tentativa de fortificar os meus poderes.
Tantas vezes sorri, tantas vezes comemorei ao lado dele quando comecei a treinar com meu arco e flechas e vi que era tão boa quanto o melhor arqueiro entre os guardiões. Nós treinamos junto aos guardiões, treinamos sozinhos, passamos noites em claro adorando a noite, dias cômodos adorando a grande cerejeira sobre o pico para que mais tarde, já próximo do hoje, começássemos a sorrir um para o outro.
Dando uma de difícil, propus que entregasse o sabor dos meus lábios apenas durante a cerimônia — esperto como era, não lhe faltaram tentativas de arriscar um beijo.
No fim, aquele dia surgiu, estava belo, os Adoradores deram luz e prometeram que nenhuma sombra recairia sobre nós do momento em que seguimos juntos através do Templo até o lar dos sacerdotes que nos abençoariam.
Nós nos prostramos diante de uma cascata dentro da sala deles, onde fomos abençoadas com um óleo morno sobre nossas cabeças.
O primeiro ritual era composto basicamente por nossa presença, nossa entrega de corpo e alma ao nosso companheiro. Demos as mãos diante da cascata e ali eu soube que Minato Ryuto era mais do que belos cabelos e uma presença autoritária e arrogante. Era um garoto que lutava pela paz, assim como nossos pais fizeram — ele a conciliação e eu, o entendimento.
— Confesso que me embriaguei de amores por você, Izanami-sama.
E sorri, como uma jovem igualmente embriagada de amores.
— O que sinto por você, é verdadeiro e igualmente recíproco... Minato-san.
Depois daquilo, meu coração pulsava mais forte à medida em que ele me ajudou a se levantar e ambos seguimos até o vestiário onde pôr fim nos pusemos em nossas vestes cerimoniais.
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O Ultimo Eremita do Trovão (Vencedor #TheWattys2021)
Fantasi[VENCEDOR DO PRÊMIO #THEWATTYS2021 EM FANTASIA!]Izanami é, assim como todos no Santuário do Céu, descendente dos deuses japoneses que governam as forças naturais desse mundo; tempestades, neve, estações, chuvas, florações, o nascimento e por do sol...