(三十六) Os Outros Shinson

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Termos usados:

Yuki-oona: A mulher da neve. É um conto do folclore japonês que conta a história de uma mulher que supostamente morreu após se perder numa nevasca. Ela surge em meio a florestas com uma aparência inegável e seduz homens na tentativa de faze-los se perder e morrer congelados.

Kunai: é uma arma ninja que consiste em uma lâmina de ferro com um grande furo na base, destinado a amarrar cordas, originário da era Tensho no Japão. Eram destinadas ao arremesso com ou sem corda, a fim de ferir o inimigo à grande distância.

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Deve-se ter passado ao menos uma hora desde que saí daqui, irritadiça por Hisashi não me achar forte o suficiente para ir sozinha. De certo, se Yuki não tivesse atrapalhado o meu disparo, eu teria atingido o objetivo sem precisar ter que enfrentar aquela criatura lá fora, mas foi graças a ela que agora eu tinha companhia para que fizéssemos uma pequena fogueira dentro da cabana onde tomamos um chá bem quente e eu... calcinei meus ferimentos com ferro quente, chorando como uma criança, enquanto que ela... resfriou a marca até que não doesse mais.

Esperamos. Esperamos. Esperamos e conversamos mais sobre quem ela era. Yuki pertencia a Tribo do Céu, mas não vivia no Santuário desde muitas eras atrás, quando seus ancestrais cometeram uma terrível desonra. Os herdeiros da neve, shinson de Fuijin, kami dos ventos, eram chamados de Yuki-oona, ou espíritos da neve. Eles comumente habitavam as montanhas nevadas e apareciam apenas durante o inverno como seres joviais belos que cantavam para seduzir e atrair viajantes desavisados — geralmente homens — para o meio da nevasca onde morriam em decorrência do frio extremo. Em essência eles não eram maus, mas não gostavam muito de humanos.

Assim como os Adoradores do Sol que todos os dias se transformavam para que o sol nascesse, os herdeiros da neve faziam o mesmo, explicando o motivo pelo qual a neve caia, mas eu, desde que era criança, não sabia de onde vinha. Os Yuki-oona foram expulsos do Santuário, mas clamaram pelo perdão de Maatsu Ohkami e, desde então, segundo Yuki, eles vivem nos arredores do Templo da luz e o protegem contra invasores, por isso havia neblina por todos os lugares quando chegamos as cachoeiras.

Questão maior era que a pobre garota chorava quando lembrava do quão difícil era continuar vivendo numa terra onde o sol era um terrível e cruel inimigo graças aos desatinos dos homens, provavelmente dos malditos Senhores da Guerra, provocavam aos dela.

Nosso silêncio remetia à minha preocupação, com Hisashi, com Akemi, que até então não haviam voltado. Mas isso começou a mudar quando ouvi passos subindo pela escada de madeira. Isso me alertou para o perigo. Poderia sim ser apenas eles.

Ou... poderia não ser eles.

Yuki e eu corremos até o canto direito da cabana e nos ocultamos na escuridão que a ausência de janelas naquele canto provocava. Eu preparei uma flecha e puxei a corda até o momento em que o vi.

— Izanami?

Quase atirei.

— Hisashi-sensei! — surjo das sombras ao seu olhar. — Como foi? Conseguiram encontrar os outros corpos?

— Encontrei o que fui procurar, mas não sei de Akemi até então. Quem é essa adorável criatura?

Ela sorriu, como um delicado e adorável floco de neve.

— Essa é Yuki, ela me salvou quando um... uma espécie de cavalo de fogo nos perseguiu pela floresta. Yuki, esse é meu sensei, Hisashi. Sagrados Divinos, Hisashi-sensei, esse lugar é tão perigoso para se andar a sós!

Ele se sentou junto a fogueira que se encontrava a luz do meio dia.

— Certamente. Outros homens e mulheres tentaram atravessar por aqui, mas nenhum viveu para contar, ao menos foi o que entendi por uma grande extensão de terra por onde andei. Existem armadilhas perigosas, animais fantásticos pela terra e pelo ar. Além de... outras presenças.

O Ultimo Eremita do Trovão (Vencedor #TheWattys2021)Onde histórias criam vida. Descubra agora