Não tivemos posicionamento de Nabuk, mas, no meu entendimento, ele partiu direto para a outra instalação onde as crianças estavam blindadas de qualquer ameaça exterior. Como eu sabia? Uma vez tinha descido a aquele lugar terrível e sem qualquer luz do dia ou estrelas da noite para ver. Elas deviam estar amedrontadas, mas o que podíamos fazer naquele momento se tudo o que queríamos era resistir e persistir por quanto tivéssemos força, ampolas de veneno e determinação?
E foi tal determinação que motivou a invasão no Templo de repente quando vimos três soldados de Tesauro vindo pelas escadas e mais três dos nossos homens atravessando o teto para topá-los frente a frente.
Apoiei Hisashi e bati no seu rosto algumas vezes enquanto corríamos.
— Hisashi-san, precisa se recuperar rapidamente!
Ele grunhiu.
— F-fomos atingidos por uma poção dada por uma feiticeira...
— Noriko é o nome dela! — ditou Izanagi. — Izanami, consegue se energizar?
Ela ergueu a mão e fracos estalidos surgiram.
— Estou me... recuperando.
Akemi também suspirou nos braços de Kizan.
— Akemi, você consegue me ouvir? — sacudi-a pelos braços.
Minha meia-irmã, pensei longinquamente, próxima da realidade apenas por saber que ela estava a salvo.
— A Akemi... ela... pode nos curar — Izanami citou preguiçosamente.
Outros soldados se aproximavam, mas nós viramos num corredor antes que fossemos vistos por eles, que passaram direto. Então paramos. Aparentemente aquele era um canto escuro e distante o suficiente do corredor para um momento de descanso. Eles três foram apoiados contra a parede.
— Kizan, vamos dar cobertura a eles — ditou Hishal, puxando o irmão pelo braço até a saída do corredor.
Me uni a eles e, por fim, Hisashi abriu os olhos. Eu sorri, o abracei, toquei suas barbas e ele se agarrou as minhas costas.
— Você está a salvo, Hisashi-nii-san! Agradeço aos Divinos por tê-lo trazido bem.
Ele sorriu e tocou meu rosto.
— Prometi que... voltaria para você — justificou ele, motivo pelo qual o abracei mais uma vez antes de flagrar Akemi movendo-se na nossa direção. — Você está bem... Akemi-chan?
Ela balançou a cabeça em positivo.
— Bebam do meu sangue — disse ela num grunhido.
— Do que ela está falando?
— O sangue de Akemi... cura qualquer coisa — disse Izanami ao apontar. Akemi moveu-se. Eu lhe dei a mão para se apoiar e ela se sentou junto aos dois antes de... virar-se de barriga para baixo.
— Morda a parte detrás do meu joelho!
Olhei para Izanagi com estranheza, tão similar a estranheza que manou Hishashi junto a nós. Mas Izanami parecia ter entendido o sinal e com a ajuda do irmão, se juntou a Akemi e mordeu a cartilagem de seu joelho. Akemi gemeu e dobrou os lábios. Izanami secou os lábios e Hisashi olhou-a como se questionasse se deveria e ela acenou que sim.
Então ele também fez.
— Que nojo — repudiou Izanagi.
Izanami encostou a cabeça na parede e fungou, arrumou os cabelos impregnados e desgrenhados.
— Akemi tem uma habilidade de cura incrível — sibilou ela, mordendo o interior da boca. — Ela me curou do ferimento que Izanagi fez no meu ventre.
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O Ultimo Eremita do Trovão (Vencedor #TheWattys2021)
Fantasía[VENCEDOR DO PRÊMIO #THEWATTYS2021 EM FANTASIA!] Exilada de sua casa e vivendo entre lobos, Izanami não tem lembranças do seu passado, de quem ou o que a levou até a floresta quando, dez anos antes, a desonra do seu estimado mestre tirou...