Termos usados:
Shogi (将棋): é a versão japonesa do famoso Xadrez. O Shogi foi introduzido no Japão no período Nara (704 a 790 d.C.), e tem o mesmo objetivo do Xadrez: capturar o rei. A diferença está entre as peças e no sistema de captura.
Okusan; termo respeitoso para se referir a esposa.
San-san-kudo: San significa três - que é um número considerado sagrado para os Xintoistas. Kudo significa "nove vezes", o número nove representa longevidade. O ritual consiste nos noivos tomarem três goles de saquê em três taças diferentes, este ritual representa que o casamento terá felicidade, prosperidade e harmonia.
Yuinou: é um ritual tradicional realizado pelas famílias dos noivos onde eram discutidas questões familiares, financeiras e trocavam-se presentes.
Shinro shinpu: noivo e noiva, em linguagem tradicional. Shinro seria o noivo, Shinpu seria a noiva.
Shiromoku: um quimono de casamento branco na mais alta costura que representa a pureza e o sagrado.
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— Um mês depois.
Depois de tudo pelo o que passei, não podia evitar que esse dia chegasse: o dia de meu matrimônio.
Prorroguei o quanto pude, inclusive encenando rusgas e desacordos com tudo o que podia para que pudesse ganhar tempo nessa fracassada empreitada; inclusive sacrifiquei um belo Shiromoku que me agradou bastante — me via trajada nele — em acordo com o meu kamaitachi, que concordou em despedaçar o meu traje com a sua lâmina pavorosa em troca de frutas frescas.
Além disso, sacrifiquei misturas de banquetes que provavelmente me satisfariam apenas para que mudassem tudo depois — a comida que chegou, disseram os responsáveis, veio com uma mensagem dos Senhores da Guerra que dizia algo como "Aos Shinro Shinpu, o saldo da dívida pelo presente do honorável patriarca. Bom apetite". Tsuna estranhou o gesto deles, mas havia tanta comida para todos, inclusive para os cidadãos de Terracota, que ela mudou o cardápio três vezes.
Então, ganhei uma semana a mais por ter entrado em meu ciclo e mais uma por não conseguir sair da cama devido às fortes dores. No entanto, o dia onde minhas energias deveriam estar deveras mais aguçadas, estavam sufocando o meu pescoço como um aperto firme e desconfortável. Não havia saída, não havia escapatória, não havia sensação que descrevesse o momento.
Porém, depois de passar praticamente todos aqueles dias com Minato, aprendendo sobre quem ele era, honrando a presença de sua família na casa de seus pais, firmando o arranjos durante o Yuinou sobre o que ter ou não ter dentro desse relacionamento — algo que falamos logo no primeiro momento —, eu estava enfim pronta para aceitar que engajaria na tarefa mais dura de minha jovem vida; ser uma mulher respeitada e de familia.
Eu ainda não queria, mas, a medida em que os dias passavam e as coisas ficavam mais frenéticas; os servos iam e voltavam, traziam, deixavam, levam coisas para lá e para cá, eu continuava a suar na tentativa de fortalecer os meus poderes com treinamento árduo.
Tantas vezes sorri, tantas vezes comemorei ao lado dele quando comecei a treinar com meu arco e flechas dedicado e vi que era tão boa quanto o melhor arqueiro entre os Guardiões. Nós treinamos junto aos Guardiões, treinamos sozinhos, passamos noites em claro adorando a noite, dias cômodos adorando a grande cerejeira sobre o pico para que mais tarde, já próximo do hoje, começássemos a sorrir um para o outro.
Dando uma de difícil, propus que entregasse o sabor dos meus lábios apenas durante a cerimônia — esperto como era, não lhe faltaram tentativas de arriscar um beijo, especialmente quando mais próximos aos rituais matrimoniais como o san-san-kudo.
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O Ultimo Eremita do Trovão (Vencedor #TheWattys2021)
Fantasy[VENCEDOR DO PRÊMIO #THEWATTYS2021 EM FANTASIA!] Exilada de sua casa e vivendo entre lobos, Izanami não tem lembranças do seu passado, de quem ou o que a levou até a floresta quando, dez anos antes, a desonra do seu estimado mestre tirou...