Turnabout Destinies

A reviravolta do samurai. 4

Eu caminhei pelo tribunal observando o silêncio, nenhuma pessoa na galeria para observar o processo, nenhum juiz para passar qualquer veredito. Eu coloquei minha pasta na bancada suspirando, talvez tenha chegado cedo demais, ou quem sabe tarde demais?! Pobre Ferraz! Eu devia ter-

— Wright... — Ouvi uma voz atrás de mim, aquela voz, Edgeworth! Espera, meu pensamento soou um pouco diferente agora... Me virei o encarando com seus braços cruzados, engoli em seco. — Oque faz aqui?

— B-bem parece que estou cedo demais, ou muito atrasado Haha! — Tentei sorrir mesmo com o nervosismo, mas claro que a expressão irônica e calma dele iria destruir essa tal tentativa também.

Como sempre a clássica postura elegante, seu olhar passou a descer pelo meu corpo, em uma longa análise, a lógica era exuberante e eu senti minhas bochechas avermelharem com o desconforto de nem sequer ter a habilidade de iniciar uma conversa com ele, é claro que Miles Edgeworth é talvez uma daquelas pessoas que é tão distante que talvez voltássemos ao romantismo literário, seres inalcançaveis...

Ele deu um passo a frente em minha direção, e eu me afastei por reflexo, tal atitude fez com que um sorriso surgisse nos lábios daquele homem. Eu mordi meu lábio inferior "pense em um assunto, mantenha uma conversa Phoenix, esse silêncio está completamente desconfortável"

Senti seu toque sobre minha bochecha, quando ele tinha chegado tão próximo? Respirei fundo preparado para afastar sua mão quando seu polegar deslizou até meu lábio inferior, tal ação fez com que uma onda de choque descesse pelo meu corpo. Eu empurrei sua mão cobrindo minha boca, engoli a súbita saliva com aquela queimação nas bochechas.

— O-o-oque diabos você está fazendo?! E-esta louco?! — minha voz trêmula causava apenas ainda mais motivos para que eu quisesse me enterrar, sua mão se enrolou na minha gravata me puxando para que eu pudesse o encarar, engoli em seco preparado para o empurrar novamente.

— Incrível como a defesa consegue fazer um rosto tão comprometedor... — Aquele sorriso sarcástico tornava meu ar mais pesado, eu ofeguei tentando tirar minha gravata de suas mãos, fugir daquela situação era o ideal, eu me atrapalhei.

— E-e-espera! E-es-escuta isso não... — Pelo amor de Deus Phoenix! Formule uma frase, direito! — Isso não é certo.

Mas seus lábios já estavam contra os meus, eu apoiei minhas mãos contra seus ombros... empurre ele Phoenix! Eu o empurrei novamente e ofeguei irritado, fechei meus punhos prontos para atingir um soco em seu rosto, o vendo me observar com aqueles olhos arrogantes, um pequeno sorriso surgiu em seus lábios enquanto ele negava com o indicador.

— Oque é agora Edgeworth?! — Comentei irritado pronto para a briga, ele continuou com o sorriso e se aproximou novamente.

— É irônico, afinal esteve buscando me alcançar desde sempre, e ainda é de uma teimosia que escolhe me afastar. E ainda sim, aqui estamos, se não me quer aqui, diga em alto em bom som. — Enquanto falava tais palavras o promotor buscava arrumar as abotoaduras de seu terno, seu olhar desviou levemente até mim e eu engoli em seco.

Porque não consigo? Ele se virou me encarando com audácia, me perdi em seus olhos, engoli em seco, oque está acontecendo comigo? Observei minhas mãos, trêmulas e suadas pelo nervosismo, não encontrei as palavras para dizer.

— Foi oque eu pensei. — Edgeworth disse calmo, sua voz rouca fez minha pele vibrar mesmo com a distância, eu estiquei minhas mãos até alcançar seu terno, tão suave, ainda assim não consegui evitar que os tremores continuassem, eu me aproximei devagar, aquelas sensações de sua respiração misturada com a minha deixavam de uma certa forma, meus pensamentos bagunçados, ergui meu rosto beijando levemente seus lábios, porque estou fazendo isso? Oque me atrai até você? Porque estou cometendo esse erro? Eu não sou assim.