Reviravolta das despedidas. 15.

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Edgeworth respirou fundo, como se pensasse em um roteiro para oque iria me contar, mas eu estava ficando impaciente… precisa pensar em tudo? E subitamente começou se abrir quanto ao caso que proibia os policiais e até mesmo Gaspar de saber.

— Yanni Yogi era um guarda no tribunal, foi uma coincidência estarmos no mesmo elevador quinze anos atrás. O terremoto foi forte naquele dia, e antes que eu pudesse perceber, tudo estava escuro. Estivemos presos lá por tanto tempo, pareciam horas… o ar estava faltando, estávamos presos em uma caixa de metal, suspensa e sem qualquer meio de nós movermos para a segurança.  Acabamos ficando, estressados. E uma discussão começou entre meu pai, e o Yogi que estava desesperado… é tudo oque me lembro… quando acordei, estava no hospital. 

Era como se a cada palavra ele revivesse aqueles dolorosos momentos, oque eu poderia dizer? Escolho nada, afinal vou ouvir tudo… concordei com a cabeça e ele se sentiu seguro para continuar, já que não haveria interrupções. Logo, Miles voltou a continuar seu monólogo:

— AA condição mental de Yogi foi destacada durante o julgamento, disseram que a privação de oxigênio e estresse causaram uma insanidade temporária, alegando também histórico de “alzheimer” familiar. E no final, foi motivo o suficiente para o declarem inocente. 

— Mas chega a ser um pouco estranho… afinal ele foi declarado inocente. Porque ele iria querer se vingar de você? — Perguntei apoiando minhas mãos na mesa, segurando firme uma contra a outra para me dar coragem.

— Wright. 

— O-oi. — Quando ele me chama assim, sinto que irei levar bronca ou algo pior. 

— Tem algo me incomodando nesses últimos dias. Eu… não sabia se devia ou não te contar. — Ele disse desviando o olhar para a parede. 

— O pesadelo não é? Não precisa se forçar a me contar e eu vou estar aqui não impor-

— Acho… que vou te contar. 

Imediatamente calei a minha boca, ele me encarou de uma maneira que eu quis me esconder atrás da cadeira. Mas contive meu desejo de auto-proteção e concordei com a cabeça várias vezes. Se ele queria contar, o mínimo que eu poderia fazer era ouvir. 

— Por quinze anos, eu venho tendo o mesmo pesadelo, todas as noites… por isso acabo me atolando em trabalho, para que no fim o cansaço me impeça o ter, mas sempre… é a mesma coisa. 

— Sobre oque é? — minha fala saiu com a preocupação que eu estava tentando esconder.

— Sobre o assassinato do meu pai, no escuro. Escuto os gritos deles, o som de ambos caindo no chão e oque eu sempre interpreto como uma briga… então escuto a arma deslizar até parar contra a minha mão… em choque eu a pego… e jogo. O tiro vem logo depois… e um grito… e com aquele grito demoníaco, eu acordo. Um grito que vem ecoando nos meus ouvidos durante esses quinze anos, um grito que me faz lembrar da culpa e da angústia de ter saído vivo daquele elevador.  

— É só um sonho. — Eu disse perdendo minhas forças para tentar alcançar aquele coração perdido.

— É esse pensamento que tem me mantido são durante todos esses anos. E se eu estiver errado?  E se for real? Dizem que às vezes pessoas trancam suas memórias em auto defesa… talvez… seja eu quem tenha matado meu pai. Se você pensar dessa maneira, a carta faz sentido. Yogi era inocente, queria vingança contra mim. 

— Espera… calma. Você não quer dizer que…  

— Fui eu. O verdadeiro assassino do Dl-6, eu matei o meu pai… 

Fiquei em silêncio e observei Miles, sua culpa tem o bloqueado dessa forma… um trauma tão enraizado nele que o manteve nessa posição, eu pensei tantas coisas naquele momento. Pensei como uma criança teria vivido com essa culpa, como aquilo teria sido combustível para uma auto punição, como aquilo teria criado muros ao redor dele para se proteger, ou melhor, proteger os outros. Grosenberg sabe mais sobre aquele incidente, então essa é minha próxima parada. Me ergui arrumando a cadeira. 

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