A Reviravolta das despedidas. 5

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26 de dezembro, 9:44 da manhã.

Tribunal local.

Sala de espera n°2.

— Karma? — minha voz saiu um pouco arrastada, afinal eu estava cansado por ficar até tarde revisando os arquivos do caso, confuso, porque Miles estava dizendo esse nome para mim? Me trazia uma espécie de sensação ruim, como uma onda negativa que crepitava subindo pelas minhas costas, e arranhando...

— Isso mesmo, Manfred Von Karma, o promotor desse caso. O melhor que existe. Não perdeu um caso em seus quarenta anos de serviço. Ele é um Deus na acusação Wright. — Edgeworth disse enquanto me encarava, sentindo o peso de suas palavras eu podia sentir a melancolia e desespero dos gestos dele, ele tocava levemente sua manga.

— Nenhumzinho? — Maya disse, ela estava sentada no sofá, preocupada, roendo as unhas.

— Ele fará qualquer coisa pelo veredito de culpado. Qualquer coisa. — Edgeworth disse desviando o olhar em direção a janela.

— Parece até alguém que conheço Edgeworth...

— Hmph, você não entende. Ele é um homem a ser temido.

Isso é até que uma acusação a ser considerada, vindo de alguém com fama de forjar evidências, não que eu acredite que o Edgeworth as forje...

— Ele me ensinou oque é ser um "promotor". — Edgeworth admitiu de cabeça baixa. — Meu mentor... uma figura paterna... pensa assim, pegue minha versão sendo um promotor e multiplique por dez. — Edgeworth disse sério.

— Se bem que acredito que o Nick não iria se incomodar de ter dez de você, mas sério, se ele foi sua figura paterna... porque pegou esse caso? Que babaca!

Oque a Maya falou fez quase eu dar um pulo, mas ela tinha razão, se ele cuidou do Miles durante esse tempo... porque iria tentar colocar ele na cadeia?

— Ou talvez esteja planejando perder de propósito! — Maya disse com um sorriso esperançoso enquanto apontava para Edgeworth.

— Impossível. Não perdeu sequer uma vez em quarenta anos... se sou cruel multiplique por vinte.

— Aumentou o número... — Eu disse suspirando.

— Ele é um Deus da acusação... eu não significo nada perto dos vereditos que ele conseguiu, sou só mais um. Mais um que irá terminar no corredor da morte.

Meu coração doeu com aquela fala do promotor, agora ele era aquele que sentava no lugar de quem costumava acusar, inocente.

Maya fechou seus olhos suspirando, ela uniu suas mãos e tentou algo, ela apertou ainda mais os olhos respirando fundo algumas vezes, ela caminhou sem querer para trás e tropeçou caindo na mesinha, me ajoelhei rapidamente para ver se ela estava bem, Maya tinha seus olhos desfocados e sua respiração pesada, ela apertou os olhos sentindo lágrimas.

— Maya não precisa se esforçar... posso fazer isso sozinho. — Comentei segurando seus ombros para a estabilizar, a guiei até o sofá verificando se tudo estava bem, ela tentara alcançar a Mia... — Não precisa passar por isso para me ajudar, você precisa se preservar.

— Mas Nick... vou tentar, mesmo que eu não consiga... — Maya sussurrou, ela parecia triste, puxando suas pernas até o assento, ela abraçou os joelhos evitando me olhar. Acariciei sua cabeça, ela não precisa fazer isso por mim.

— Olha a hora... parece que já vai começar, vamos? — Falei e a observei erguer o rosto, um sorriso falso estava ali, ela concordou se levantando e puxando seu casaco para se arrumar para o tribunal.

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