especial de halloween.

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Atenção, esse capítulo acontece um dia antes da morte da Mia. Você pode pular esse capítulo caso queira continuar com a reviravolta do samurai. A primeira pessoa do capítulo dessa vez não é o Nick, dessa vez temos a Mia. Então... é uma memória. Com tudo isso avisado... aproveitem a leitura, eu não revisei então provavelmente tem muitos erros.

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A vida é amarga... como cafeína, ela corrói de uma maneira deliciosa e você se deixa ser corrompido pelas pessoas que te servem tal café. Se embebedando na mais pura cafeína... ao menos... É oque ele diria.

Respirei fundo, esse era um de seus feriados favoritos, me atazanando com aquelas brincadeiras de mal gosto. Puxei o lençol contra meu corpo, cansada pela noite mal dormida enquanto a moça terminava de vestir seu terno, arrumando as medalhas sem olhar para mim. Ela se virou levemente, corando por ter sido pega em meu olhar.

Lana Skye era uma mulher bonita, seus cabelos castanhos desciam até suas costas enquadrando seu rosto perfeitamente. Ela se sentou na cama se aproximando, tocando sobre minha mão. Eu a puxei observando ela recuar e suspirar.

- Eu... - Ela começou a dizer, provavelmente seria o mesmo Script.

- Lana essa foi a última vez. -Comentei alcançando seu casaco e jogando na direção dela, me deitei observando o teto e o silêncio como resposta dela. Lana Skye tem uma reputação, ela está na posição de chefe da promotoria do distrito. Isso é um conflito de interesse, se for pega nesses casos noturnos com uma advogada perderá seu cargo. Afinal nenhum promotor pode ser pego com seu inimigo.

E quando ela deixou meu apartamento pela terceira vez essa semana, eu sabia. Ela não irá voltar, e sendo honesta eu não quero que ela volte. Claro que tenho minhas necessidades, no entanto...

Clínica Vanderline.

A enfermeira me deixou ali e eu sorri, observei ela virar o corredor me deixando sozinha. Eu deslizei a porta sendo recebida pelo som incessante do bipe, eu limpei meu pé no tapete e fechei a porta atrás de mim. Levei as flores até a mesa ao lado da cama do paciente, tirei as mortas da minha última visita a jogando no lixo. Respirei fundo puxando a cortina e abrindo a janela para observar a rua, a cidade não parava.

- O mundo continua e parece que essa sala parou no tempo não é? -Falei sozinha, ouvindo o bipe como a resposta, me virei.

O rapaz jazia ali sereno, sua pele negra passava a entrar em contraste com as madeixas negras que aos poucos passavam a se tornar brancas, o tubo conectado a máscara trazia o ar até seus pulmões, que subiam e desciam no ritmo da maquina. Eu caminhei ate ele puxando o lençol para o cobrir.

- Parece que vai chover em breve, eu sei que você gosta do som da chuva. -Disse enquanto arrumava a almofada atrás da cabeça dele. -Ultimamente as coisas no escritório tem sido muito agitadas, Phoenix ainda tem dificuldade com aqueles livros complicados mas o primeiro julgamento dele foi um sucesso. Ele me lembra você, uma mente genial e criativa... mas ainda falta muita experiência... 

Toquei sobre sua testa com carinho, tirando com cuidado os fios. Enfim puxei a cadeira e respirei fundo, o cheiro do hospital entrando em minhas narinas. Eu ergui minha mão até a dele, a segurando com força, acariciando com a minha livre... a pele dele era quente, e eu traçava suas veias com cuidado.

- Maya veio me visitar ontem, ela está crescendo tanto, tenho certeza que vai ficar linda em breve... nos duas assistimos uma temporada daquele desenho que ela gosta, é bem colorido. -Eu observei a televisão. -Você iria gostar.

Mas o silêncio da sala passou a cortar meu coração, palavras machucam, mas a ausência delas causa um estrago pior. Eu fechei meus olhos.

A primeira vez que Diego alcançou a minha mão, estávamos nos entregando um ao outro. De início aquela ação me deixou desconfortável, mas logo passou a se tornar um hábito, eu aguardava ele alcançar a minha mão. Até passei a procurar pela dele, fosse no meio de um dos julgamentos dele ou nas tardes livres no escritório.

Agora sua mão descansava incapaz de segurar a minha... um advogado não chora até tudo estar acabado, eu engoli minhas lágrimas as secando, a esperança de que Diego mostrasse alguma reação com minha presença, mas a sala ainda estava silenciosa, nenhum riso alto, nenhuma cantada de mal gosto, nenhum... som.

- E-eu tomei aquela mistura de café do seu caderno, eu odiei. -Neguei dando risada, esta suave e afetuosa risada, observei sua expressão fria, vazia. Mordi meu lábio inferior quando as lágrimas passaram a escorrer pelas minhas bochechas, eu inclinei meu rosto e beijei sua testa. -Não se preucupe, o julgamento contra Blanco Redd está chegando... vou ligar para a maya amanhã para que ela segure a lista e assim eu poderei vingar oque ele fez com a minha mãe.

O dia das bruxas, é o dia em que os espíritos vagam com sua energia fortificada... preso em uma cama graças ao veneno de uma rosa. Esse é o verdadeiro pesadelo, e já fazem três anos... eu puxei sua mão, e a beijei levemente, a expectativa de que um beijo de amor verdadeiro o acordasse continuou sobre meu coração.

Deus que ele acordasse, que minhas preces fossem atendidas e que uma enfermeira caminhasse por aquela porta não com a intenção de desligar os aparelhos, mas sim para tira-los. Que eu pudesse acompanhar a reabilitação de seus movimentos, que eu pudesse servir uma daquelas misturas ridículas que ele tanto amava e que pudéssemos tomar juntos.

mas quando a mão desceu até o colchão sem qualquer reação... eu percebi. O mundo é cruel. E...

Milagres não acontecem.

Turnabout DestiniesOnde histórias criam vida. Descubra agora