[...]
O caminho não foi tão longo, confesso, mas o silêncio que havia dentro daquele carro, se tornava ensurdecedor á cada quilômetro percorrido; com a cabeça repousada no vidro daquela janela, meus pensamentos me consumiam, minha mente estava á mil.
- Chegamos. - Ouso a voz da árabe, me fazendo sair daquele transe.
Ainda dentro do carro, tento observar o máximo que consigo daquele lugar, mas podia facilmente dizer que nunca estive aqui.
~ Onde estamos? - Questiono.
- Relaxa loira, não confia em mim?
~ Para ser sincera... - Digo, e vendo a mais velha bufar, acabo sorrindo involuntariamente.
Não demora muito para que saíssemos de dentro daquele carro, e em poucos passos, finalmente, conseguíamos ver oque tinha por trás de toda aquela neblina que antes nos consumia.
É quando meu olhar cai sobre as muitas luzes que víamos de cima; Poderia dizer, que aquele lugar, era um dos mais encantadores que já vi.
~ Uau... Zulema, isso é... - Digo, e não escondo meu entusiasmo ao observar aquela vista.
- Marrocos é ainda mais encantador pela noite. - Ouso a mesma dizer, se aproximando, mantendo suas mãos no bolso de seu moletom.
E de fato, nunca havia parado para explorar algo por aqui, já que nossa vida não era o que eu imaginava viver. Digo, tudo isso estava longe de ser a liberdade perfeita, a qual eu fantasiava todos os dias quando ainda estava na cadeia; Sim, estávamos livres, mas ao mesmo tempo, me sentia mais presa do que nunca.
Logo, nos sentamos sobre a beira daquele barranco, o qual conseguíamos ter uma visão ampla de toda cidade por cima, e ali permanecemos em silêncio, mas agora, me sentia de certa forma aliviada, aquele lugar havia me trago paz, talvez isso era oque eu precisava, e zulema sabia disso. Me lembro ainda no trailer, quando, apreciar a noite sob o teto do automóvel, era meu passatempo preferido.
[...]
~ Porque me trouxe até aqui? - Digo após um certo tempo em completo silêncio, apenas ouvindo o barulho dos muitos carros que passavam lá em baixo.
Digo, e de início, nada ouso de Zulema, que permanecia tragando seu cigarro, com sua visão virada aos próprios pés; até que, após um longo suspiro, finalmente ouso algo vindo da mesma.
- Karim costumava me dizer, que o medo, é nosso pior inimigo, e que... Os que vivem com medo de viver, na verdade, já estão mortos por dentro. - Ouso sua voz soar como um desabafo, oque me gera um tremor interno. - E, depois que começamos a conviver juntas, morar juntas... O medo tem se tornado parte de mim, o medo de viver intensamente, transparecer meus sentimentos, tudo. - Ela dizia por fim, após um longo suspiro.
~ Zulema... - Digo, mas logo sou interrompida pela mesma, que dá continuidade em suas palavras.
- É só que... Por todo esse tempo, eu vivi me escondendo, de tudo e de todos, mas agora, sinto que não devo mais fazer isso. - Ela diz, e logo seus olhos se encontravam diante os meus, me causando calafrios por todo corpo.
~ Oque você quer me dizer com tudo isso? - Digo, e vejo a mesma respirar fundo.
Logo, em uma ação totalmente inesperada, vejo Zulema se aproximar do meu rosto lentamente, e sinto sua mão pousar em meu pescoço, oque me causa arrepios.
~ Zulema... - Digo, e logo fecho meus olhos ao sentir seu dedo indicador sobre meus lábios, e sua voz soar quase como um sussurro.
- Xii... - Ouso sua voz arrastada, soar próximo ao meu ouvido.
Naquele momento, senti sensações que nunca imaginei sentir estando diante a Zulema, sensações a qual eu não sabia que precisava sentir, até sentir-las. Não entendia o porque a mesma escolheu esse momento para fazer isso, para dizer essas coisas, estava tudo muito confuso dentro de mim, principalmente o coração.
Saio de meus pensamentos, quando sinto seus dedos contornarem meus lábios, me fazendo engolir seco.
E finalmente nosso jogo de olhares se cessa, quando sinto nossos lábios se conectarem, oque me causa inúmeras sensações, sendo uma delas, alívio.
Iniciamos um beijo calmo, nossas bocas se sincronizavam de uma forma a qual me fazia questionar o porque nunca fizemos isso antes; nossas línguas disputavam espaço, leves mordidas eram depositadas em meu lábio inferior, oque me fazia suspirar entridentes. Sinto sua mão descer até minha cintura, me levando mais para si. A cada minuto que se passava, aquilo se tornava cada vez mais intenso, um calor tomava meu peito, a sensação de finalmente estar fazendo algo que por muito tempo desejei, era inexplicável, e sinto que com Zulema não era diferente.
Me sentia acolhida em seus braços, e um simples beijo me fez esquecer tudo oque havia acontecido anteriormente, e só oque eu conseguia pensar, era em quando isso iria terminar, pois minha vontade, era de que não acabasse nunca.
Saio do transe quando sinto Zulema se afastar lentamente, cessando o beijo, me fazendo soltar um suspiro de frustração pelo ato.
Não digo nada á ela, por mais que eu tivesse muito oque falar, não consigo dizer nada, apenas observo seus olhos por um estante, antes de realmente voltar á realidade, a qual eu não queria retornar.
Desviamos nossos olhares quando vejo a mesma retirar algo dos bolsos, oque me parecia ser uma pequena caixa.
- Isso, é para você... Para que se lembre de mim. - Ela diz, e logo me entrega a pequena caixa, e junto a ela, as chaves do carro que nos trouxe aqui.
~ Zulema, oque está acontecendo? - Questiono, pois tudo isso ainda estava de certa forma confuso para mim. - Você nunca foi de me dar presentes. - Completo, observando a expressão da árabe, que apenas fechava seus olhos e suspirava.
- Eu queria te dar algo, antes de ir. - Ouso sua voz, fazendo meu coração gelar por completo.
~ Como assim "ir"? - Questiono enfatizando as aspas, e vejo a mais velha morder o lábio inferior.
- Quero que você cuide do seu filho, mas faça isso longe de mim. Era oque queria desde o início, não?
~ Oque está dizendo? Estamos juntas nessa, não era esse o acordo? Até que a morte nos separe, não se lembra? - Digo, e vejo a mesma respirar fundo, pela inúmera vez nessa noite.
- As coisas mudaram, quero que viva sua vida da forma que merece. Te devo isso. - Ela diz por fim.
~ Zulema, eu não... - Inicio minhas palavras, mas travo; não conseguia lhe dizer que meus planos agora, eram outros, não queria que fosse embora, queria viver minha vida ao seu lado, havia aprendido a conviver com Zulema, e agora, não conseguiria dizer adeus. Mas admitir isso, era muito difícil para mim, não conseguia lhe dizer metade de meus sentimentos olhando em seus olhos, então acabei não lhe dizendo coisas, que talvez eu nunca mais teria a chance de dizer.
- Fique bem rúbia, você não está mais sozinha. - Ela dizia por fim, se levantando, e jogando seu olhar uma última vez sobre o meu, trajava a toca de seu moletom, e assim se distanciava de onde estávamos, sem olhar para trás.
Permaneço aqui, pensando que talvez esse fosse o certo a se fazer, mas juntamente o pensamento de que eu precisava dela, precisava viver ao seu lado, vinha á minha mente, me fazendo questionar, se seguir meu coração realmente fosse o certo.
Sinto algumas lágrimas rolarem sobre meu rosto, e neste momento, tomo a consciência de que agora, estava sozinha, a única pessoa que eu ainda tinha ao lado, havia acabado de ir embora, e eu não havia feito nada para impedir isso.
Autora On
Mais um capitulo para vocês, espero que gostem, não se esqueçam de votar e deixar seus feedback's, isso me incentiva muito a continuar. (:
Estou com um cronograma agora, então o próximo capítulo sairá muito provavelmente amanhã.
Até o próximo....
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~ El Oásis 6° temporada~
Ação{2° temporada em produção} E se Macarena não estivesse entrado no helicóptero sozinha? Se zulema não se rendesse aos mexicanos? Resolvi fazer uma continuação do final um tanto quanto inesperado de el oasis. Traduzindo: Resolvi tentar salvar a sér...