CAPÍTULO 11

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Sobre o magistrado Sr. Fang e uma mostra de seu modo de aplicar a justiça

O crime fora praticado perto de uma delegacia muito conhecida. Havia um pequeno pátio onde o policial entrou com Oliver, e ali estava um homem robusto com um molho de chaves na mão.

– O que temos agora?

– Um ladrãozinho – respondeu o policial.

– O senhor é quem foi roubado? – perguntou o homem das chaves.

– Sim, sou eu – respondeu o cavalheiro. – Mas não estou certo de que é esse o garoto e prefiro não prestar queixa.

– Agora tem que ser perante o magistrado, senhor – falou o homem. – Sua excelência estará disponível em meio minuto. Venha, jovem candidato à forca!

Isso era um convite para que Oliver entrasse numa cela, onde foi revistado e nada foi achado com ele.

O cavalheiro parecia quase tão triste quanto o garoto. Olhou para o livro que tinha sido a causa de toda essa confusão.

– Há algo no rosto do menino – pensou alto. – Algo que me intriga. Será inocente? Ele parecia... meu Deus. Onde já vi aquele olhar?

Depois de pensar por alguns minutos, o cavalheiro andou até uma antessala que se abria para o pátio e ali, se recolhendo em um canto, buscou em sua mente por rostos que os anos o fizeram conhecer.

– Não, só pode ser imaginação.

O cavalheiro não conseguia lembrar-se de ninguém que tivesse os traços de Oliver.

Sentiu um toque no ombro. O homem das chaves o chamava a comparecer perante a imponente presença do renomado Sr. Fang, um homem severo de rosto sério.

Era uma sala grande, e o Sr. Fang sentava-se atrás de um púlpito na parte superior, ao lado de uma espécie de cercado, onde o pobre Oliver já estava tremendo de terror.

O cavalheiro inclinou-se respeitosamente e, avançando sobre a mesa do magistrado, disse:

– Este é o meu nome e endereço, senhor.

Então deu um passo ou dois para trás educadamente, esperando ser interrogado.

Acontece que o Sr. Fang estava lendo um artigo no jornal da manhã que alertava sobre alguma recente decisão sua. Ficara irritado e olhou para cima com raiva.

– Quem é você? – perguntou.

O cavalheiro apontou, com surpresa, seu cartão.

– Oficial! – falou o Sr. Fang, jogando o cartão e o jornal para longe com desprezo. – Quem é esse camarada?

– Meu nome, senhor – respondeu o homem –, é Brownlow. Permita-me perguntar o nome do magistrado que insulta gratuitamente uma pessoa respeitável, sob a proteção da lei.

– Oficial! – falou o Sr. Fang. – Do que ele é acusado?

– Não é acusado, excelência. É o queixoso contra este menino.

Sua excelência sabia disso, mas era uma forma de aborrecer o homem.

– Queixoso contra o menino, não é? – disse examinando o Sr. Brownlow. – Que preste juramento!

– Antes de prestar juramento, peço licença para dizer uma palavra. É que na verdade eu nunca teria acreditado...

– Cale-se, senhor! – ordenou o juiz.

– Não, senhor! – respondeu o cavalheiro.

– Como ousa desafiar um magistrado? – disse o Sr. Fang.

Oliver Twist (1838)Onde histórias criam vida. Descubra agora