CAPÍTULO 21

114 9 1
                                    

A expedição

A manhã estava sombria. A noite fora muito úmida: havia grandes poças de água na rua e os canais transbordavam. As janelas das casas estavam fechadas, e as vias por onde passavam eram silenciosas e vazias.

Quando viraram na Bethnal Green Road, o dia mal começava a nascer. Algumas poucas carroças labutavam em direção a Londres. Aqui e ali, uma diligência passava rapidamente. Aos poucos, as lojas começaram a abrir e grupos de operários seguiam para o trabalho. Conforme se aproximavam da cidade, o barulho e o tráfego gradualmente aumentavam.

Chegaram a Smithfield. Era manhã de mercado. Puxando Oliver, o Sr. Sikes acotovelou-se pela densidade da multidão até que se livraram do tumulto e tomaram caminho pela Hosier Lane, em Holborn.

Mantiveram o curso nesse ritmo até passarem a esquina do Hyde Park e se colocarem a caminho de Kensington, quando Sikes relaxou o passo até que uma pequena carroça vazia se aproximasse. Vendo Hounslow escrito na lateral, perguntou ao condutor se lhes poderia dar uma carona até Isleworth.

– Subam – respondeu o homem. – É seu garoto?

– Sim, é meu garoto – respondeu Sikes olhando duro para Oliver.

Finalmente, chegaram a um estabelecimento chamado Coach and Horses. Um pouco além, outra estrada parecia seguir. E ali a carroça parou.

Sikes desceu rapidamente e, segurando a mão de Oliver o tempo todo, tirou-o da carroça.

– Adeus, garoto – disse o homem. – Está um belo dia. – E foi em frente.

Sikes esperou até que estivesse longe, e mais uma vez retomaram a jornada.

Demoraram pelos campos algumas horas. Finalmente, entrando em uma taverna com um letreiro desfigurado, pediram o jantar. O Sr. Sikes bebeu três ou quatro garrafas de cerveja, e Oliver adormeceu de cansaço.

Estava bem escuro quando foi acordado por Sikes, que estava em uma conversa amigável com um trabalhador.

– Então, está indo para Lower Halliford, não é? Poderia dar uma carona para mim e meu garoto? – perguntou Sikes colocando uma cerveja na frente de seu novo amigo.

– Se estiverem indo agora, eu posso – respondeu o homem.

O cavalo, cujo dono bebera a cerveja, estava do lado de fora, devidamente atrelado à carroça. Oliver e Sikes subiram sem a menor cerimônia, e o dono, que demorou um minuto ou dois para "se aliviar", também subiu.

Quando passaram pela Igreja de Sunbury, o relógio bateu sete horas. E duas ou três milhas depois, a carroça parou. Os dois desceram e, mais uma vez, seguiram andando, até avistarem as luzes de uma cidade não muito longe. Pararam em frente a uma casa isolada e em ruínas. Sikes, ainda segurando a mão de Oliver, aproximou-se com cuidado da entrada e levantou o trinco. A porta rangeu e eles entraram.

Oliver Twist (1838)Onde histórias criam vida. Descubra agora