Envolve uma situação crítica
– Quem está aí? – perguntou Brittles, sem tirar a corrente da porta e espiando com uma vela na mão.
– São os oficiais da Bow Street – respondeu o homem lá fora.
Reconfortado com a afirmação, Brittles abriu a porta e viu um portentoso homem, que entrou sem falar nada mais e limpou os sapatos no capacho, tão íntimo como se morasse ali.
– Poderia mandar alguém para ajudar meu companheiro, meu jovem? – falou o oficial. – Tem uma cocheira aqui onde possa pôr os cavalos por cinco ou dez minutos?
Brittles respondeu afirmativamente e, apontando para fora do prédio, o homem voltou e ajudou o companheiro a liberar o cavalo. Isso feito, entraram na casa e foram levados para a sala.
– Pode dizer ao seu patrão que Blathers e Duff estão aqui, por favor? – falou o homem. – Oh! Boa noite, senhor. Posso ter uma ou duas palavras com o senhor em particular, por favor?
Essas palavras foram ditas ao Sr. Losberne. Então, fazendo sinal para Brittles sair, trouxe as duas senhoras e fechou a porta.
– Esta é a senhora da casa – falou o Sr. Losberne indicando a Sra. Maylie.
O Sr. Blathers fez uma reverência.
– Então, sobre o roubo que aconteceu, patrão – falou Blathers –, quais foram as circunstâncias?
O Sr. Losberne, que parecia querer ganhar tempo, recontou longamente e com detalhes o ocorrido. O Srs. Blaters e Duff olhavam parecendo muito conhecedores e, ocasionalmente, faziam um gesto com a cabeça.
– Não posso afirmar nada até ver o local, é claro – falou Blathers –, mas a minha opinião, em um primeiro momento, é que não foi trabalho de um caipira, não é, Duff?
– Certamente que não – respondeu Duff.
– E, traduzindo a palavra caipira para a compreensão das senhoras, entendo que quer dizer que não foi um camponês? – falou o Sr. Losberne com um sorriso.
– É isso, patrão. E sobre esse garoto que os serviçais dizem que está aqui? – perguntou Blathers.
– Não há nada – falou o doutor. – Um dos serviçais assustado colocou na cabeça que ele tinha algo a ver com a tentativa de invasão, mas é bobagem.
– Será fácil resolver, se for – observou Duff.
– O que ele diz é fato – observou Blathers. – Quem é o menino? Qual a história dele? De onde veio? Ele não caiu das nuvens, não é, patrão?
– Claro que não – respondeu o doutor olhando nervosamente para as duas senhoras. – Conheço toda a sua história, mas podemos falar sobre isso depois. Primeiro gostariam de ver o lugar onde os ladrões fizeram sua tentativa, eu suponho?
– Certamente – concordou o Sr. Blathers. – É melhor inspecionarmos o lugar primeiro e depois conversarmos com os serviçais. É o procedimento usual.
Luzes foram providenciadas, e os Srs. Blathers e Duff, assistidos pelo policial local, Brittles, Giles e, em resumo, todo o resto, foram para a pequena sala ao final do corredor, olharam para fora pela janela e examinaram todos os detalhes, além de ouvirem os Srs. Giles e Brittles relatarem diversas vezes o ocorrido.
Enquanto isso, o doutor andava para cima e para baixo na sala ao lado de forma muito preocupada, e Sra. Maylie e Rose olhavam assustadas.
– Dou minha palavra – ele disse –, não sei o que fazer.