Monks e o Sr. Brownlow finalmente se encontram: a conversa e a informação que a interrompeu
O crepúsculo findava quando o Sr. Brownlow desceu de uma carruagem em frente à sua casa. Dois grandes homens desceram e se postaram de cada lado dos degraus. Com um sinal do cavalheiro, eles ajudaram um terceiro homem a sair e, levando-o entre eles, entraram rapidamente. Era Monks.
Subiram as escadas e foram para um quarto nos fundos. Na porta desse cômodo, Monks, que havia subido com muita relutância, parou. Os dois homens olharam para o cavalheiro aguardando instruções.
– Ele sabe a alternativa – disse. – Se hesitar ou mover um dedo, joguem-no na rua, chamem a polícia e o acusem de crime em meu nome.
– Como ousa falar assim de mim? – perguntou Monks.
– É louco o suficiente para sair? – respondeu o Sr. Brownlow confrontando-o com um olhar sério. – Larguem-no. Aí está. É livre para ir, e nós para o seguirmos. Mas aviso-lhe, em nome de tudo o que me é mais caro e sagrado, no mesmo instante, será preso acusado de fraude e roubo!
– Com que autoridade fui trazido aqui?
– Com a minha – respondeu o Sr. Brownlow. – Se reclama, repito, coloque-se sob proteção da lei. Apelarei para a lei também. E não diga que eu o joguei no abismo para onde você mesmo correu.
Monks estava claramente assustado. Hesitou.
– Você decidirá – falou o Sr. Brownlow com firmeza e compostura. – Se deseja que eu o acuse publicamente e entregue a uma punição que, embora possa prever, não posso controlar, conhece o caminho. Mas, se deseja apelar para a minha paciência, sente-se sem dizer uma palavra.
Monks murmurou alguma coisa, mas ainda vacilou.
– Seja rápido – falou o Sr. Brownlow.
O homem ainda hesitou.
– Não há... – perguntou Monks gaguejando – não há... uma terceira alternativa?
– Não.
Monks olhou para o cavalheiro com um jeito aflito, mas percebendo apenas severidade e determinação, entrou no quarto e sentou-se.
– Tranquem a porta por fora – disse o Sr. Brownlow aos empregados – e entrem quando eu tocar o sino.
Os homens obedeceram, e os dois ficaram sozinhos.
– Que belo tratamento, senhor – falou Monks –, do melhor amigo de meu pai.
– Exatamente por ter sido o melhor amigo de seu pai, jovem – retrucou o Sr. Brownlow. – Por causa das esperanças da juventude que compartilhei com ele e com a irmã, que Deus levou ainda jovem e que me deixou aqui solitário. É por causa dele que trato-lhe gentilmente agora. Sim, Edward Leeford. E me envergonho da sua indignidade em usar esse nome.
– O que tem o nome a ver com isso? – perguntou o outro. – O que é o nome para mim?
– Nada para você – respondeu o Sr. Brownlow. – E fico feliz que tenha trocado de nome. Muito.
– Mas o que quer comigo?
– Você tem um irmão – falou o cavalheiro levantando-se – cujo nome que lhe sussurrei ao ouvido na rua foi o suficiente para fazê-lo vir até aqui comigo surpreso e assustado.
– Sabe que sou filho único!
– Sei que, do casamento infeliz que o orgulho e a mais sórdida ambição da família impuseram ao seu pai quando era apenas um garoto, você foi o único resultado desnaturado.