Um misterioso personagem aparece e muitas coisas, imprescindíveis, acontecem
O velho chegou até a esquina antes de começar a se recuperar do efeito da informação de Toby Crackit. Não diminuiu o passo e, evitando as ruas principais, chegou a Snow Hill.
Entrou num beco estreito e escuro, onde os comerciantes compravam a mercadoria dos ladrões. Era bem conhecido dos frequentadores do espaço e parou para falar com um vendedor que fumava cachimbo na porta de sua loja.
– Ora! Ver você, Sr. Fagin, é a cura para os meus olhos!
– A vizinhança estava quente demais, Lively – respondeu Fagin.
– Ouvi essa reclamação – disse o comerciante –, mas logo esfria, não acha?
Fagin apontou na direção de Saffron Hill e perguntou se alguém estava lá.
– No Cripples? – perguntou o homem. – Deixe-me ver. Não acho que seu amigo esteja lá.
– Sikes não está, eu suponho – perguntou Fagin desapontado.
– Como dizem os advogados: non istwentus11 – respondeu o homem. – Tem algo na minha linha?
– Hoje não – respondeu Fagin indo embora.
O Three Cripples, ou apenas, Cripples, como era conhecido por seus clientes, é a taverna onde o Sr. Sikes e seu cachorro já estiveram em um capítulo anterior. Fazendo um sinal para o homem do bar, Fagin subiu, abriu a porta de uma sala e olhou para dentro como se estivesse à procura de alguém.
O lugar estava repleto de fumaça de tabaco e era quase impossível discernir alguma coisa. Fagin buscava ansiosamente, de rosto em rosto, até que conseguiu olhar nos olhos do homem que ocupava a cadeira na ponta da mesa. Acenou-lhe ligeiramente e saiu da sala.
– O que posso fazer por você, Sr. Fagin? – perguntou o homem que o havia seguido.
– Ele está aqui?
– Não – respondeu o homem.
– E notícias de Barney? – falou Fagin.
– Ele não vai aparecer até tudo estar tranquilo – informou o proprietário do Cripples. – Tenho certeza de que vai cuidar disso do jeito certo.
– Ele estará aqui hoje? – perguntou Fagin, enfatizando o pronome.
– Monks? – quis saber o senhorio hesitante. – Claro. Deve chegar a qualquer momento. Se esperar dez minutos, ele...
– Não, não – disse o velho. Embora desejasse ver a pessoa em questão, estava aliviado por sua ausência. – Diga-lhe que eu vim vê-lo e que precisa ir me encontrar amanhã.
O senhorio voltou aos seus convidados. E Fagin foi para Bethnal Green, onde ficava a residência de Sikes.
– Agora – murmurou Fagin –, se estão tramando alguma coisa, vou descobrir.
Fagin subiu as escadas silenciosamente e entrou sem bater. Nancy estava sozinha, com a cabeça sobre a mesa e o cabelo solto.
– Andou bebendo – pensou o Judeu.
O velho fechou a porta, e o barulho fez a garota levantar. Olhou para ele, enquanto perguntava sobre a versão de Toby Crackit. Quando terminou, ela mergulhou na postura anterior, mas não disse uma palavra.
Durante o silêncio, Fagin examinou atentamente o quarto, buscando sinais do retorno de Sikes.
– E onde você acha que Bill está agora, minha querida?