Capítulo 35.

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Minha cabeça latejava e eu estava zonza. Meu estômago tinha embrulhado no momento em que eu abri os olhos. Nem mesmo me esforcei em sentar, já que isso ia piorar minha  tontura. 

Já faziam uns dois dias que Edward tinha me tirado daquele Galpão vazio e abandonado e me trazido para a casa de um amigo. 

Eu tinha dado sorte de ter uma menina que trabalhasse lá e tivesse ficado horrorizada de ver o estado em que eu me encontrava. 

Em um momento de distração, onde a jovem, que descobri se chamar Stephany, tinha levado um prato de comida para mim, sussurrei para ela passar um recado para Sam. 

Stephany anotou o numerode telefone de Sam e prometeu que ia ligar para ele e pedir ajuda. 

Eu esperava que ela não tivesse mentido ou, ao menos, que Sam tivesse acreditado nela. 

Passei a mão pela minha barriga. Eu não estaria com um medo tão grande ou me submetendo a ficar presa pela perna naquela cama, no fundo de um porão, se eu não tivesse um bebê dentro de mim. 

Me peguei pensando como estaria Sam. Ou o que ele estaria fazendo naquele momento. Talvez, fosse a gravidez ou a situação. Mas eu sentia falta dele. 

Sentia falta de Sam me acordando com café na cama, implicando com as roupas que eu vestia, ou com o jeito que eu falava. Sentia falta dele discutindo comigo para ver quem ia lavar a louça ou varrer o chão. 

Sentia falta, principalmente, de dormir e acordar nos braços dele, sentir os beijos, o carinho, o amor... 

Torci para ele estar bem e rezei, em silêncio, para qualquer deus existente, que me permitisse ver Sam novamente. 

Me ajeitei na cama, tentando, ao menos, sentar. Eu continuava tonta e sabia que era por causa do sonífero que Edward colocava no meu suco. Eu sentia o pózinho quando bebia, mas não podia fazer nada. 

Edward ficava parado, na minha frente, com uma arma em punho, prestando total e completa atenção em mim. 

Notei que comecei a chorar, mesmo que eu não quisesse. Eu estava esgotada. 

Foquei no fato de que, ao menos, minha mãe e Elena estavam salvas! Eu faria tudo de novo por elas. Não me arrependia de nada, mesmo apreensiva. 

Desisti de sentar e voltei a deitar. Agarrei o pequeno travesseiro embaixo da minha cabeça e fiquei quieta. 

Se eu tinha acordado, então significava que o efeito do sonífero estava passando. E se estava passando, daqui a pouco, Edward permitiria que Stephany viesse me servir o almoço e entraria, me observando, até que eu tivesse comido e bebido tudo. 

Se ao menos, ele não tomasse o cuidado de colocar tudo em pratos e talheres de plástico... 

Suspirei. E fechei os olhos. Talvez, se eu continuasse tentando fingir dormir, ele achasse mesmo que eu estava dormindo e não me forçasse a comer. 

Mas aí, eu ficaria mais vinte e quatro horas sem comer ou beber absolutamente nada. 

Mesmo assim, assim que ouvi o ferro da porta destrancar, preferi fechar mais meus olhos, focar na minha respiração, me agarrar no travesseiro e continuar fingindo que estava dormindo. 

A porta abriu. Devagar. Eu estava virada de frente para a parede. Ouvi apenas passos chegando próximos à cama. Percebi que não havia cheiro de comida no ar. 

-Princesa... 

Meu coração deu um pulo e eu me virei de uma vez, quase caindo da cama estreita. Sam estava ajoelhado na minha frente. 

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