Amor e alma

17- Um maravilhoso sonho

     Após os segundos de silêncio, Artie decidiu dizer algo. Ele não sabia bem o que dizer então preferiu apenas resumir o que ele achou.

— Esse trecho... Ele foi tão bonito! A maneira como você leu também. Com certeza não teria a mesma emoção se eu tivesse lido sozinho.

— Eu também gostei desse trecho... — Respondeu Bill desviando o olhar.

    Antes que eles pudessem começar outro capítulo, tia Gomercinda apareceu na porta.

— Meninos! Venham comer um lanche. Não faz bem estudar sem pausas.

   Artie e Bill se levantaram do gramado e entraram na cozinha. Eles se sentaram a mesa onde estava a deliciosa torta de maçã que tia Gomercinda havia feito para eles. Os três começaram a comer.

— Eu espero que você goste da torta, Bill. —Disse tia Gomercinda.

— Eu nunca achei que algo feito com maçãs pudesse ficar tão bom! — Disse Bill após dar a primeira mordida em seu pedaço de torta. 

— Oh, obrigada, querido. Fico Feliz que tenha gostado. — Tia Gomercinda agradeceu.

— Você quis dizer que nunca pensou que algo saudável e natural pudesse ser tão gostoso, não é? — Brincou Artie.

— Acho que sim. — Bill sorriu. — Está muito bom. Aqui nessa torta tem mais alguma coisa "saudável" além da maçã?

— Tem canela. A tia Gomercinda sempre diz que faz bem e que maçã e canela formam um ótimo par.

— Assim como você e eu? — Bill perguntou.

   Artie quase engasgou e sua tia olhou para ele com preocupação.

— C-como assim? — Perguntou Artie que já estava extremamente corado.

   Bill era do tipo de pessoa que não pensava antes de falar. Ele normalmente só refletia sobre suas palavras depois de já tê-las dito. Essa é uma das várias vezes em que ele percebeu que disse algo constrangedor.

— Ah... Eu só quis dizer que nós formamos uma boa dupla porque lemos muito bem juntos. Só isso... — Bill tentou explicar.

— E-Eu acho que sim. — Artie ainda estava constrangido.

— Artie, você está bem? — Perguntou tia Gomercinda.

— Sim, tia. — Ele respondeu sorrindo para ela.

   Bill já havia terminado de comer seu pedaço de torta e decidiu que era hora de ir embora.

— Bem, eu acho que é melhor eu ir agora. — Ele se retirou da mesa.

— Tudo bem. Nós podemos continuar amanhã. — Respondeu Artie se olhar direto para ele.

— Artie, acompanhe o seu amigo até a porta. — Pediu Tia Gomercinda.

   Eles foram até a porta.

— Então, você pode vir depois da escola de novo para continuarmos a leitura?

— Claro! Até amanhã então.

— Até amanhã.

   Depois que Bill partiu, Artie estava tão pensativo e confuso que não quis ao menos terminar seu pedaço de torta então ele deu para Triskle.

— Tia, eu vou subir agora.

— Está bem. Se precisar de alguma coisa me chame.

— Certo. — Artie disse e depois subiu as escadas em direção ao quarto.

— De fato, eles são muito adoráveis juntos. — Tia Gomercinda disse para si mesma.

   Naquela noite, Artie começou a sonhar. Neste sonho, ele estava em uma janela alta e repleta de flores. Lá em baixo Bill, vestido como um príncipe, começou a falar.

— Qual é a luz que brilha através daquela janela? É o oriente, e Artie é o Sol. Ergue-te, ó Sol resplandecente, e mata a Lua invejosa, que já está fraca e pálida de dor ao ver que tu, és muito mais belo do que ela própria. — Bill dizia enquanto de ajoelhava diante da janela. — Oh, se os seus olhos estivessem no firmamento e as estrelas no seu rosto! O esplendor da sua face envergonharia as estrelas do mesmo modo que a luz do dia faria envergonhar uma lâmpada. Se os seus olhos estivessem no céu, lançariam, através das regiões etéreas, raios de tal esplendor que os pássaros cantariam esquecendo que era noite. Vêde como ele apoia a cabeça em suas mãos! Oh, quem me dera ser a luva dessa mão para poder tocar o seu rosto! 

   Naquela manhã, Artie acordou já pensativo com o sonho que teve durante a noite. O que aquilo significava? Ele não sabia mas de qualquer forma ele havia gostado muito do sonho que tivera.