53- Errar é humano.

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   Carl ficou em silêncio por alguns segundos como se estivesse refletindo sobre o que acabara de ouvir.

— Então... O Artie é seu namorado?

— Sim. Eu amo o Artie. Sabe, a verdade é que a Mary gostava de mim, mas depois que ela descobriu que eu e o Artie estamos namorando, ela nos disse coisas horriveis e depois disso saiu da escola. Achei que seria  melhor eu mesmo contar para você antes que ela contasse. Eu espero... que isso não mude nada entre a gente.

— Eu... Eu não sei, Bill. Não sei o que dizer. Eu não esperava por isso.

— Então não vamos mais ser amigos? — Bill perguntou aflito.

— Não! Ah, quer dizer, nós nos conhecemos há tanto tempo, Bill. Acho que isso não é o suficiente para acabar com nossa amizade. Eu acho que só preciso pensar um pouco sobre isso e depois falar o que eu realmente penso.

— Tudo bem, eu entendo.

— Então eu te vejo amanhã. Tchau, Bill.

— Tchau, Carl.

      Depois que Carl foi embora, Bill telefonou para Artie.

— Alô?

— Oi, Artie. Você está bem? Você foi embora tão rápido. Ah, não se preocupe, eu já devolvi a revista para o Carl. Não precisa se importar mais com isso.

       Mesmo com Bill dizendo isso, Artie ainda se sentia um pouco incomodado, porém, ele não sabia como explicar.

— Tá bem. Eu acredito em você, Bill.

— Tenho uma coisa para contar.

— O que?

— Eu contei para o Carl sobre nós. Acho que ainda vamos continuar sendo amigos. Eu espero que nada mude.

— Você contou para ele?

— Sim. Nós havíamos combinado isso, certo?

— É que eu achei que fossemos fazer isso juntos... —Artie ficou desapontado.

— Puxa, eu contei para ele tão repentinamente que nem pensei nisso. Me desculpe, Artie. Eu não sabia que você queria que-

—Claro que você não sabia! Nós não conversamos direito sobre isso.— Artie se exaltou um pouco.

— Mas, Artie, você foi embora de repente. Mas antes de você ir, você havia concordado, lembra?

— Sim, mas eu não sabia que você pretendia contar sozinho.

— Eu não pretendia, Artie. Eu simplesmente disse. Eu não pensei muito bem antes disso.

— É que eu pensei que como isso envolve nosso relacionamento, nós iríamos contar juntos porque isso se trata de nós dois.
 
       Bill não entendeu muito bem o que Artie quis dizer com isso.

— Ah, Artie, não fique triste por causa disso. Já sei! Eu vou aí na sua casa.

— Acho melhor não. 

— Tem certeza?

— Sim.Tchau, Bill. Nos vemos outra hora. — Após dizer isso, Artie desligou o telefone.

      Bill ficou um pouco zangado, pois não conseguia entender o namorado. Enquanto isso, na casa de Artie,  tia Gomercinda percebeu que ele estava com problemas.

— O que foi, querido?

— É que eu acabei tendo um
desentendimento com o Bill. — Ele falou triste.

— Quer me contar o que aconteceu?

— Bem, acho que tudo começou quando um antigo amigo do Bill se mudou para cá.

— Ele fez algo para você?

— Não. Ele até parece ser legal. Acontece que o Bill tem passado muito tempo com ele. Inclusive, ele sempre me convidava quando eles iam fazer alguma coisa. Eu recusava porque eu sinto que não nada em comum com eles. Isso é muito estranho, porque só agora percebo que eu e Bill somos muito diferentes.

— Artie, você sabe que as pessoas são diferentes. Isso não impede você de se aproximar delas. Eu tenho certeza que se vocês pensarem bem, vão encontrar algo que os três gostem.
 
— Pode ser. Mas não é só isso. O Bill contou para o Carl que nós estamos namorando. Eu queria ter feito isso com ele.

— Entendo. Você tem o direito de ficar chateado, Artie, mas pense bem, o Bill não é perfeito. Você sabe que todos cometem erros. É impossível estar em um relacionamento e esperar que desentendimentos nunca aconteçam.

     Artie começou a pensar sobre isso.

—Além do mais, Artie, você só consegue resolver tudo com um bom diálogo. Você não pode guardar as coisas só para si. Se algo está te incomodando, você tem que dizer.

— Tem razão, tia. Eu preciso conversar com Bill sobre tudo.

— Agora já está um pouco tarde, querido. Amanhã é sábado e você vai ter muito tempo para resolver tudo.

    No dia seguinte, Bill estava tomando seu café da manhã e se questionando se seria uma boa idéia tentar falar com Artie. Logo quando ele terminou de comer, ele ouviu alguém bater na porta. Ele imaginou se poderia ser o Artie, mas abriu a porta e viu que era Carl.

— Oi, Bill. Podemos conversar?

— Claro. Pode entrar.

— Bill, eu pensei muito sobre o que você me disse. Eu confesso que no início, achei um pouco estranho. Acho que é porque eu nunca conheci alguém que namore uma pessoa do mesmo sexo.

— É, quando eu percebi que estava apaixonado pelo Artie, eu também achei estranho.

— Eu imagino. Mas, eu percebi que, apesar disso, você continua o mesmo. Isso não muda nada.

— Carl, eu estou muito feliz que você pense assim. Você está certo. Eu continuo o mesmo de sempre. A única diferença é que agora estou com o Artie.

— Você parece muito feliz com ele.

— Eu sou. Só é uma pena que ele esteja bravo comigo...

— Por que? Vocês brigaram?

— Acho que sim. Ele ficou triste porque eu contei que estávamos namorando. Quer dizer, nós já tínhamos combinado isso, mas ele queria que contássemos juntos.

— Entendo. Sabe, depois que você me contou, eu fiquei me perguntando se ele não estava com ciúmes.

— Ciúmes?

— É. Nós temos passado muito tempo juntos então eu imagino que você não tem ficado muito com ele. Se eu soubesse que vocês estavam namorando, eu não teria vindo aqui tantas vezes jogar vídeo game. Acho que isso acabou atrapalhando, não foi?

— Eu não tinha pensado nisso! Você tem razão. Eu não tenho ficado muito com o Artie. Agora é melhor eu ir falar com ele.

— Certo. Então eu já vou indo.

— Tchau e obrigado, Carl!

        Carl se foi e Bill se pôs a caminho da casa de Artie.




     

    



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