Amor e alma

27- Mary

     Bill foi chegou ao local marcado e não viu ninguém. Ele pensou que talvez ela não tivesse chegado ainda mas logo ouviu alguém gritando.

— Oh, meu Deus eu não acredito! Bill, você veio mesmo! — Ele olhou para trás e viu uma garota.

— Eu nem acredito que você está aqui! — Ela falou enquanto o abraçava.

     Bill estava um pouco assustado com tudo aquilo.

—  Você pode me soltar, por favor? — Ele pediu.

— Claro! É que eu não consigo acreditar que você está aqui na minha frente. Eu sonhei tanto com isso.

    A menina tinha longos cabelos castanhos escuros e olhos da mesma cor e ela também não era muito alta. Bill não conseguiu decidir se achava ela bonita ou não. Bom, talvez ela só não fosse tão bonita quanto Artie.

— Seria demais pedir para você começar apenas me dizendo o seu nome?

— É Mary. — A garota disse com um sorriso estampado no rosto.

— Olha, Mary, me desculpe mas eu não posso corresponder os seus sentimentos. — Ele disse tentando se lembrar das palavras que Artie havia dito.

— Eu entendo, você acaba de falar comigo pela primeira vez mas não se preocupe, nós ainda temos muito tempo para nos conhecermos melhor.

     Bill já estava ficando envergonhado e sem saber como agir.

— Mas... Eu não quero conhecer você. — Ele disse.

— Bill, eu estou apaixonada por você!

— Eu sei, mas você nem me conhece, como pode saber se gosta de mim de verdade?

— Por que eu sinto que você é o grande amor da minha vida! Por favor, fique comigo!

    Ela era tão desesperada quanto mostrava ser na carta.

— Eu já tenho alguém que amo! — Bill disse sem pensar.

— O que? Você está inventando.  Eu nunca vi você falando com nenhuma menina antes.

    Bill começou a ficar mais nervoso do que já estava.

— É, mas você nunca falou comigo e está apaixonada, não é?

— É diferente. A gente pode nunca ter se falado antes mas eu estou sempre  observando você. Já no seu caso, você nunca presta atenção em ninguém, você nem sabia qual era o meu nome. Você nunca olha para garota nenhuma.

     Bill não soube o que responder.

— Você está inventando isso porque acha que vai me fazer desistir de você!  — Ela disse exaltada.

— Você não sabe de nada. Bem, eu tenho que ir. Toma isso de volta.— Disse Bill devolvendo a carta. — Tchau. — Ele começou a andar.

     Mary estava sem chão. Era a primeira vez que alguém a rejeitava. Como esperado, ela não gostou disso.

— Qual é o problema dele? De qualquer maneira, ele vai ser meu. Não importa o que eu tenha que fazer. — Ela disse para si mesma.

    Enquanto Bill caminhava para se encontrar com Artie, ele pensou que aquela situação só lhe serviu para perceber que ele definitivamente não gostava de garotas.
    Ele logo avistou Artie, Robbie e Jacob.

— Bill! — Artie exclamou alegremente.

— Oi, Artie.

— Bill, quem é sua admiradora secreta?  — Perguntou Robbie muito curioso.

— Ah, é uma tal de "Mary". — Ele disse com desdém.

— Mary? Ah, sim, sei quem é. — Disse Artie.

— Não é aquela que já foi namorada todos os meninos da sala? — Disse Robbie. — Quer dizer com exceção de nós quatro.

— Sim, essa mesma. — Artie respondeu.

— É sério? Ela bem que me pareceu um pouco louca. — Disse Bill.

— Você fez bem de dizer não. Quem sabe assim ela perceba que o mundo não gira em torno dela. — Robbie falou.

— Deixa essa vadia para lá, Robbie, vamos embora logo. — Jacob estava impaciente.

— Tá. Tchau, até amanhã! — Ele se despediu de Artie e Bill que logo foram embora também.

    Quando estavam perto de ponto que se separavam, Artie resolver perguntar.

— Bill, o que a Mary disse quando você rejeitou ela?

— Ela disse que eu sou o grande amor da vida dela e que não vai desistir de mim.

— E você a respondeu com sensibilidade?

— Eu acho que sim mas ela continuou insistindo.

— Puxa vida. Ela não parece ter reagido bem.

— Eu não ligo. Eu sei que não quero nada com ela. — Respondeu Bill.

    Eles chegaram no ponto.

— Até amanhã, Bill.

    Bill olhou para Artie e sentiu seu coração transbordar. O amor não deu certo para os seus pais e nem mesmo para Romeu e Julieta. Mas talvez... Talvez dê certo para ele e Artie.
    Ele olhou para os lados para se certificar de que não havia ninguém por perto e tomou uma atitude inesperada. Ele deu um beijo na bochecha de Artie. Por mais que esse momento não tenha passado de um segundo, Bill teve a certeza de que foi o suficiente para ele nunca mais se esquecer da sensação de seus lábios tocando a pele macia de Artie.

— Vejo você  amanhã. — Ele disse indo embora rapidamente.

     "Eu não acredito que eu fiz isso!" Ele pensava enquanto andava. Artie por sua vez estava estático.Com a mão na bochecha que acabara de ser beijada por Bill. Ele não podia crer que aquilo havia acontecido de verdade. Foi como um sonho. Na verdade foi melhor do que qualquer sonho que ele já tivera. Ele foi para casa sorrindo. Ele não conseguia  descrever o quão feliz ele estava naquele momento.

— Oi, tia, já cheguei! — Disse ele abrindo a porta.

— Oi, Artie. Consigo sentir sua energia positiva daqui. Você está muito feliz, não é? — Tia Gomercinda perguntou.

— Sim! Estou muito feliz! — Ele disse a abraçando.

— Que bom que está tão contente, Artie. — Ela retribuiu o abraço. — A propósito, sábado é o seu aniversário, se lembra?

     Artie havia se esquecido disso.

— Nossa, é mesmo.

— Você vai querer que eu lhe faça o bolo de sempre?

    Tia Gomercinda sempre fazia um bolo de nozes no aniversário de Artie, pois era o seu favorito.

—Sim!

— Certo. E porque você não chama o Bill para comer com você?

    Artie achou uma boa idéia, afinal ele nunca teve um amigo para comemorar seu aniversário.

— Eu vou chamar.

— O que você acha de fazermos algo diferente dessa vez? Pode ser um piquenique no parque.

— Isso vai ser ainda mais legal! — Disse Artie entusiasmado. — Acho que o Bill também vai gostar.

     Artie ficou ansioso para que sábado chegasse logo. Ele subiu para seu quarto e ficou na janela observando as folhas como sempre fazia. Enquanto as observava, ele só conseguia pensar em Bill. Ele sentia que a bochecha que ele havia beijado estava quente. Ele também sentiu que aquilo significava que a relação deles estava prestes a evoluir cada vez mais.