Amor e alma

29- Bombons e espaguete

    Era uma tarde de sexta feira e Robbie estava na casa de Jacob. Os dois estavam deitados no chão do quarto.

— Jacob, você não acha que que deveríamos dar um presente para o Artie?

— Tanto faz. Eu nem quero ir nesse piquenique mesmo.

— Mas já que vamos, precisamos dar algo para ele.

— Que tal um vestido? O Bill vai adorar ver ele usando.— Ele disse ironicamente.

— Por mais que eu ache que provavelmente ele ficaria bem em um vestido, é melhor darmos algo mais discreto.— Disse Robbie no mesmo tom.

— O que você quis dizer com "ele ficaria bem em um vestido"? — Jacob perguntou um pouco alterado.

— Eu estou brincando. Você que começou com isso de vestido.

— Você sabe que eu não falei sério. E também eu acho que não temos dinheiro suficiente para comprar nada.

— Então vamos contar. — Disse Robbie se levantando e tirando dinheiro do bolso. — A minha mãe gastou a maior parte da pensão desse mês com antidepressivos então não sobrou muito.

      O pai de Robbie morreu quando ele tinha sete anos. Depois disso sua mãe entrou em uma depressão profunda, parou de trabalhar e começou a viver apenas da pensão que eles recebiam.

— Você sabe que meus pais estão desempregados. Bom, mais ou menos. Minha mãe está saindo com uns caras que dão dinheiro para ela. — Jacob disse.

— Ela voltou a sair com homens de novo?

— É, assim que o meu pai apaga, ela sai. Ela vai a noite e só volta de manhã sempre em um carro diferente.

— Então ela é tipo uma daquelas mulheres que ficam nas esquinas? — Perguntou Robbie.

— Você sabe que sim.

— Minha mãe disse que os homens pagam essas mulheres para fazerem "aquilo". — Robbie ficou meio embaraçado.

— Claro, para que mais seria?!

— Você fala como se entendesse muito sobre esses assuntos.

— Cala a boca! Nós não vamos sair para comprar um presente para o Artie?

— Você mudou de idéia tão rápido.

— Não é isso. Eu só não quero ficar aqui falando sobre a minha mãe. — Olha eu ainda tenho um pouco de dinheiro que ela me deu quando estava último emprego de verdade dela.— Disse Jacob pegando algumas notas.

— Legal. Agora nós podemos juntar tudo e comprar algo.

     Eles saíram do quarto. O pai de Jacob, como sempre, estava caído na sala com um monte de garrafas de cerveja em volta.

— Hoje ele apagou mais cedo. — Observou Robbie.

—Roger, aonde você está indo? — Perguntou a mãe de Jacob entrando na sala.

— É Jacob, mãe. — Ele a corrigiu.— Eu vou sair com o Robbie. Nós vamos comprar um presente de aniversário para um... amigo nosso.— Jacob hexitou um pouco ao pronunciar a palavra "amigo".

— Não sabia que você tinha outro amigo além do Robbie. Aliás, oi, Robbie, como está sua mãe?

— Ah, ela está como sempre. — Disse Robbie sentindo uma pontada de tristeza.

— Que pena. Diga a ela que eu mandei um "oi". Jacob, não chegue muito tarde, sabe que eu tenho compromisso a noite e não vou conseguir sair sem você ter voltado.