4 T/ Cap. 16 - Consequências

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A nave havia pousado em Nova York, depois de várias horas em voo. Meu irmão desceu atrás de mim juntamente com os outros. Todos estavam em um silêncio descomunal, eu não sabia o que dizer, o que falar, eu sentia... Durante a viagem tentei diversas formas meditar, tentar entender onde os outros como, Tony e Talula estavam, mas eu não sentia mais nada.
Despejei todas as roupas dentro do meu dormitório enquanto alguns se despediam no Hall.
Peguei minha espada na mão, e fechei os olhos, eu podia sentir o caos caminhando sobre minha pele, porém eu não via nada, não conseguia alcançar a conexão com Pan, a outra metade da minha espada com Talula.
— Irmã...— disse Thor, e sentou-se ao meu lado. Ele então me abraçou, e foi instantâneo, minhas lágrimas desceram tão facilmente, aquilo estava me corroendo.
— Nosso irmão deve estar vivo, tenho certeza, ele sempre faz isso, e o nosso povo...— eu o olhei, mal conseguia respirar e seu olhar para mim era de preocupação.— Eu perdi muita coisa durante essa semana, durante anos, perdendo, quanto mais poder eu adquiro maior são as perdas, eu não quero isso...Não quero ser a deusa da guerra, do caos, não quero... Eles tinham razão, por onde eu andar, eu traíra o caos comigo, a destruição, isso aconteceu por minha culpa...
— Shhh...— ele interrompeu enquanto eu respirava com dificuldade.— Temos um ao outro agora, nosso povo não está completamente morto. Alguns sobreviveram, podemos começar novamente , um novo reino, aqui, em Midgard— eu o olhei... Eu precisava ajudar meu povo.
Thor passou a mão em meu rosto limpando as lágrimas, e encostou o Rompe Tormentas na cabeceira da cama.
— Eu não posso reinar...— disse Thor.— não como Rei.
— Então você ia dar a ele, a Loki?— perguntei.
— Loki não seria um bom rei, vemos isso pela falta de inconsistência em suas ações descabidas.— respondeu ele ficando de pé.
— Você Charlotte, você é a filha de Odin.— disse ele, e eu o encarei, respirei fundo.— Eu... Eu nunca quis ser rainha, não sou adequada até conseguir controlar isso...— falei e espalmei a mão mostrando raios verdes correndo por ela. — A única pessoa que poderia me ajudar está morta, virou pó...— então o encarei.— na minha frente.
— Existem pessoas lá em baixo querendo ajudar você, apenas deixe...— disse Thor.
Então alguém bateu na porta duas vezes, porém ela estava aberta, atrás de Thor estava Natasha, ela estava com outra roupa, não traje de batalha, seu cabelo estava solto.
— Acho que o jantar vai ser pão com pasta de amendoim.— disse e riu.— digamos que, talvez, não tenha mais entregadores de pizza.
Ela deu um sorriso sem graça e eu me levantei.
— Vou trocar de roupa e já desço.— falei e eles saíram.
Assim que fechei a porta, voltei a chorar igual uma criança.

Duas semanas depois...

O jantar passou rápido, porém a noite estava devagar, eu sentia aquilo, menos pessoas no mundo, eu engoli em seco quando terminei de lavar a louça do jantar e todos foram dormir.
Estávamos exaustos, mas eu não conseguia dormir.
Pepper estava sentada na sala de estar, ela havia retornado a sede com esperanças de Tony voltar, estava a dias ajudando a todos, mas quando chegava a essa hora ela se sentava sozinha esperando por algo inesperado.

Depois de observar por um tempo eu resolvi tirar um ar.
Andei, andei... Acabei parando na zona de pouso, era o único lugar que dava para ver as estrelas mais nitidamente.
A nova sede ficava em um local afastado, no norte, e era apaziguado.
Uma casa enorme para desafortunados com poderes iguais aos meus.
Então eu olhei para minhas mãos, e respirei fundo... Abri as mãos, e vi os raios verdes saindo dela, eles subiram para cima e acabaram atingindo o teto criando uma rachadura e eu fechei a mão...
— Cuidado para não destruir o prédio.— disse uma voz e era Buck atrás de mim, eu respirei fundo e pousei as mãos na perna, e mantive o olhar no chão.
Ele se sentou ao meu lado e me olhou.
— Olha, eu sei como se sente.
— Não sabe não.— retruquei.
E ele riu.
— Você é bem afiada, gosto disso.— disse ele.— Num momento como esse, é difícil se sentir alegre, eu não dou um sorriso há anos.
Então eu o olhei .
— Sinto muito pelo o que causei.
— Você não fez nada, não contra mim, e tenho certeza de que está pagando por isso. A pessoa que me magoou foi Steve, não você.
— Se não fosse por mim ele não teria a abandonado.
— Eu não devia ter esperado nada, ele é leal aos amigos, mas não foi leal a mim, ele nunca foi, não com os sentimentos que ele dizia sentir por mim. Eu era muito inocente, não sabia nada do mundo, as pessoas viam nosso relacionamento como algo não muito normal, pela idade...Mas mesmo assim, eu ainda transformei ele no meu primeiro amor.— falei e ele suspirou.— Isso a gente supera.
— Tem certeza ?— perguntou ele.
— Com o Steve está tudo bem, mas há coisas maiores do que um homem que te rejeita, eu tinha uma vida, um reino para cuidar, reinos...— falei.— eu perdi o controle, isso...— espalmei as mãos no ar novamente mostrando meus poderes.— eu não tinha, o que eu tinha não era nem um terço do que eu despertei, e eu tenho medo de ter mais algo escondido aqui, algo que eu não sei o que é, é como mergulhar no oceano e não saber o que tem lá no fundo.
Ele me olhou, como se soubesse o que estava falando.
— Vivendo como se uma pessoa pudesse me controlar, eu reajo com impulso, não me sinto eu mesma.
Então ele riu novamente...
— Era assim, eu...— ele respirou fundo e eu com um impulso segurei sua mão, pois dava pra sentir sua dor ao tentar contar algo do seu passado.
— Não precisa me falar nada, você não me deve isso.— falei e ele olhou para minha mão e parecia nervoso.— Não se preocupe, não vou te machucar.
— Eu que deveria estar falando isso pra você, eu ainda não sei, o que pode acontecer comigo Princesa, basta apenas algumas palavras para eu me transformar em algo que não quero.— disse ele.— Para virar o soldado Invernal. Você talvez tenha razão, talvez eu ainda não esteja pronto para falar, mas consigo controlar, posso ajudar você com isso, e você pode me ajudar, o Steve...— disse ele.— é bom com as palavras mas...
— Não é suficiente.— falei e soltei sua mão e dei uma suspirada misturando com um sorriso.
— Mas o que te aflige nesse exato momento ?— perguntou ele.— é uma pergunta idiota com tudo o que está acontecendo, mas deve ter algo com o que você se importa mais.
— É...— falei.— Faz duas semanas que tento me contactar com minha melhor amiga, ela estava na nave de refugiados junto com resto do meu povo que foi atacado por Thanos algumas semanas atrás. Doutor Banner me falou que ela estava com Tony e outros, provavelmente me procurando, já que o Doutor estranho era meu guardião aqui em Midgard. Talula tem um poder mágico, ela consegue ver tudo... Ela tem a visão, mas algo deve ter acontecido para não me achar, ela tem uma parte de mim com ela, minha metade da espada...— engoli em seco.— não sei onde ela está, ela pode estar vagando em qualquer universo, eu só sinto que preciso dela comigo, ela é uma das poucas coisas que me restará, eu sei que ela está viva mas não consigo senti-la, como se ela estivesse dormindo e...
De repente, um tremor acontece, o chão que eu pisava tremeu, e nos nós encaravamos, ele se levantou e olhou o céu ...
— Olha...uma nave...— disse e me levantei para observar, a nave estava sendo carregada por um ser brilhante de mais para enxergar, porém tinha uma forma humana, era como se todos os reatores do país estivesse ligados a uma pessoa só.
Todos que estavam dentro de casa saíram correndo, Pepper era a que estava a frente, observou a nave com um resquício de esperança sem ao menos saber o que estava acontecendo.
Eu então sai em disparada a eles até que a nave pousou e as comportas se abriram, e saíram de lá quatro pessoas, duas conhecidas minhas...conhecidas até de mais.
Meu coração se enxeu de alívio de alegria quando vi Tony sendo carregado por uma mulher que eu não conhecia e logo atrás, deles, outra mulher.
Seus cabelos loiros trançados e seu rosto angelical, era impossível não reconhecer, Talula.
Eu não fiz nada além de correr para os braços da minha irmãzinha.

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