• Discussões & verdades •

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Romana

Abro os olhos com um pouco de dificuldade e observando os cantos irreconhecíveis, percebo que não estou no meu quarto. Era noite ainda, podia perceber a pouca iluminação que escapava pelas cortinas da janela e a escuridão do cômodo.

Me levanto da cama na tentativa de procurar a porta, estava muito escuro e eu não conseguia enxergar nada. Depois de passar as mãos pelas paredes do quarto, eu finalmente consegui encontrar e abrir a porta. Caminho por um corredor de luzes baixas e em tons vermelhos, ao final tinha uma escada que cuidadosamente fui descendo e me dei conta de que estava na boate.

Desta vez, a boate estava vazia e bem diferente de algumas horas atrás. O cheiro de narguilé predominava o ambiente e havia copos, bebidas e drogas por toda parte.

Me perguntava por onde Isaque andava e o porquê de estar sozinha na boate.

Vou até a porta principal mas ela está trancada. Então, começo a procurar a saída por outros lugares e aos fundos da pequena cozinha da boate, consegui encontrar uma porta aberta. Ao colocar meus pés na rua, o vento quente e abafado era sinal de que iria chover.

" Não faça isso, Massimo! Eu não sabia que ela era sua irmã, Isaque, eu não sabia! Me desculpe! "

Ouço gritos de um homem que chorava desesperadamente, creio que estão falando de mim e creio também que é o homem que me assediou mais cedo. Começo a andar em passos firmes e largos para entender o que estava acontecendo mas parei assim que vi Massimo e Isaque de frente para o homem ajoelhado e com suas mãos amarradas para trás. E ao redor deles estão seis homens vestidos de terno preto.

Meu coração acelera ao ver que Isaque, meu primo, meu melhor amigo desde a infância poderia fazer esse tipo de coisa.

Eles não notaram minha presença e então volto a caminhar para evitar que causem uma criminalidade, porém, Massimo puxa uma arma do cós de sua calça e atira no homem.

Foi o suficiente para um grito sair da minha boca e eles, então, perceberem que eu havia assistido tudo.

ROMANA: O que está acontecendo aqui? - Pergunto assustada, mas ninguém abre a boca para falar. - Esse homem está morto? Vocês o mataram?

Meus olhos começam a arder e minha voz estava embargada pelo choro.

ISAQUE: Ro... Eu... - Enquanto Massimo não esboça nenhuma reação e movimento, Isaque tenta dar uma explicação e caminha até mim.

ROMANA: Você é igual meu pai, Isaque! Assassino! - Sussurro. - Vou voltar para casa, não quero que me acompanhe.

Em meio a um choro alto, dou as costas para Isaque. Eu só quero sair daqui!

MASSIMO: Olha aqui sua ingrata... - Massimo puxa meu braço, fazendo com que nossos corpos ficassem muito próximos. - Agradeça que fizemos isso por você enquanto estava bem e viva! Porque enquanto bebia e dançava, esse cara estava de olho em você e ele iria fazer o mesmo que fez com as outras.

ROMANA: Eu não preciso de ninguém para me proteger! - Puxo meu braço e Massimo solta.

MASSIMO: Eu não me garantiria tanto assim. - Ele põe as mãos no bolso e me viro novamente para sair daquele lugar.

Isaque tinha um olhar triste e não ousou falar nada enquanto estava ali. Caminho até um portão grande, abro uma das portas e começo a andar pelas ruas de Sicília.

Era tarde, não tinha nenhum táxi e meu celular estava sem bateria.

Um combo, né Romana?! Pensei.

Pingos grossos de chuva começam a cair rapidamente e os estrondos de trovoada são audíveis. Tiro meus saltos e continuo caminhando em direção para casa. As lágrimas já se misturam com a chuva, eu não podia acreditar que meu primo poderia fazer parte desse tipo de coisa.

Depois de um longo tempo caminhando, chego totalmente encharcada em casa. Com cuidado para não acordar meus tios, subo as escadas e vou para o banheiro do meu quarto tomar um banho.

Na manhã seguinte...

O dia amanheceu com um lindo sol, coloquei um biquíni e antes de tomar o café, dei um mergulho na piscina.

Estava com os braços apoiadas na borda para admirar a vista da cidade. Um lugar lindo mas cheio de segredos obscuros e eu presenciei um deles nessa madrugada. Acordo de meus pensamentos quando escuto vozes de Massimo e Isaque, olho para trás e eles estavam indo em direção a área de lazer.

Ignorando completamente a existência deles, mergulho para o fundo da piscina e fico alguns segundos lá embaixo. Uma perfeita técnica para se desestressar. Quando volto a superfície, escuto Isaque falar de mim.

ISAQUE: Ela está me ignorando! - Fala para Massimo.

Eu não conseguia olhar para o rosto deles de tanta raiva, mas podia sentir os seus olhares para mim. Dou um último mergulho e ao voltar, levo um susto com Max latindo bem próximo a meu rosto. Ele deve ter pensado que era algum bicho.

ROMANA: Oi Max, você me deu um susto! - Dou um carinho nele. Saio da piscina, pego minha saída de praia e volto para dentro de casa.

TIA EVA: Ro! - Minha tia me chama. - Vem aqui no escritório, por favor!

Caminho até a porta mais afastada do corredor.

ROMANA: O que aconteceu, tia? - Me sento ao seu lado.

Ela estava de cabeça baixa segurando uma foto minha de quando era criança, não pude ver seus olhos mas estava chorando. No seu colo tinha mais fotos, pastas e documentos.

TIA EVA: Isaque me contou o que aconteceu! - Ela levanta a cabeça. - Eu sinto muito, Romana. Nós sabíamos que uma hora você iria descobrir, mas não era para ser agora.

Chamas em perigoOnde histórias criam vida. Descubra agora