Capítulo 52

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Foda-se! — Gabe diz enquanto luta com o portão de ferro.

Philip abre a porta do jipe e corre na direção dele para ajudá-lo. Ao que parece, o portão está emperrado, mas não resiste à força dos dois. Por isso, não demora muito para estarmos estacionados em uma garagem interna.

O bunker parece pequeno e antigo, talvez seja o menor onde eu já tenha estado.

Mas pelo menos a localização distante das estradas principais e no meio de cedros e freixos faz com que me sinta segura.

Afinal, a Matriz já deve estar à nossa procura neste momento.

— A sala de controle é ao fundo do corredor — Gabe diz, depois de abrir o porta-malas do carro e entregar uma maleta para o Philip. — Em quanto tempo você consegue deixar tudo pronto?

— Entre quinze minutos e meia hora, depende de como está a instalação aqui — o Soldado responde, enquanto observo que o jipe que o Gabe estava dirigindo está cheio de suprimentos.

— Armas — Gi diz como se tivesse lido meu pensamento. — Entre outras coisas do Gabriel. Algumas estranhas — comenta quando ele se afasta parecendo mal humorado, e o observo a atravessar a porta do bunker. Ele tira algo do bolso de trás da calça, e não demoro para perceber que é um maço de cigarros quando ele leva um a boca e o acende. — Ficou estressado. Passei uma hora em silêncio ignorando ele — Gi diz. — Eu o matei de tédio, mas quase morri no processo — completa rindo.

— Todo esforço para irritá-lo é válido — Anna comenta.

— Concordo. Quer dizer, até minha raiva passar, o que não vai demorar muito — ela responde. — Não vou negar que gosto desse jeito frio e calculista do Gabriel, e não tenho dúvida que ele é uma das pessoas mais inteligentes que já conheci. E, se estiver realmente do lado da Resistência, acho que muita coisa que ele fez merece ser relevada.

Se estiver do lado da Resistência? — pergunto curiosa enfatizando o "se".

— Eu não confio cem por cento nem na minha sombra — ela ri e vai até a porta lateral do jipe. — Tenho uma coisa para você — fala pro Thomas —, mas não se anime muito.

Ela tira uma muleta preta e a entrega para ele, que dá uma risada.

Seguimos pelo corredor estreito em direção ao lugar indicado pelo Gabriel.

— Você consegue saber se essa linha de telefone está sendo rastreada? — pergunto para o Philip, quando paramos por causa do Thomas.

— Sim, Emily, não se preocupe. Mas não posso garantir que a sala não tenha escutas. Por isso, é melhor não usarmos viva-voz e não citarmos nenhuma localização.

— Você tem razão.

Voltamos a andar, mas o Thomas para mais uma vez depois de dois passos.

— Deixa-me ajudar você — Philip diz, tirando a muleta e passando o braço por ele. — Ainda não está pronto para isso.

— Assume que você só quer me abraçar — Thomas provoca.

— Vocês são tão fofos — Gi diz. — E você já perdeu toda a pose de bandido para mim.

— Isso tem acontecido muito ultimamente — digo e sorrio me virando para o Thomas, que me dá um sorriso de volta.

— Parece que tenho que fazer algo para recuperar minha reputação — Thomas diz. — Vai ficar difícil assim!

— Não precisa — digo rápido. — Você está ótimo desse jeito.

Fazemos o resto do caminho com o Philip e o Thomas atrás de nós.

A Resistência | Coroa em Chamas (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora