Capítulo 84

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Kyle se abaixa colocando instintivamente o braço sobre a nuca, e vejo o tiro acertar a carroceria do jipe a centímetros da cabeça dele. Outro quase o acerta na perna.

Nossos olhos se encontram e noto o alívio dele ao ver que estou bem. Mas em vez de atacar de volta, ele avança na minha direção.

Ele está tentando me proteger, colocando-se entre mim e o atirador.

E sei que tenho que fazer o mesmo, tenho que protegê-lo.

É tudo tão rápido que apenas sigo meu instinto. Tiro minha pistola reserva do coldre da cintura e junto com a Anna começamos a atirar na direção do soldado que está nos atacando fazendo-o ter que se proteger na frente do veículo.

Kyle aproveita para se virar, empunhar o fuzil pendurado que estava pendurado pela bandoleira na frente dele.

Ele começa a atirar também e avançamos rápido em direção à Anna.

— Saiam daí, Em — Nate grita e vejo os tiros na direção do soldado inimigo. — Agora!

Sei que é ele e a Gi que estão nos dando cobertura, o som dos tiros no meu ouvido é alto demais.

Faço o que ele pede e corro com o Kyle e a Anna.

Avançamos pelo meio dos jipes, mas não muito.

Vejo Kyle se curvar um pouco e apoiar as mãos nos joelhos. Só então reparo na quantidade de sangue cobrindo toda a lateral do rosto dele e pingando no chão. Ele passa a mão na parte ensanguentada, mas seguro o pulso dele impedindo-o de ver.

— Você está bem? — pergunto aflita, mesmo sabendo que ele não está. Respiro fundo para tentar manter a calma e controlar o desespero na minha voz. — O que você está sentindo? — refaço a pergunta, enquanto seguro o rosto dele e examino a fonte do sangramento.

Dou um suspiro aliviado vendo que não é ferimento de bala. É um corte profundo acima da sobrancelha. Provavelmente igual ao meu, já que caímos do mesmo jeito, mas muito mais grave.

O barulho de tiros e explosões fica mais intenso e não consigo entender o que estão falando no fone de ouvido. Meu nervosismo também não me ajuda.

— O que você está sentindo, Kyle? — insisto, quando ele não responde.

— Um pouco tonto. — Ele se senta no chão, e me ajoelho na frente dele sentindo minha pressão baixar ao ver tanto sangue. Pouso a arma ao meu lado e preciso segurar no ombro dele quando minha visão escurece e acho que vou desmaiar. Droga, não é uma boa hora para ter uma queda de pressão! Respiro fundo tentando me manter firme, tiro rápido um lenço de um dos bolsos do colete e o pressiono na testa dele que dá um gemido de dor.

Anna chega rápido, e trocamos um olhar preocupado, enquanto Kyle estica a perna empurrando minha arma para longe.

— O que aconteceu? — a voz da Mia soa preocupada e abafada pelos barulhos de tiros.

Nate, Lucas e Gabriel falam ao mesmo tempo, e não entender o que eles estão dizendo me deixa ainda mais nervosa.

Sei que preciso dizer alguma coisa, mas minha voz simplesmente não sai.

— Em, ele foi baleado? — Lucas pergunta, e ouço o Gabriel xingar.

— Não, nós caímos com a explosão, o Kyle bateu a cabeça — digo, olhando para o rastro de sangue que ficou no caminho. — O corte é profundo. Estou pressionando o ferimento para estancar a hemorragia, mas ele já perdeu muito sangue.

— Do que você se lembra? — Anna pergunta. Ela estava com a arma apontada para a nossa direita, mas ajoelha-se na frente do Kyle e a única coisa que penso é no quanto somos um alvo fácil aqui.

A Resistência | Coroa em Chamas (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora