Kyle se abaixa colocando instintivamente o braço sobre a nuca, e vejo o tiro acertar a carroceria do jipe a centímetros da cabeça dele. Outro quase o acerta na perna.
Nossos olhos se encontram e noto o alívio dele ao ver que estou bem. Mas em vez de atacar de volta, ele avança na minha direção.
Ele está tentando me proteger, colocando-se entre mim e o atirador.
E sei que tenho que fazer o mesmo, tenho que protegê-lo.
É tudo tão rápido que apenas sigo meu instinto. Tiro minha pistola reserva do coldre da cintura e junto com a Anna começamos a atirar na direção do soldado que está nos atacando fazendo-o ter que se proteger na frente do veículo.
Kyle aproveita para se virar, empunhar o fuzil pendurado que estava pendurado pela bandoleira na frente dele.
Ele começa a atirar também e avançamos rápido em direção à Anna.
— Saiam daí, Em — Nate grita e vejo os tiros na direção do soldado inimigo. — Agora!
Sei que é ele e a Gi que estão nos dando cobertura, o som dos tiros no meu ouvido é alto demais.
Faço o que ele pede e corro com o Kyle e a Anna.
Avançamos pelo meio dos jipes, mas não muito.
Vejo Kyle se curvar um pouco e apoiar as mãos nos joelhos. Só então reparo na quantidade de sangue cobrindo toda a lateral do rosto dele e pingando no chão. Ele passa a mão na parte ensanguentada, mas seguro o pulso dele impedindo-o de ver.
— Você está bem? — pergunto aflita, mesmo sabendo que ele não está. Respiro fundo para tentar manter a calma e controlar o desespero na minha voz. — O que você está sentindo? — refaço a pergunta, enquanto seguro o rosto dele e examino a fonte do sangramento.
Dou um suspiro aliviado vendo que não é ferimento de bala. É um corte profundo acima da sobrancelha. Provavelmente igual ao meu, já que caímos do mesmo jeito, mas muito mais grave.
O barulho de tiros e explosões fica mais intenso e não consigo entender o que estão falando no fone de ouvido. Meu nervosismo também não me ajuda.
— O que você está sentindo, Kyle? — insisto, quando ele não responde.
— Um pouco tonto. — Ele se senta no chão, e me ajoelho na frente dele sentindo minha pressão baixar ao ver tanto sangue. Pouso a arma ao meu lado e preciso segurar no ombro dele quando minha visão escurece e acho que vou desmaiar. Droga, não é uma boa hora para ter uma queda de pressão! Respiro fundo tentando me manter firme, tiro rápido um lenço de um dos bolsos do colete e o pressiono na testa dele que dá um gemido de dor.
Anna chega rápido, e trocamos um olhar preocupado, enquanto Kyle estica a perna empurrando minha arma para longe.
— O que aconteceu? — a voz da Mia soa preocupada e abafada pelos barulhos de tiros.
Nate, Lucas e Gabriel falam ao mesmo tempo, e não entender o que eles estão dizendo me deixa ainda mais nervosa.
Sei que preciso dizer alguma coisa, mas minha voz simplesmente não sai.
— Em, ele foi baleado? — Lucas pergunta, e ouço o Gabriel xingar.
— Não, nós caímos com a explosão, o Kyle bateu a cabeça — digo, olhando para o rastro de sangue que ficou no caminho. — O corte é profundo. Estou pressionando o ferimento para estancar a hemorragia, mas ele já perdeu muito sangue.
— Do que você se lembra? — Anna pergunta. Ela estava com a arma apontada para a nossa direita, mas ajoelha-se na frente do Kyle e a única coisa que penso é no quanto somos um alvo fácil aqui.
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A Resistência | Coroa em Chamas (Livro 3)
Science FictionTrilogia COMPLETA ⚠ ATENÇÃO! Este é o terceiro livro da trilogia A RESISTÊNCIA, a sinopse pode conter spoilers. Em uma Gaia tomada pelo caos e sob controle militar, os Resistentes enfrentarão ameaças ainda mais letais. A revolução agora está iminent...