Capítulo 25

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Nathan já não estava aqui quando levantei.

Ele me avisou que iria sair cedo para correr com o Lucas e perguntou se eu gostaria de acompanhá-los, mas recusei o convite. Não sei onde eles encontram disposição para correr pela manhã, não tenho força nem para andar a esta hora.

Tentei voltar a dormir depois de ele encher minha costa de beijos carinhosos e de me arrepiar com aquela voz sussurrada no meu ouvido mais rouca que o normal, mas foi impossível. Agarrei-me ao travesseiro dele e fiquei apenas assim por um tempo.

Quando sabia que não poderia adiar mais, levantei, tomei um banho rápido sem molhar o cabelo e vesti a roupa que trouxe ontem do meu quarto: uma calça legging preta e uma camiseta sem manga cinza.

Fiz uma trança simples no cabelo, e ver a minha imagem no espelho com roupas normais e sem maquiagem me faz voltar para uma época em que tudo parecia ser mais fácil.

Dou um suspiro nostálgico enquanto caminho até a porta e giro a maçaneta, nunca sei o que o dia nos reserva e me surpreendo assim que coloco os pés para fora do quarto.

— Bom dia — digo confusa.

Kyle está com uniforme militar encostado ao lado da porta com uma perna flexionada apoiada na parede e a expressão séria.

— Bom dia, Emily — diz de forma fria, sem o sorriso de costume.

— Você está esperando alguém? — pergunto confusa quando ele não me dá nenhuma explicação do motivo de estar do lado de fora do quarto do Nathan.

— Estava — limita-se a dizer.

— Está tudo bem por aqui? Com você? — Agora não consigo esconder a preocupação na minha voz.

— Tudo tranquilo — responde.

— Ótimo, então — digo incerta. — Depois a gente se fala.

Começo a andar pelo corredor e, quando percebo que ele está vindo mesmo atrás de mim, paro.

Ele para.

— Você está indo para o refeitório? — pergunto.

— Talvez.

Eu o encaro por alguns segundos e decido não dizer mais nada.

No final do corredor, já consigo sentir o cheiro de café e sinto um alívio por estar perto.

O Kyle está me assustando.

Entro na quarta porta depois de virar à esquerda e vejo o Nathan e o Vitor em pé ao lado de uma das várias mesas do refeitório. Eles não estão sozinhos, mas os outros soldados estão bastante espalhados pelo ambiente e em um silêncio nada normal, talvez por causa da presença do Comandante deles.

O Vitor avisa que eu cheguei e o Nathan se vira e sorri. Mas logo a seguir ele parece estar segurando uma risada. Viro-me para trás e vejo o Kyle batendo continência para os dois.

Então entendo tudo.

— Sério, Nate? Você colocou o Kyle para ser meu guarda-costas? — pergunto assim que chego à frente dele. — Era isso que você disse que ia fazer? — pergunto com a voz chateada e tento manter a expressão séria, mas não consigo quando até o Vitor não controla a risada.

— Eu não pedi para ele usar uniforme — defende-se, confirmando a minha teoria.

— Ele me seguiu desde o quarto até aqui — digo. — Ele me assustou.

Agora os dois estão realmente rindo.

Nathan pega uma das xícaras no centro da mesa, coloca um sachê e então a enche com a água quente do bule. Pego o açucareiro e uma colher e adoço o chá assim que ele me entrega.

A Resistência | Coroa em Chamas (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora