A Resistência | Coroa em Chamas (Livro 3)

Capítulo 57

O som das armas sendo engatilhadas faz o Gabriel dar um sorriso presunçoso.

Claro que ele e o Nathan não teriam arriscado sem a barreira de soldados liderados pela subtenente May para controlar os líderes das Resistências e os fazerem baixar as armas antes que fosse preciso os dois intervirem.

Após alguns segundos de tensão, a situação é controlada e o Nathan começa a falar:

— Peço desculpa por não ter avisado que o Comandante Gabriel também participaria da nossa reunião, mas, como devem imaginar, foi algo de última hora e não temos tempo a perder. — Os líderes apenas ouvem parecendo surpresas demais para dizer alguma coisa. — Neste momento, posso revelar a vocês que o Comandante Gabriel era um dos líderes da Resistência e se manteve infiltrado na Matriz para descobrir o que eles planejavam fazer e tentar nos proteger tanto aqui fora, como lá dentro. E dadas às circunstâncias, ele teve que rescindir dessa tarefa para poder resgatar a Emily, o Thomas, o Philip e a Anna da Matriz e trazê-los em segurança.

— E como sabemos que ele não está infiltrado aqui em favor da Matriz? — um senhor alto e calvo pergunta.

— Da mesma forma que sabemos que você não está infiltrado aqui — Gabe responde rápido, antes que o Nathan possa dizer alguma coisa. — Ou será que você está? —Com a acusação acompanhada de uma expressão ameaçadora do Gabriel, o homem se cala, embora dê para notar a insatisfação. — Alguém mais com a mesma dúvida? — Gabe provoca.

A expressão no rosto do Nathan não mostra nenhum descontentamento com a postura do amigo, mas, agora, ele se apressa a intervir.

— Agradeço a disponibilidade de todos vocês e a ajuda que prestaram à Resistência nos últimos dias. Ela foi imprescindível para finalmente declararmos guerra à Matriz, e nós não vamos voltar atrás. — As pessoas aplaudem. — Como vocês sabem, as bombas-relógio já foram posicionadas em pontos estratégicos da Muralha, onde não há pessoas já que não é nossa intenção matar inocentes.

A expressão de tédio no rosto do Gabriel é visível.

— E não é arriscado neste momento em que toda a Matriz está procurando o Comandante Gabriel e a Emily? — Agora é uma mulher que faz a pergunta.

Mudo o peso de uma perna para a outra desejando poder sentar em algum lugar. Estou exausta e já começo a sentir esse cansaço em cada parte do meu corpo. Mais de trinta horas sem dormir junto com a ansiedade e o estresse estão vencendo neste momento.

—Não é preciso pensar muito para perceber que é o contrário — Gabe começa. — Mas como não temos o resto do dia, deixe-me explicar. Primeiro, as bombas já estão colocadas, seria arriscado voltar lá para desativá-las. Além disso, a minha saída inesperada tirou o comandante da frente da Guarda da Matriz. Ou seja, eles já perderam algum tempo para reorganizar o batalhão e decidir as ações a tomar. A esta hora, devem estar espalhando-se pelos Setores procurando a mim e a Emily, deixando a Muralha desprotegida. Afinal, se os prisioneiros foram libertados, por que nós voltaríamos para atacar, não é?

— A Matriz está fraca e este é o momento certo para desestabilizá-la um pouco mais — Nathan completa.

— E vocês ainda vão invadir? — a mesma mulher pergunta.

Mesmo que o Nathan não tenha me explicado o plano, tenho certeza que nem todo mundo que está aqui iria com ele.

— Não! — Nathan olha para mim e vejo o alívio no rosto dele. — Essa é a parte que muda no plano que fizemos, uma vez que eles já foram resgatados e estão em segurança conosco. Nós só vamos dar um recado em nome da Resistência. É hora de a população dos Setores e da Matriz ver que nós somos mais fortes do que eles imaginam.