Capítulo 75

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— Você poderia ter batido mais devagar — Mark reclama quando Letty volta com um copo de água, um analgésico e o material para eu poder fazer um curativo no nariz dele.

Todos os outros foram embora.

E assim que terminar o procedimento, vamos voltar para o bunker também.

Precisamos dormir, mesmo que por poucas horas.

— E se eu não estivesse aqui, Mark? — Letty pergunta, enquanto ele coloca o comprimido na boca e o engole com a água. — Você não pode continuar sendo inconsequente desse jeito.

— Você já quebrou meu nariz, não precisa brigar comigo — pede tentando parecer que está chateado.

Depois de limpar as mãos com álcool e embeber uma gaze em soro fisiológico, seguro o queixo dele e viro o rosto para mim.

É impossível não reparar nos olhos castanhos tão escuros que parecem pretos, assim como o cabelo cacheado e as sobrancelhas grossas que fazem ele passar a impressão de que está com raiva o tempo todo.

Também é difícil não notar as cicatrizes.

Ele tem muitas.

E não é difícil de imaginar o motivo delas. As atitudes dele aqui hoje são ume explicação disso.

— Pode doer um pouco — aviso.

— Já estou habituado — diz, quando nossos olhos se encontram, e ele sorri para mim. Involuntariamente, sorrio de volta. — Você é tão linda, Emily!

— Obrigada — digo, sem graça com o elogio inesperado.

— Ela é linda sim, mas não muda de assunto não — Letty insiste, encostando-se ao lado dele na mesa. Ele pega a mão dela e vejo no pulso um lenço preto amarrado, provavelmente um símbolo da facção a qual pertence. Mas ainda não entendi qual é a relação dos dois. — Quando é que você vai tomar juízo?

— No dia que você tomar também — Mark provoca.

— Ainda bem que agora a minha vista é boa para ver esse murro — Kyle, que está no sofá à nossa frente com a Gi, diz.

Mark olha para ele e pisca, segurando um sorriso, já que ele sabe que a Letty não vai ficar engolir essa provocação calada.

— Termina, Emily, por favor! Estou precisando dar outro murro nele.

— Se quiser dar agora, é só dizer — comento, fazendo o Kyle, a Gi e a Violet rirem enquanto Mark emite um som de reprovação. — Assim só tenho um trabalho.

— Ela só está brincando — Mark afirma. — Está doida para me encher de beijo que eu sei. — Letty revira os olhos.

Peço para ele parar de falar enquanto limpo o sangue, e noto que não foi tão grave quanto eu achava. A Violet não bateu com tanta força como pareceu e a Margot realmente exagerou quando falou que o nariz dele nunca mais seria o mesmo, provavelmente para assustá-lo.

Depois de limpo, pego um pouco mais de gelo e peço para ele pressionar no nariz para evitar que o hematoma fique muito grande.

— Me diz uma coisa, o que há entre você e o Gabriel? — Mark pergunta. — Ele não para de olhar para cá.

— Ele deve estar de olho em você — Letty responde. — E se você não quiser mais nada quebrado, não o provoque. Ele não é o Thomas. E também não provoque o Thomas! A paciência dele tem limite e já deve estar se esgotando com você.

— O Thomas me adora! — Letty dá uma risada como se tivesse ouvido a coisa mais absurda do mundo. — E você não me respondeu se está com o Gabriel — Mark insiste.

A Resistência | Coroa em Chamas (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora