Encaro o Gabe, e ele me devolve um olhar indiferente antes de me levarem para fora da sala.
O caminho é todo feito em silêncio nos corredores agora vazios. Ou talvez eu esteja apenas imersa demais nos meus próprios pensamentos para reparar em algum movimento.
A imagem daquela borboleta na minha mão retorna à minha cabeça o tempo todo, mas começo a duvidar que realmente aconteceu. Depois daquilo, o Gabe não me deu nenhum outro sinal, apenas debochou do que eu disse ou me irritou com alguns comentários.
— Emily!
A voz do Lip é de alívio enquanto ele me olha de cima abaixo, provavelmente para se certificar de que está tudo bem comigo.
Tento ir até ele, mas me mandam seguir em frente. Ele deve estar ansioso para saber se tenho notícias do Thomas. Olho para a cela em frente à minha para ver se ele já voltou, mas ainda está vazia.
— Quando vocês vão trazê-lo? — pergunto para os guardas que me acompanharam. — O Thomas?
Tudo o que fazem é me dar as costas e saírem depois de me deixarem trancada na cela.
Assim que ouço a porta fechar, aproximo-me da grade.
— Eles me disseram que o Thomas está — faço uma pausa para escolher a palavra certa, já que não posso garantir que ele está bem —, vivo.
— Quem disse? — Philip pergunta depois de dar um suspiro de alívio.
— O Gabriel — limito a dizer.
Queria poder contar tudo o que aconteceu, mas tenho receio que eles possam nos ouvir. É melhor não tocar no assunto.
— Eu nunca vou me perdoar se tiverem feito algo ao Thomas.
— Sinto muito por termos colocado você nessa posição — começo.
— Não, Emily — apressa-se a dizer. — Vocês não fizeram nada. E isso é o pior, a culpa é toda minha.
— Você tentou ajudar — é a única coisa que consigo dizer, mesmo tendo certeza que nada o fará se sentir melhor agora.
— Eu sei — ele se limita a dizer.
Falo um pouco sobre o jantar, mas nada que comprometa o Gabe. Digo que afinal o Thomas tinha razão sobre haver uma conspiração para vigiar a Família Real.
Depois ficamos em silêncio e a ansiedade chega com toda força. Não ter notícias do Thomas e não saber o que o Gabe pode fazer fazem minha mão suar frio.
Alguns minutos depois, a porta se abre de novo.
— Thomas! — Phillip o vê primeiro que eu. — O que vocês fizeram com ele? — Essa pergunta me faz sentir um frio na barriga.
Thomas é empurrado contra as grades e vejo que está muito machucado. Eles tiram a algema dele e abrem a porta da cela onde estou depois de pedirem para eu me afastar.
Ele é jogado pra dentro junto com uma caixa e uma bandeja de comida.
Assim que fecham, corro até ele que está de joelhos tentando não cair para frente.
— Thomas — digo quando me ajoelho à frente dele, apoiando-o.
Ele encosta a cabeça no meu ombro sem dizer uma única palavra.
— O Comandante Gabriel ordenou que você cuide dele. É melhor mantê-lo vivo, amanhã o levaremos de novo.
Isso só pode ser um sinal de que ele está do nosso lado. Mas por que ele permitiu que machucassem tanto o Thomas?
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Resistência | Coroa em Chamas (Livro 3)
Ciencia FicciónTrilogia COMPLETA ⚠ ATENÇÃO! Este é o terceiro livro da trilogia A RESISTÊNCIA, a sinopse pode conter spoilers. Em uma Gaia tomada pelo caos e sob controle militar, os Resistentes enfrentarão ameaças ainda mais letais. A revolução agora está iminent...