Capítulo 3

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Depois de horas a caminho da Fortaleza e de pararmos algumas vezes para comer e abastecer os carros, Philip desacelera devagar e para no acostamento. O outro carro encosta ao nosso lado.

— Tem alguma coisa errada? — Lucas pergunta depois de trocarmos um olhar silencioso, mas tenso.

— Não, não se preocupem. Acho que estamos nos aproximando e precisamos identificar os carros para saberem que somos nós. — Faz uma pausa e se vira para nós. — Foi o que me pediram.

— Como vamos fazer isso? — Matt pergunta, e a Mere desvia o olhar do namorado para o Philip enquanto amarra o cabelo em um rabo de cavalo alto.

— Pintando uma borboleta no teto.

— Sabia que ainda iam precisar do meu talento artístico. — Kyle diz à nossa frente. Ele passou o caminho todo cantarolando trechos da mesma música que agora ficaram na minha cabeça.

— Qualquer pessoa sabe desenhar uma borboleta, Kyle — Mere implica com ele rindo.

— Mas só eu faço a borboleta original da Resistência — diz com uma expressão convencida.

— Disso você pode se gabar — ela responde sem conseguir contrariar o argumento que Kyle deu.

— Mas por que no teto? Como eles vão ver? — Lucas pergunta.

— Foram essas instruções que recebi, não tive tempo de questionar.

— Vamos lá então. Cadê o spray? — Kyle parece ansioso.

Saímos do carro e ele e chama o Vitor para fazerem o trabalho, enquanto o resto do grupo se espalha pela estrada. O céu tem algumas nuvens agora, que de vez em quando encobrem o sol. Neste momento, estamos debaixo de uma sombra, mas mesmo assim consigo sentir o meu rosto arder com o calor.

Vou com a Mere até o porta-malas para pegar água e barras de cereais para distribuir.

— Eu levo para ela — Mere diz com uma garrafa de água na mão enquanto olha para a Sarah que se afastou um pouco do grupo.

— Pode deixar, eu levo — digo, mesmo sem saber qual será a reação dela. Ela parece continuar na defensiva, mas nunca foi hostil, muito pelo contrário, foi prestativa e ajudou o grupo algumas vezes mesmo no pouco tempo que está conosco. — Você pode ver se as meninas estão precisando de algo?

— Claro, Em — diz hesitante. — Mas você tem certeza que quer ir falar com ela?

— Sim, não temos motivos para termos problemas uma com a outra, pelo menos não da minha parte. Ela ainda está um pouco desconfiada, acho que é nosso dever deixá-la mais à vontade.

— É por isso que eu admiro você. No seu lugar, eu estaria insegura e morrendo de ciúme.

— Quem disse que eu não estou? — digo dando de ombros. — Mas é melhor quebrar o gelo agora antes de o clima constrangedor aumentar. O Kyle também não ajuda — digo esta última frase mais alto.

— Eu o que? — Eu tinha quase certeza que ele estava escutando, esta foi a confirmação.

— Você é sem noção, inconveniente demais — Mere responde.

— Olha quem fala, a rainha da indiscrição — rebate.

— Eu perdi esse título por sua causa — Mere diz. — Nunca vou te perdoar.

Rio dos dois sem ter a certeza de qual deles ganharia essa disputa e começo a ir devagar em direção à Sarah.

— Como você está? — pergunto entregando a garrafa de água que ela educadamente agradece. Reparo nos olhos verdes amarelados e no cabelo loiro tão claro quanto o do Vitor. A pele dela não tem nem uma sarda, mas está um pouco mais vermelha que antes, provavelmente por causa do calor.

A Resistência | Coroa em Chamas (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora