Capítulo 5

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— Anna? — Philip pergunta quando ela atende a chamada depois de alguns minutos de silêncio enquanto a recepcionista do hospital tinha ido chamá-la. Achamos melhor alguém com sotaque da Matriz ligar e pedir para falar com ela. — Eu sou o soldado Philip e preciso que você seja muito discreta nas respostas que vai dar agora, certo? — continua depois de olhar para o Lucas que confirma que é ela, não há dúvida ao ouvirmos a voz.

Sim. — Ela soa desconfiada. — Em que posso ajudar?

Vejo Matt e Mere sentados em um dos sofás de mãos dadas e observando tensos o Philip e o Lucas. Não tem sido fácil, nós resolvemos um problema e logo surgem outros, não tivemos nem tempo para comemorar as coisas boas que aconteceram nos últimos dias.

May mantém a postura alerta ao lado do Vitor, os dois parecem preparados para qualquer ataque, mesmo que não haja nenhum risco neste momento. Eu acho.

— Tente não parecer surpresa e de forma alguma diga o nome da pessoa que vai falar com você. Confirme se entendeu, por favor — Philip pede.

Tínhamos combinado isso antes da chamada. Todo cuidado é pouco, não podemos deixar a informação vazar. Provavelmente apenas Rachel, a recepcionista do hospital, está lá, e apesar de ser da Resistência, nem mesmo ela pode saber que o Lucas está vivo, muito menos curado.

— Entendido — ela confirma hesitante. Tenho ideia do quanto essa chamada deve estar deixando a Anna nervosa. Raramente recebemos ligações e, quando elas acontecem, nunca trazem notícias boas.

— Eu vou passar o telefone para o Lucas. Ele está vivo e bem, não se preocupe, mas nós precisamos de um favor urgente — Philip faz um resumo, tentando facilitar a conversa dos dois.

Anna fica em silêncio, talvez tentando processar a informação. Neste momento, ela deveria achar que o Lucas estava morto há alguns dias, e a falta de notícia da nossa parte pode ter confirmado isso.

Lucas se aproxima um pouco mais do telefone e consigo ver a hesitação na expressão dele.

— Oi, Anna! — ele começa, e tudo o que ouvimos do outro lado é um silêncio. — Anna?

— Um minuto. — A voz dela treme um pouco e sinto que está tentando controlar a surpresa. — Rachel, você poderia pegar o livro de registro de óbitos para eu poder dar a informação que estão pedindo? — Não consigo ouvir a resposta da secretária, mas ouço passos se distanciando, e só depois de um longo suspiro Anna voltar a falar. — Eu achei que nunca mais falaria com você. — A voz dela tem um tom baixo e cheio de emoção.

Imagino a sensação de alívio que ela está sentindo por saber que ele está vivo. Apesar de tudo, eles são amigos há anos. Compartilharam a mesma luta e sofrimento no trabalho no hospital e sempre se ajudaram quando um precisava do outro.

— Estou feliz por poder falar com você de novo — Lucas diz.

— Você está bem mesmo?

— Sim, não se preocupe — responde. — Mas precisamos ser rápidos.

Claro, não temos muito tempo até a Rachel voltar. — Nota-se na voz que ela provavelmente está chorando, e isso parece afetar um pouco o Lucas. — Do que você precisa?

— Eu não queria ter que envolver você nisso — Lucas diz enquanto desvia os olhos para mim, talvez para que eu o encoraje a continuar. Balanço a cabeça positivamente e ele fecha os olhos por um momento e então voltar a falar —, mas não tenho alternativa.

— Apenas me diga o que você precisa.

— Que você pegue a minha mãe e o meu irmão e os leve para a base do Setor 7 — Lucas diz. — Você acha que consegue fazer isso?

A Resistência | Coroa em Chamas (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora