Capítulo 31

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— Você quer que eu vá dar uma surra no Lucas? — Kyle pergunta, assim que eu paro de chorar e saio do abraço. Limpo as lágrimas com um guardanapo que pego da mesa, antes de forçar um sorriso para ele.

— Você está agindo como irmão mais velho — digo, gostando dessa ideia.

Sempre quis saber como era ter um, e tenho sentido isso com o Ky.

— É assim mesmo que me sinto. Ninguém faz você chorar e sai impune, mesmo que esse alguém seja o Lucas. — Ele me dá aquele sorriso lindo dele. — Agora me diz... como é que um beijo faz alguém chorar dessa forma? Ele mordeu sua língua? — Até tento controlar uma risada, mas não consigo.

Então, levanto a minha mão e a mostro para ele.

— Esse anel era o anel de vocês? Eu o vi pendurado no pescoço dele, mas não fazia ideia.

— Eu sempre imaginei que esse anel viria para cá — digo, mostrando o dedo do compromisso.

— Mas ele está no do amor incondicional, que é tão ou mais importante. — Isso é algo que temos em comum com a Matriz, então não preciso explicar a tradição dos anéis para o Ky. E ele tem razão. O amor incondicional é aquele que não é limitado ou restrito por nenhuma condição. É aquele amor que sempre existiu e sempre vai existir. Então ele levanta a mão dele e me mostra um anel prateado fino.

— É da Mia? — pergunto.

— E eu dei um para ela, mas bem mais chamativo que este — diz orgulhoso. — E esse tipo de amor é o único que você precisa. Claro que o Nathan vai te dar um anel para esse dedo também, ai você terá três. Três pessoas que amam você incondicionalmente. Talvez até eu te dê um. E não peça para eu deixar de ser maravilhoso, porque eu não consigo.

A capacidade de o Kyle me fazer rir nos momentos mais tensos é surpreendente.

— Obrigada, Ky — digo, sincera. — Se você se comportar, talvez eu também te dê um.

— Eu vou começar agora. E vou começar guardando um segredo — diz olhando para os lados e então sussurra. — Eu não vou falar para ninguém sobre o beijo. Fica tranquila, viu?

Isso nem tinha me passado pela cabeça.

— Sério mesmo que você não vai contar? Nem para o Vitor?

Testo ele, que faz uma cara de pensativo.

— Talvez para o Vitor, mas para mais ninguém. Pode confiar.

— Eu confio em você — digo. — Mas, para ser sincera, eu não estou preocupada com isso, Ky.

— Com o que você está preocupada?

Vou até a janela e ele me acompanha. Apoio-me nela e olho para a escuridão do lado de fora, sentindo dor de cabeça e uma pressão na testa irritante. Ele se encosta à janela, com uma perna flexionada na parede e virado para a parte de dentro do salão.

— O que está doendo é tentar aceitar que meu caminho tomou um rumo muito diferente daquilo que eu planejava há uns meses. E isso é assustador demais.

— Assustador? — ele pergunta. — Ora, vamos lá ver. Há uns meses, você tinha um vírus no sangue, morava perto do Lucas, mas não podia ficar com ele, se matava de trabalhar para receber uma miséria e morrer de frio lá no seu Setor. E agora você continua tendo o Lucas e vocês dois estão curados. Você tem o Nathan e tem a mim — ele dá um sorriso presunçoso. — Provocou uma revolução que vai fazer seu nome entrar para a história e está quase virando Rainha de Gaia. Sim, é assustador como sua vida melhorou nos últimos meses.

A Resistência | Coroa em Chamas (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora