A Resistência | Coroa em Chamas (Livro 3)

Capítulo 11

Acordo assustada.

Sento-me rápido na cama e, enquanto meus olhos tentam se habituar à luz do sol que entra por uma abertura da cortina, procuro o Nathan. Apenas quando o vejo ainda dormindo é que tenho certeza que não foi um sonho.

Ele está aqui.

Suspiro aliviada enquanto o observo. Ter certeza que ele está ao meu lado faz meu coração desacelerar, mas ver os machucados no rosto dele faz meu peito apertar de novo.

Há mais cicatrizes do que tinha reparado ontem, alguns hematomas que não tinha visto. Sinto um nó na garganta quando penso que podem tê-lo machucado mais do que isso.

E ele parecia tão cansado.

Ele nunca acordou depois de mim, imagino que ainda deve estar exausto. Ontem, mesmo tentando ficar acordado, ele não demorou a cair no sono.

E apesar da vontade de tocar o rosto dele neste momento, apenas o observo por um tempo.

O cabelo está mais ondulado que o de costume, talvez porque ainda estava um pouco úmido quando dormimos. Ele está descoberto e a camiseta preta está um pouco levantada por causa do braço que ele pousou acima da cabeça, deixando aparecer um tom esverdeado na barriga dele. Levanto delicadamente a barra da camiseta e vejo que o hematoma se estende pelo abdômen.

Fecho os olhos quando dói demais pensar em tudo que pode ter acontecido.

Eu odeio o Gabe.

Ele não falou sobre isso ontem, mesmo que eu tenha perguntado porque ele gemeu um pouco quando deitei em cima dele. Eu não insisti. Foi um dia cheio para nós dois, não queria que ele ficasse pior tendo que reviver os acontecimentos nos últimos dias.

Meus olhos esquentam com as lágrimas que rapidamente surgem, e me assusto quando ele segura o meu pulso.

— Bom dia, amor — diz, com os olhos ainda quase fechados. Tento continuar levantando a camiseta, mas ele não deixa. — Eu estou bem, Em — apressa a dizer para tentar me tranquilizar, mas as palavras dele não conseguem diminuir minha preocupação.

— Eu quero ver se está bem mesmo — digo.

Ele me dá um sorriso travesso enquanto se espreguiça um pouco, fazendo-me desistir por um momento.

— Diz o que você quer de verdade — me provoca, e sei que está segurando uma risada.

— Você está tentando mudar de assunto... de novo — acuso, levantando uma sobrancelha e tentando parecer chateada.

Os olhos dele param no meu antebraço, e agora quem parece preocupado é ele.

— O que foi isso? — quer saber enquanto analisa melhor.

O ferimento é comprido, mas não é fundo e já está cicatrizado.

— Eu me machuquei enquanto passava em uma grade na prisão — respondo. — Foi só um arranhão. Agora é a sua vez — peço.

— Está bem, amor, não quero deixar você preocupada.

Ele segura o meu olhar no dele e tira a camiseta devagar, jogando-a ao meu lado na cama.

Balanço a cabeça por ele estar me provocando quando eu estou nervosa.

Para o meu alívio, realmente não tem mais nada, apenas este hematoma grande que pelo gradiente de cores parece estar desaparecendo.

Ele cobre os olhos com o antebraço, e aproveito agora apenas para admirar a beleza dele, sentindo o coração mais leve.

Eu sei que o pior são as feridas emocionais, e essas vamos tratar com o tempo. Ele não está bem, apesar de tentar parecer forte. Eu sei o quanto o Gabe o decepcionou. Também tenho uma ideia de como ter certeza da morte dos pais o destruiu.