Capítulo 72

6.3K 922 1.3K
                                    

Eles queriam matar o Lucas!

O que estava com a arma afirmou que o faria assim que ele aparecesse. Que tinha recebido ordem para matar qualquer um, mas que a prioridade era o Lucas.

O outro disse ter mudado de ideia quando viu o vídeo sobre o que estava acontecendo. Por isso, como não tinha como dissuadir o outro soldado, resolveu chamar a nossa atenção.

Ele alegou que a esposa e as duas filhas estão na Matriz e que está com receio do que vai acontecer com elas.

Mas mesmo que já estejamos longe do Quartel e em segurança, tenho que fazer um esforço enorme para fazer minha cabeça parar de criar a cena do Lucas sendo atingido por um tiro.

E quando consigo afastar essa imagem dolorosa, surge outra.

Meu pai sendo morto naquela praça.

Não sei se é por ter passado a noite toda acordada ou a ansiedade que não me deixa lutar contra esses pensamentos e essa sensação crescente de pânico.

— Eles não sabem a nossa localização — Thomas diz, fazendo-me sair dos meus pensamentos. — E mesmo que algo aconteça, temos várias rotas de fuga aqui — ele aponta para o mapa estendido na mesa a nossa frente —, que eu vou mostrar daqui a pouco para vocês.

Quando noto que o Nathan está mais atento a mim do que ao que está sendo explicado, peço licença e me levanto. Tem uma lágrima prestes a cair, não quero que ele me veja assim. Eles precisam se concentrar, temos que estar totalmente preparados para a reunião com os líderes das facções que será em poucas horas.

Mas é tarde demais!

Nathan começa a se levantar também.

— Eu só preciso pegar um pouco de ar fresco — digo, e Violet me indica o caminho.

Viro-me de costas para ele e dou alguns passos.

— Eu vou falar com ela — ouço o Lucas dizer, antes de ouvi-lo chegar atrás de mim.

Ele passa o braço pelos meus ombros, puxando-me para perto, e minha única reação é encostar a cabeça no peito dele.

Ele nos guia para o lugar indicado pela Violet.

Enquanto caminhamos pelos corredores estreitos, respiro fundo algumas vezes para tentar controlar a ansiedade.

E o abraço dele me ajuda.

É a primeira vez desde o nosso reencontro que o Lucas age como antes de eu ter ido para a Matriz.

E não o culpo, eu sei que ele precisava de um tempo para organizar os sentimentos e tudo o que aconteceu.

Assim como eu.

Mas eu sentia falta dele.

No fim do corredor, Lucas abre uma porta de ferro, e estreito os olhos por causa da claridade, apesar de aqui também estar nublado e nuvens brancas pairarem em cima da gente.

O espaço é pequeno e ando até o muro cercado por copas de árvores. Lucas se encosta ao meu lado de frente para mim e me olha de forma carinhosa.

— Como você está? — pergunta.

Se eu tivesse intenção de responder a essa pergunta com sinceridade, eu não saberia nem por onde começar, apesar de nesse momento um sentimento parecer me sufocar.

Medo.

Medo de falharmos.

Medo de ver Gaia em uma situação ainda pior do que antes.

A Resistência | Coroa em Chamas (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora