A Resistência | Coroa em Chamas (Livro 3)

Capítulo 29

— Festa surpresa! — Mandy diz com os olhos brilhando. — Não podemos deixar esse noivado passar em branco. Eu não conheço bem a Mere, mas fiquei com a impressão de que ela é uma pessoa incrível.

— Ela é sim — digo, sentindo-me culpada por não ter pensado nisso antes. Mas também sei que é por causa dessa tensão que sinto há semanas e não me deixa nunca relaxar completamente. — Eu acho que é uma ótima ideia, Mandy.

— E eu preciso de uma festa diferente daquelas chatas da Matriz — Nina comenta. — Uma festa de verdade, com um motivo de verdade, com pessoas que se importam umas com as outras.

— Não acredito que vocês estão falando em fazer uma festa quando eu estou morrendo de dor de cólica — Jess reclama.

Ela está deitada na cama e estamos espalhadas pelo quarto, enquanto o James foi chamar a Mere, já que tudo o que o aconselhamos a fazer não ajudou.

— Desculpa, Jess. Podemos marcar para outro dia — Mandy diz com a culpa estampada no rosto dela, e Nina e eu concordamos no mesmo momento.

Jess dá uma risada.

— Garotas, acordem! — ela grita, assustando-nos. — Eu estou brincando, nunca que vou deixar uma cólica adiar uma festa. Está ouvindo, útero? Você não vai me derrubar não. — Ela se encolhe na cama e dá um gemido de dor assim que termina de dizer isso.

— Isso ai — Mandy diz insegura.

— Certo. Então eu vou falar com o Nathan e o Lucas, assim começamos logo a preparar tudo para hoje à noite — digo, sentindo-me feliz por pela primeira vez em semanas estar fazendo planos para algo que não está relacionado a fugas ou aos antídotos. — Você precisa de alguma coisa, Jess? — pergunto quando a expressão de sofrimento no rosto dela me faz agradecer por nunca ter tido esse tipo de dor.

— Eu preciso não olhar para a sua cara mais — responde, roubando a nossa atenção. — Quer dizer, você é linda, tem dois homens maravilhosos aos seus pés, pode virar princesa em breve e, como se já não bastasse tudo isso, ainda não tem cólica. Por favor, Emily, sai da minha frente — ela joga o travesseiro em mim, rindo no final. — Deus tem mesmo as suas preferidas, e eu estou me sentindo a filha bastarda.

Nina e Mandy riem de alívio por ver que não é mais uma implicância dela comigo.

— Você vai ficar bem com a medicação que a Mere vai trazer — tento acalmá-la, enquanto pouso o travesseiro na beira da cama.

— Pode ser — responde. — Mas e essa espinha aqui? — pergunta, apontando para o ponto inflamado bem no meio da bochecha dela. — Ela vai ser a protagonista da noite — conclui, cruzando os braços e fingindo um choro.

— Que espinha? — Mandy pergunta, aproximando-se mais de Jess e estreitando os olhos. Sei que ela está tentando fazer a Jess se sentir melhor, e eu e Nina seguimos o exemplo.

— Quase não se vê — Nina comenta.

— Vocês são gentis demais ou só míopes mesmo? — pergunta.

— Mesmo que estivesse muito visível, como uma espinha poderia roubar seu protagonismo? — O sorriso confiante dela volta ao rosto assim que termino de falar isso.

— Vocês são ótimas amigas. Por isso, vou fingir que não estou me sentindo horrível só para o esforço de vocês não ser em vão — diz, chamando as duas para um abraço. Eu me mantenho afastada, mas então, ela faz algo que eu jamais imaginei que ela faria.

Ela me chama para o abraço também.

Nina olha incrédula, enquanto Mandy sorri feliz.

— O que é isso? — Nina pergunta e então pega algo debaixo do lençol desbotado que faz os olhos dela brilharem. — Onde você conseguiu esse chocolate? — diz tirando um da caixa, mas a Jess bate na mão dela, fazendo-o cair de volta.