Capítulo 68

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— Achei que você estava morto — Mia diz entre soluços ainda com o rosto encostado no peito do Kyle. — Achei que nunca mais iria ver você.

As mãos dela agarram com força a parte de trás da camiseta dele. Limpo as lágrimas de alegria que insistem em cair.

— E quem iria roubar sua comida? — Kyle pergunta com a voz embargada, mas tocada pelo sorriso feliz que tinha se tornado tão raro nele. — Ou chatear você o tempo todo? — Mia fecha os olhos e o abraça ainda mais enquanto os soluços vêm mais fortes.

— Desculpa, Ky — ela diz quando consegue controlar o choro. — A última coisa que eu disse no dia em que você foi embora é que eu estava cansada de você. Eu não estava. Nunca estive. Só estava cansada da situação — Kyle a aperta um pouco mais contra ele. — Quando imaginei o mundo sem você, foi — ela faz uma pausa, o soluço não a deixa continuar falando, mas, depois de um tempo e de respirar fundo, continua — foi tão difícil aceitar continuar nele.

— Mia! — Kyle a repreende. — Não digas isso!

— Você tem ideia do quanto doeu pensar que você estava morto? Doeu demais. — A voz dela falha, mas já parece estar um pouco mais controlada. — Ainda estava doendo, porque eu precisava ver você, ter certeza que estava mesmo bem.

Ela se afasta um pouco para olhá-lo, e o Ky dá um beijo na testa da irmã.

— Por isso que você está magrinha assim? — Kyle brinca. — Deixou de comer por minha causa, Mimi?

O apelido pronunciado de forma carinhosa me faz sorrir.

Vi tão pouco dos dois e tirei conclusões tão precipitadas quanto estava na Matriz. Nunca imaginei que eles tinham uma ligação tão forte.

— De comer, de dormir — Mia responde e mais uma vez sou atingida por uma onda de dor. Continuar a defender a causa das pessoas que ela acreditava que tinham matado o próprio irmão deve ter sido difícil. — Não conta para ninguém, mas você é a pessoa que eu mais amo nessa vida.

— Como assim não conta para ninguém? — Kyle pergunta rindo. — Amanhã Gaia toda vai saber disso. — Dou uma risada. — Também te amo muito! — declara olhando nos olhos dela, mas a alegria começa a dar lugar à preocupação no rosto dele. — Você está bem? — pergunta passando o dedo nas lágrimas no rosto da irmã.

Mia tira um pacote de lenços do bolso da calça jeans e, depois de dar um para o Ky, limpa os olhos e o nariz.

— Agora sim — ela responde.

Kyle olha para mim com todas as dúvidas e incertezas expressas no rosto dele.

Nunca o vi evitando saber de alguma coisa, mas ele simplesmente parece que não vai tocar no assunto, não vai perguntar o que a Mia está fazendo aqui ou de que lado ela está.

Talvez ele esteja apenas adiando o momento por achar que não vai gostar de ouvir a verdade.

Então caminho para perto dos dois e abraço a Mia, que sorri.

— Temos a nossa menina de volta — digo fazendo todas as dúvidas se dissiparem no rosto dele.

— Você achou mesmo que eu estava do lado deles? — Mia pergunta para o irmão.

— Eu queria acreditar que não, mas aquele babaca foi tão convincente. Sempre suspeitei que você era da Resistência. — Kyle dá um suspiro longo e depois um sorriso lindo. — Eu também sou um Resistente agora — diz com uma expressão de orgulho.

— Eu soube. — Mia sorri de volta. — Eu estou orgulhosa de... — ela não completa a frase e nos entreolhamos preocupados quando um grito do lado de fora chama a nossa atenção.

A Resistência | Coroa em Chamas (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora