Capítulo 19

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— Não consigo ver quem está conduzindo — Philip continua depois de se recuperar do choque inicial. — O reflexo do sol no para-brisa não deixa ver o interior da cabine do carro.

Olho para o horizonte com receio de que mais carros surjam por trás do jipe e sinto minhas mãos suarem só de imaginar que isso pode acontecer.

May e Nathan se afastam e dão ordens para os soldados que estão emboscados nas ruínas. Os soldados que chegaram com eles também se apressam a assumir lugares estratégicos na barricada de pedras, preparando-se para um possível confronto.

— Ele pode ter forçado a Anna a dizer nossa localização e ter nos entregado para a Matriz — Kyle comenta, vestindo rápido a camiseta. O cabelo dele está preso ao suor na testa e a pele está bastante vermelha do sol.

— Ele não faria isso — Philip diz. — Ele repudia a Matriz tanto quanto nós.

— Mas ele é um mercenário, não duvidaria que fizesse qualquer coisa por dinheiro — Vitor rebate.

— Não isso, Vitor — Philip insiste. — Tenho certeza que ele nunca se aliaria à Matriz. O Thomas tem poucos princípios, mas este é um deles.

Philip fala com tanta segurança que eu decido me apegar às palavras dele. Espero que ele esteja certo, e que o Thomas realmente não tenha nos entregado para a Matriz.

Não haver outros carros a caminho pode ser uma prova de que ele tem razão.

— Mas alguma merda aconteceu para o carro dele estar vindo na nossa direção, provavelmente com ele — Kyle diz. — Não que eu me importe. Para ser sincero, eu até estou gostando.

— Nossa, Kyle — Mere fala. — Só de pensar nisso sinto um arrepio.

— Um pouco de ação não vai fazer mal para a gente, Mere — fala animado. — Essa rotina já estava acabando comigo.

— Vamos ver se você vai continuar pensando assim se conhecer o Thomas hoje — digo, sentindo um frio na barriga.

O carro se aproxima cada vez mais, enquanto os nossos jipes são colocados de maneira estratégica e nós recuamos.

Por trás da barricada de pedras, os soldados posicionam suas armas em pequenos buracos que eu não tinha reparado antes.

Viro-me para os prédios altos e abandonados e não vejo nenhum sinal de que há dezenas de soldados embrenhados neles.

Mesmo assim, sabendo que provavelmente vamos conseguir lidar com a situação por estarmos em um número maior, sinto o medo me dominando.

Não o medo de ser o Gabe.

Mas medo de saber o que deu errado.

Naquele carro, deveria estar a única família que eu tenho, e a única coisa que eu quero neste momento é que a Clairy e o Mike estejam em segurança.

— Está com a identificação que pedimos para a Anna colocar — Lucas comenta. — Apesar disso não significar nada — completa desanimado.

Tem muita coisa acontecendo à volta, e me sinto tonta por um momento.

— O que você quer que eu faça? — ouço a Mere perguntar.

— Acho melhor você voltar com a Jess para a Fortaleza — Matt responde . A expressão dela é assustada e ela sabe que aqui não vai poder ajudar, muito menos a Jess, que provavelmente nunca passou por nenhuma situação parecida. Além disso, a Mere e o Lucas não podem correr perigo ao mesmo tempo, são os únicos médicos que temos, não podemos arriscar. — Prepare a enfermaria se for preciso usá-la. Encontro você lá — ele promete.

A Resistência | Coroa em Chamas (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora