A Resistência | Coroa em Chamas (Livro 3)

Capítulo 42

Eu não acredito no que acabou de acontecer.

O tiro foi no colete. Tem que ter sido.

A dor aperta o meu peito e eu não consigo respirar. Além disso, meu coração está tão acelerado que eu acho que não vai aguentar esse ritmo.

O pneu faz um barulho alto me assustando quando o carro avança, e mesmo tentando me apoiar com as pernas, já que meus braços estão presos por algemas nas costas, sou jogada para frente.

Forço-me a virar para trás, e mesmo que as lágrimas desfoquem minha visão, eu o vejo estendido no chão.

Por que ele não se levanta?

Ele não pode estar morto.

— Não se preocupe, Emily, ele vai ficar bem. O tiro foi no colete, apesar de achar que deveria ter acertado na testa só pela petulância. Assustei você? — Joe pergunta, dando uma risada no final, o que não me traz nenhum alívio, embora tudo o que eu mais queria é acreditar que ele está falando a verdade. — Bem, se um dia você for Rainha, não se esqueça disso.

Claro que eu não vou me esquecer. Ele vai pagar por isso, eu sendo Rainha ou não.

As lágrimas quentes escorrem no meu rosto enquanto tento controlar a respiração, mas a sensação que tenho é que vou ficar sem ar em qualquer momento.

E então ouço um tiro.

Viro-me de novo e não acredito quando vejo o Kyle. Ele está no meio da estrada em pé e atira de novo. Ele deve estar tentando acertar o pneu, mas está muito longe e estamos nos afastando rápido demais.

— Está vendo? Eu deveria mesmo ter atirado na testa — Joe reclama.

Continuo olhando até não conseguir mais vê-lo.

As lágrimas não param, mas agora é de alegria. Eu não sei quando ou como tudo mudou, mas hoje o Kyle é uma das pessoas mais importantes da minha vida.

Eu não posso perdê-lo.

No banco da frente, Thomas e Philip estão sentados um ao lado do outro. Estou no banco de trás, com uma mulher e um rapaz.

Rapidamente, deixamos a base para trás e entramos em uma avenida larga, ladeada por carcaças de veículos e casas em ruínas. O som do outro carro desaparece, acabando com todas as minhas esperanças de que fosse alguém que pudesse nos ajudar.

Encosto a cabeça no vidro da janela e vejo a paisagem passar do lado de fora enquanto milhares de pensamentos percorrem minha cabeça.

Gabe!

Parece que em breve estarei frente a frente com ele.

Tento fazer esse pensamento assustador desaparecer. Deve haver alguma saída. Eu sei que o Gabriel não fará nada comigo, não sem conseguir o que ele quer. Mas eu também sei que o Nate e o Lucas virão atrás de mim, e essa possibilidade me apavora.

Mas não quero pensar nisso no momento, não posso.

Fecho os olhos e é fácil levar os pensamentos para onde eu queria estar. Até consigo sentir o Nathan me abraçando. Lembro-me da voz dele no meu ouvido hoje de manhã fazendo planos para o futuro, do sorriso tímido, do calor do corpo dele abraçado ao meu.

E dói!

Já sinto falta dele.

Então me lembro do abraço do Lucas. Os últimos dias não podem ter sido nossos últimos dias juntos. Se nos reencontrarmos, nunca mais vou deixar a gente se distanciar de novo.