A Resistência | Coroa em Chamas (Livro 3)

Capítulo 70

— Eu quero ver quem vai impedir a gente — Violet diz, juntando-se aos dois e trocando um olhar de cumplicidade com o Gabriel.

— Oh, merda — Thomas reclama, levantando-se do sofá e indo para o lado do Nathan. Apesar da tensão, quase sorrio quando vejo os dois juntos. — O que você está fazendo?

— Você sabe que eu não consigo ver essas coisas e não fazer nada — ela diz para o irmão.

— Nem eu, Letty — Thomas se apressa a dizer. — Mas esse não é o momento para isso.

Observo o Nathan. Embora eu saiba que ele está incomodado com a provocação, a expressão calma no rosto dele não muda.

A Violet pode ser afrontosa e se irritar com facilidade, mas é sempre pelos motivos certos. E tenho certeza que o Nate leva isso em consideração, ele é igual, apenas um pouco mais controlado.

— Tenho certeza que ninguém aqui consegue ver isso e ficar indiferente — Nate diz, enquanto dá alguns passos e para bem na frente da Violet, encarando-a. — Nós vamos fazê-lo pagar por tudo, principalmente pelo que fez com a Mia, mas não agora — ele enfatiza essas duas últimas palavras e, a seguir, olha para o amigo. — Ele provavelmente está vindo para cá, precisamos estar preparados, Gabriel — conclui.

— Ou seja, não temos tempo. Precisamos assumir o controle da Fronteira antes de ele chegar aqui — Thomas diz. — Vou precisar da sua ajuda, Letty!

Thomas e Violet já falaram com as facções que acharam que poderiam se aliar a nós. Agora, eles precisam fazer algo mais difícil, convencer as que eles acham que se oporiam a formar uma aliança com a Resistência.

E isso pode dar muito, muito errado.

Vejo então Mia se levantar e se aproximar deles.

— O Nathaniel e o Thomas têm razão — ela diz com a voz calma e parecendo nada afetada por ter revivido a cena. — Aquilo foi tudo o que aconteceu, acabou ali.

— Você disse que ele não fez nada — Kyle acusa.

— Ele não fez nada que eu não tenha dado permissão para fazer, e eu tinha tudo sob controle — Mia diz com calma para o irmão, e então se vira para o Gabriel. — Você o conhece, Gabriel! Sabe que, apesar de tudo, ele nunca encostaria um dedo em mim sem meu consentimento.

— O erro dele foi sonhar que poderia tocar em você, Mia, mesmo com seu consentimento, mesmo que você tivesse implorado por isso — a voz dele é afiada. — Isso não vai ficar assim. — O ódio que ele parece estar sentindo é tanto, que ele nem tenta disfarçar a raiva que transparece no rosto dele.

— Depois que saímos daquela sala, eu e ele nos separamos — Mia começa olhando para o amigo. — Quando consegui despistar os guarda-costas, fui atrás da Maddy, já que já tinha conseguido o que sempre quisemos esse tempo todo. Vamos só nos focar nisso agora e fazer tudo o que nós dois tivemos que passar valer a pena! Ainda temos bastante material para analisar.

Gi faz o Kyle voltar a se sentar mesmo a contragosto, e Violet, que continuava encarando o Nate, cede ao ouvir mais um pedido do irmão.

Mas o Gabriel ainda parece estar tomado pela raiva e continua olhando para a Mia por alguns segundos de forma protetora. Talvez ele se sinta culpado.

Então, a postura rígida volta, o rosto já não demonstra nenhuma emoção. Ele ergue de novo aquela fachada que oculta o que ele está sentindo e que raramente é derrubada.

— Ele não vem agora — Gabriel diz com a voz fria e convicta. — O Hugh não faz nada por impulso, ele também não tem poder supremo para tomar as decisões. Ele precisa de aprovação de todo o grupo. — O Gabriel senta em um dos bancos altos do bar, e Mia aproveita para voltar a se sentar ao lado da Maddy. — Além disso, ele sabe que a Mia trouxe as informações e que agora temos provas suficientes para derrubar a Matriz. Ele vai agir com cautela! Selecionar membros da força militar de confiança, não soldados que ele sabe que podem traí-lo. E isso leva tempo. Mas uma coisa é certa: ele vai usar das as armas que tiver para seguir com o plano de contágio — conclui.