C3

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S/n Lyonne Point of View

A minha noite hoje estava triste, e apesar do meu dia ter sido fantástico ao saber que uma de minhas pacientes havia vencido o câncer, a solidão em minha casa abafava as conquistas.

Liguei para os meus pais, estava com saudades.

Quando você mora tempo demais com eles, é meio difícil se ver tão longe.

Os meus pais sempre foram os melhores do mundo. Até hoje me pergunto como Deus pôde ser tão bondoso por me abençoar dessa forma. Eles me tiveram com uma idade já avançada, e por não conseguirem engravidar o sonho de ter um filho se tornava distante. Minha mãe diz que quando soube que finalmente conseguiram, fizeram uma festa que rendeu dois dias.

Sim, dois dias de sexo regado.

Que nojo!

Porém, eis-me aqui.

Suspiro, assim que minha mãe me deseja boa noite. Ela havia sugerido que eu fosse sair para beber, ou paquerar alguma garota bonita. Mas sinceramente, eu não estava com ânimo então resolvi apenas colocar um bom filme e beber um vinho.

Contando um pouco sobre minha infância, não poderia haver maneiras melhores de citar minhas aventuras. Meus pais sempre foram corujas e me acompanhavam em todos os trajetos.

Eles me ensinaram a nadar e a arrancar meu primeiro dente. Disseram que papai Noel é um velho indecente que invadia a casa dos outros de madrugada porque não tinha onde morar. A partir daí se formou o meu repúdio pelo natal quando mais nova.

Sim, depois eu entendi a sacanagem que eles fizeram e descobri que não existia o fodido velho barbudo, pois eu esperava ele toda véspera de natal com um taco nas mãos.

Sempre fui do tipo de criança que não havia medo de nada. Tudo era um desafio, e dou graças a isso pois ultrapassei todas as dificuldades com o pensamento de que seria mais uma etapa a conquistar.

Hoje em dia me sinto realizada, porém confesso que por todo esse meu esforço e excluso modo de alcançar meus objetivos, acabei me afastando das pessoas e não vivendo bem como deveria.

Deixo para pensar sobre amanhã, pois tenho que dormir. O trabalho me chama.

[...]

—  Eu irei lhe receitar um medicamento que irá ajudar aliviar as dores musculares e um outro muito bom para enxaqueca. - Sorri, logo escrevendo no receituário do paciente.

— Muito obrigado, doutora. - Ela agradece e se retira.

Mais um dia calmo. Entro rapidamente nas minhas redes sociais para dar uma olhada e rapidamente minha porta se abre.

— Olá. Sente-se. - Me adiantei, observando o rapaz de porte pequeno me olhar assustado.  — Você está sozinho? - Franzi o cenho.

— Sim e não. - Sua roupa está suja, e o olhar um tanto perdido. Ele parece estar com medo. —Eu me machuquei e não sei se pode ser grave. Sinto muita dor. - Olho para onde sua mão segura, e vejo que o braço esquerdo está caído, e pela careta de dor do menino, a probabilidade de ter quebrado ou deslocado é alta.

Me levanto rapidamente, internamente questionando como ele conseguiu entrar aqui sem nenhum responsável o acompanhando.

— Deixe-me dar uma olhada. - Com delicadeza tiro sua mão do local mas ele geme de dor com apenas esse ato. — Certo. Nós iremos tirar um raio x desse braço para sabermos se está ou não quebrado, entende? - Meu tom de voz saiu suave, passando o máximo de confiança para ele não se apavorar.

— A minha mãe vai me matar! Isso não deveria ter acontecido. E agora? Como vou contar? - Ele se desespera.

— Ei, se acalme. Primeiro vamos tirar o raio x e aí iremos saber o próximo passo. Tudo ficará bem. Você confia em mim? - Olho em seus olhos marejados. Não entendo o porque ele não está gritando de dor. Provavelmente pela adrenalina de estar mais preocupado com a mãe do que consigo mesmo.

Welcome (Camila/You G!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora