C32

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S/n Lyonne Point Of View

— Se eu fosse você tiraria um tempo e iria até lá, sabe, ver como estão as coisas. - Cassie diz, rodando a caneta em seus dedos. Estou sentada na cadeira toda jogada com o cotovelo no braço da cadeira e o punho fechado repousando no rosto. — Sem contar que cara, é o seu dinheiro entende? Não pode ser jogado de qualquer forma assim pra pagar dívidas de um imbecil. Seus pais já são de idade, é um desgaste mental muito grande, sua mãe já nem deve discutir e só aceita, acho que você deveria tomar a frente sim. - Trinco a mandíbula, começando a voltar a sentir todo aquele ódio que sinto essa semana inteira só em pensar nessa situação.

— É mas como eu vou ficar fora por esses dias? Não tem como, estou na metade da residência e a minha escala está programada pra semana inteira. - Bufo, passando a mão no rosto. Ela molha os lábios me olhando seriamente.

— Pode ir, converso com o chefe. - Diz com certeza. — Isso é sério, posso mexer uns pauzinhos, não vai sair prejudicada. - Sorri, se levantando.

— Mesmo? - Pergunto esperançosa.

— Mesmo. Apesar de você ser só uma interna os cirurgiões falam muito bem de você e isso chega até o chefe, ele não dá muita bola pra internos mas eu consigo ver isso para você. Só que você precisa me prometer continuar mantendo total comprometimento, se eu fizer isso por você e depois você me ferrar, ele me ferra sem pensar duas vezes, temos uma boa relação mas ele ainda não é confiável para mim. Essa nova gestão me tira do sério, sinto falta de George. - Suspira, lembrando do antigo chefe.

— Tudo bem, eu prometo, vou me manter na linha. - Levanto afobada. A mulher me olha pensativa, me analisando completamente.

— Então volte ao trabalho, quando eu tiver uma resposta falo com você. - Assinto, virando as costas, abro a porta e saio da sala.

Faço meus afazeres normalmente, começo com uma ronda, depois vou para os leitos verificar alguns pacientes sobre minha supervisão. Estou prestes a encerrar o turno de qualquer forma, não estava muito com a cabeça no lugar e isso acaba me deixando dispersa.

Tudo isso me pegou despreparada, até mesmo porquê fazia bom tempo que eles não me davam trabalho, eu tinha até esquecido que poderia voltar a ter essa possibilidade devido a calmaria que estava minha vida antes dele aparecer de novo. Cara, sério, eu acho inacreditável a falta de senso por estragar a vida dos outros, como se não bastasse estragar a própria ele arrasta a todos para a infelicidade. Minha mãe não consegue viver sem preocupação com eles, antes de eu sair de casa presenciei momentos fortes a qual nunca vou esquecer. Tenho ódio dele porquê ele é um homem desrespeitoso que não tem amor nem por si mesmo imagine pelo próximo, que tem um sangue frio ao ponto de foder um irmão para ter benefícios próprios.

Eu lembro nitidamente quando eu tinha uns 10 anos e minha vida era tão conturbada pelo relacionamento exaustivo dos meus pais, e como se não bastasse os problemas de casa, meu tio nos achou para passar uns dias com a gente. Ele levou drogas para a casa e escondeu debaixo da minha cama, um certo dia minha mãe arrumando meu quarto achou as drogas e surtou com ele. Meu pai estava trabalhando e estávamos sozinhas com ele em casa, foi desesperador a sensação de impotência que eu senti ao não poder fazer nada ao ouvir todos aqueles gritos. Eu pedia para parar e nada acontecia, só aumentava. E então ele bateu na minha mãe, bem na minha frente.

Me desesperei e parti para cima, a sensação de vê-la jogada no chão enquanto ele esmurrava ela me traz ódio até hoje. Sinto meu coração se apertar apenas em lembrar daquela cena.

Eu tentei defender minha mãe, tentei fazê-lo parar pois eu achei que ele a mataria. Fui uma criança pequena e magra, nunca havia me metido em brigas, sempre fui boa na escola e quase nunca sabia me defender, principalmente de um homem 3 vezes maior que eu totalmente embriagado. Como vocês podem esperar, ele me bateu também e fugiu.

Welcome (Camila/You G!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora