C5

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Camila Cabello Point of View

O almoço estava quase pronto, e por mais que eu me esforce na cozinha, nunca chegarei aos pés de dona Adelina. Ela é uma senhora que trabalha nesta casa desde quando eu não conseguia arrumar ou cozinhar para o meu marido pois estava muito focada em meu trabalho, já que havia acabado de me formar. Então engravidei e ela definitivamente fez parte da família e está até hoje.

Corrigindo: Ex marido.

Coloco um dos temperos que havia aprendido para cozinhar a carne enquanto tocava One Direction na caixa de som. Um dos meus segredos é que sim, eu ainda ouço a banda pop dos meninos que um dia sofri com a disband há bons anos na minha adolescência.

Me sinto confortável e até um tanto animada hoje. Apesar da preocupação com o Lucca, o que me deixou com um sentimento de culpa por ter o deixado sozinho, ele está contente em nos deixar rabiscar seu gesso e, fico feliz que não tenha acontecido algo pior e que já está perto da hora de retirá-lo.

Porém, o meu lado da história o pai dele não viu, e obviamente a culpa toda cairia nos ombros da mãe que deixou seu filho de 6 anos sozinho. Sendo que o pai nunca está presente me deixando sobrecarregada em cuidar dos meus filhos, da minha carreira e de tudo quanto é tipo de coisa que fuja dele a responsabilidade e pule para mim.

Novamente meu celular toca, e então respiro fundo ao ver o nome na tela sabendo que mais uma discussão surgiria.

— "Posso falar com meu filho?" - A voz grossa e prepotente soa, sem nenhuma educação ou bom dia.

— Não, pois ele está dormindo. - Coloco o celular entre o ombro e o ouvido para manobrar as duas panelas no fogão.

— "Como ele está?"

— Muito bem. Ainda sente incômodo pelo gesso pois não está acostumado, e coça bastante, porém isso não é um problema e está sendo controlado. Logo ele irá tirar.

— "Controlado desde quando? Porque se estivesse mesmo tudo sob o seu controle nada disso teria acontecido e o meu filho não teria fraturado um osso." - Fecho os olhos com tamanha irritação.

—Se você fosse um pai presente na vida dos teus filhos e não apenas um canalha que se acha no direito de me julgar estando com a merda da sua bunda sentada numa cadeira fazendo absolutamente nada, isso realmente não teria acontecido. Eu sou a mãe deles, e sou o pai deles também. Porém como você tem a sua vida profissional, eu também tenho a minha! E por que eu sacrifico a minha carreira todos os dias por amor aos meu filhos e você não, Richard? Por que a culpa sempre cai na mãe sendo que eles tem um pai que não se responsabiliza por eles mas se acha bom o suficiente para apontar os erros que ele nitidamente não faz questão de ajudar a consertar, Richard? - Sim, eu já estava gritando.

— "Você deveria sab-"

— Quer saber? Estamos melhores sem você. Porém os seus filhos te amam e querem você por perto então faça a porra do teu papel e seja o pai que eles acham que você é! Seu filho da puta! - Desligo o celular com ódio. O cheiro de queimado inundava a cozinha, então olhei para as panelas vendo o estrago que fiz em me distrair numa chamada que não me acrescentou em nada. — Merda!

Deus que me perdoe pelo desperdício. Preciso de Adelina de volta urgente.

A mulher foi visitar a família. Lhe dei uma folga a mais pois tudo estava muito tranquilo no consultório, então achei que seria bom passar mais tempo em casa com os meninos e deixar Adelina mais livre.

Porém exatamente no dia do acidente aconteceram alguns imprevistos com um dos meus pacientes, e infelizmente não consegui desmarcar para outro dia e fui as pressas.

Welcome (Camila/You G!p)Onde histórias criam vida. Descubra agora