PRÓLOGO

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NY, 2014

Estamos a caminho do hospital, a bolsa da Lindsay estourou e as contrações diminuíram de tempo. Lindsay grita ao meu lado desesperada e com dor.

- Dá para dirigir mais rápido, isso dói caramba. Se eu não tivesse te contado nada disso estaria acontecendo.

Ignoro o que Lindsay disse e continuo a dirigir

- Estou indo o mais rápido que eu posso. Como estão as contrações?

- Diminuindo, estava de 5 em 5 minutos agora caiu para 3.

Piso no acelerador e logo estamos no Hospital, as enfermeiras trazem uma cadeira de rodas para Lindsay e levam-na para o quarto, a obstetra adentra e logo faz o exame de toque.

- Lindsay você está com 8cm de dilatação, logo sua princesinha estará com você.

Lindsay fica calada diante da fala da médica, enquanto esperamos a dilatação chegar em 10cm eu ajudo Lindsay com uma massagem na lombar enquanto ela reclama de dor

- Como a gente foi tão irresponsável nesse ponto? Sempre fomos tão cuidadosos.

- Lind se você se esqueceu estávamos drogados, nem lembramos de camisinha no calor do momento.

- Eu quero a minha peridural.

Logo o anestesista aplica a peridural e depois de 10 minutos a anestesia começa a fazer o seu efeito já que Lindsay começa a soltar lufadas de alivio.

2 horas depois Lindsay já está com 10cm de dilatação, a doutora pede para ela fazer força.

- Vamos Lindsay, empurra você consegue.

- Lind estou aqui com você, sei o quanto é forte e sei que vai conseguir.

Eu também motivo Lindsay, estou ao seu lado enquanto seguro sua mão.

- Vai Lindsay, empurra.

Com um grito e fazendo muita força Lindsay empurra mais uma vez, depois de um breve silencio um choro estridente é escutado. Logo a enfermeira traz um pacotinho rosa embrulhado para os meus braços.

- Parabéns papais, sua filha é uma princesinha.

- Meus parabéns, sua filha é encantadora. Vou deixá-los a sós para curtirem esse momento.

A doutora também nos parabeniza e logo saí da sala junto das enfermeiras. Olho para minha filha no meu colo e ela é tão delicada, nem parece que foi eu que fiz. Logo o encanto é quebrado pela voz de Lindsay

- Não se apegue, logo ela não estará mais conosco.

- Não estou me apegando.

- Não é o que parece, estou vendo o brilho nos seus olhos.

- Só achei ela delicada, nada demais.

Eu sabia que estava me apegando mas Lindsay não precisa saber.

- O que iremos dizer as nossas famílias? Sabe que eu não quero essa criança!

- Ainda não pensei em nada Lindsay, sinceramente eu achava que você mudasse de ideia quando visse sua filha.

- Acha mesmo que nós temos vocação para ser pais?

Lindsay não me deixa responder

- Acorda, nós somos uns viciados e eu não tenho vontade nenhuma de trocar a minha vida badalada para ficar trocando fraldas.

Eu não respondo nada, por partes Lind está certa. Nos conhecemos desde crianças, nossas famílias são amigas e parceiras de negócios, começamos a namorar quando eu tinha 21. Meu inicio na vida adulta não foi nada fácil, herdeiro das empresas The Company e muita pressão midiática, qualquer passo que eu dava aparecia na mídia. Lindsay em uma noite tirou um comprimido da bolsa e me entregou, depois daquela noite nos tornamos viciados em ecstasy. Há alguns meses atrás transamos loucamente sob efeito da droga e a consequência disso está dormindo tranquilamente em meus braços. Depois de tanto tempo eu me sinto feliz sem estar sob efeito da droga mas infelizmente essa felicidade não vai durar por muito tempo. Toda a nossa família ficou em êxtase com a noticia de que mais um Lynch viria ao mundo, com os Powell não foi diferente. Ninguém da família sabe que Lindsay entrou em trabalho de parto.

- Que tal se dissermos que ela não aguentou e infelizmente veio a óbito?

Lindsay me tira dos meus devaneios com sua ideia.

- E o que vamos fazer com ela?

- Deixar em alguma casa no subúrbio sei lá.

- Lindsay tem certeza de que quer fazer isso?

- Qual é James, eu não vou mudar de ideia e você também não.

- Com licença.

Uma enfermeira adentra o quarto.

- Preciso levá-la ao berçário.

- Tudo bem.

Eu respondo a enfermeira e logo entrego a criança para a mesma.

2 DIAS DEPOIS

Há dois dias estamos enrolando nossa família, não recebemos a visita de nenhum deles. Minha irmã tentou vir nos ver varias vezes mas não permitimos.

Hoje é o dia que deixaremos a bebê em alguma casa no subúrbio, meu coração diz que eu não deveria fazer isso mas o meu cérebro diz que é o correto a se fazer.

- Anda James, vamos logo pro Brooklyn.

Olho mais uma vez para a criança adormecida no cesto e meu coração se aperta.

- Vamos.

Logo descemos para o estacionamento, entramos no carro e andamos pelas ruas de NY. Depois de 46 minutos chegamos ao nosso destino, desço do carro e pego o cesto no banco traseiro. Olho para a criança adormecida, tão serena no cesto.

- Espero que me perdoe um dia por ter que fazer isso.

Dou um beijo em sua testa e a deixo em frente a uma casa qualquer, meu coração se aperta mais uma vez e sinto tanto por partir, me desculpe filha.

Essa foi a ultima vez que eu a vi. 

Um clichê fora da CurvaOnde histórias criam vida. Descubra agora