Capítulo 27

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Amélia

Está tudo tão complicado, sinto uma dor sufocante que me esmaga por dentro, eu não queria me afastar das pessoas que amo mas foi inevitável. Ver Chelsea grávida só me faz lembrar que eu não consegui proteger a minha menina, lembra-me que não poderei segurá-la em meus braços e toda vez que me lembro disso, meu peito se aperta mais e mais. Olho para a porta onde James acabou de sair e reflito um pouco suas palavras, Melanie merece ser lembrada com honra, Mad não merece isso que estou fazendo com ela, não sei se ainda estou pronta para ver Chelsea mas irei tentar, pelas pessoas que amo e pela honra da pequena Mel que foi tirada de nós de um jeito cruel, irei tentar. Levanto-me da cama e coloco meu robe de seda, saio do quarto e vou até a cozinha, Ruth está de costas para mim enquanto cozinha o almoço.

- Bom dia Ruth. – ela pula com o susto e deixa a colher de madeira cair no chão

- Amy? – diz com os olhos marejados – Não acredito.

- Imagino, mas James conversou comigo e eu refleti sobre o que ele falou.

- Estava com saudades de ver você nessa cozinha. – ela vem na minha direção e me abraça

- Me desculpa, mas eu precisava de um tempo.

- Não peça desculpas, todos nós entendemos você. – diz se desvencilhando do abraço

- Obrigada.

- Você vai ver a Mad? Ela está sentindo sua falta. – meu peito se aperta

- Sim, estou com saudade do meu raio de sol. – digo sorrindo – A conversa está boa mas vou no quarto da Madison.

- Tudo bem, vai lá.

Saio da cozinha indo até o quarto de Madison, entro no quarto e vejo que a mesma ainda dorme serenamente. Caminho até a cama de Mad e me deito ao seu lado, como se fosse um imã, Mad se aconchega no peito e eu começo a fazer um cafuné em seu cabelo.

- Bom dia meu raio de sol, está na hora de levantar. – digo baixinho

Mad se remexe ainda aconchegada a mim mas não acorda, continuo acariciando seus cabelos enquanto tento acordá-la.

- Vamos meu amor, a mamãe quer ver você.

- Mamãe? – Mad murmura sonolenta

- Sim meu amor, é a mamãe. – Mad desperta completamente, vejo que seus olhos começam a marejar

- Pensei que não me amasse mais. – meu peito se aperta em ouvir essas palavras

- Jamais deixaria de te amar. – digo enquanto puxo-a para um abraço – Eu te amo infinito.

- Jura juradinho? – pergunta enquanto ergue o dedo mindinho, entrelaço o meu dedo mindinho com o seu e respondo

- Juro juradinho. – Mad abre um sorriso radiante

- Estava com saudades mamãe. – me abraça mais uma vez

- Eu também estava com saudade, a mamãe só precisava de um tempinho.

- Podemos passear nós 3?

- O papai não está aqui, mas você quer ir só com a mamãe?

- Sim. – diz animada

- Então vamos nos arrumar e depois decidimos o que iremos fazer.

Levo Madison até o banheiro e a auxílio no banho, ajudo Madison a colocar um vestido azul e calcar uma sapatilha, faço duas Maria Chiquinha em seu cabelo e logo Madison está pronta. Deixo Madison no quarto assistindo um programa infantil enquanto vou me arrumar, entro no banheiro e começo o meu banho, as memórias me invadem e lembro dos momentos em que eu sentia Mel me chutando na hora do banho, James sempre estava presente e sempre era presenteado com chutes da nossa menininha, por instinto ponho a mão no meu ventre onde a cicatriz marca o meu corpo, foi necessário fazer uma cesariana de emergência e mesmo assim foi inevitável acontecer, o tiro tinha atingido Mel, não havia nada que pudesse ser feito. Saio do banho antes que eu volte para o poço de solidão onde eu estava caindo cada vez mais, entro no closet e procuro alguma roupa casual, opto por uma calça jeans e uma blusa florida, pego uma bota conturno com um salto não muito alto, saio do meu quarto e volto até o quarto de Madison para chamá-la, decidimos ir para o cinema e antes de sair aviso a Ruth para onde estou indo. Peço um uber antes de descer e alguns minutos depois ele chega. Passamos o dia todo nos divertindo, tendo o nosso dia das garotas, não sabia o quanto precisava de Mad até eu ter Mad do meu lado, ela sempre será minha luz nos meus dias mais sombrios. Eu sei que nunca irei superar essa dor, mas também sei que um dia essa dor irá se transformar em saudade, eu não entendo o porque da Mel ter partido tão cedo, por dias eu me fiz essa pergunta, Por que ela? E ontem eu tive um sonho, estava em um campo de flores, lembro de ver três crianças correndo, duas meninas e um menino, uma das meninas veio até mim e me disse que eu era muito forte por tudo o que eu passei e por tudo o que iria passar. Não tive tempo de perguntar nada, pois fui acordada pelo despertador, mas aquele sonho me deixou reflexiva e ela estava certa, eu sou forte. Terminamos o nosso dia das garotas completamente felizes e com sorrisos imensos nos rostos, as vezes me sinto culpada por ter deixado Mad de lado por tanto tempo, mas como se lesse os meus pensamentos ela me abraça e diz que está tudo bem. Voltamos para o apartamento e somos recebidas por Ruth

- Olha só, parece que se divertiram bastante.

- Simmmm. – Mad diz prolongando o seu sim, mostrando o quanto está feliz

- Que bom que se divertiram, fico feliz por vocês passarem esse tempo juntas.

- Foi bom, me fez ver que eu estava perdendo as coisas boas e tenho certeza que Melanie não iria querer me ver assim.

- Não. – Ruth diz emocionada – Ela ia querer ver a mãe dela do jeito que ela é, aquela mulher do sorriso fácil que ilumina a todos.

Me emociono com as palavras de Ruth, não posso me deixar levar para a solidão novamente.

- Cadê o James?

- Ele ainda não chegou.

- Estranho, bom de qualquer forma o dia foi cansativo e eu preciso dormir. Boa noite. – dou um beijo na testa de Mad e logo em seguida beijo a bochecha de Ruth

Elas respondem em uníssono um Boa noite e vou para o quarto afim de descansar, tomo um banho relaxante e visto uma camisola de cetim, queria ficar acordada e conversar com James mas eu sei que o sono vai me vencer então deito na cama e acabo adormecendo.

Desperto na cama e a primeira coisa que percebo é que James não está aqui, levanto da cama e vou em direção ao banheiro fazer minha higiene matinal, depois que termino tudo visto o robe e saio do quarto, encontro James na sala e ele parece nervoso enquanto digita algo no telefone.

- James. – chamo sua atenção

- Oi Amy, bom dia. – diz nervoso

- Bom dia, está tudo bem? – pergunto preocupada

- Sim.

- Ok. – digo meio desconfiada – Eu queria conversar com você.

- Sobre o que quer falar?

- Então, eu estive pensando e... – não termino de falar, meu celular toca indicando que tem uma nova mensagem

Ando até o centro da sala e pego meu celular da mesinha, abro o aplicativo de mensagens e vejo que são mensagens de um número desconhecido, clico no número e quando as primeiras mensagens aparecem sinto como se o chão estivesse se abrindo de baixo dos meus pés, fotos de James e uma mulher ruiva, ambos nus e agarrados como após uma noite intensa de sexo, abaixo das fotos um vídeo do ato, abro o arquivo e fecho-o na mesma hora incapaz de prosseguir vendo aquilo.

- O que é isso James? – mostro o telefone para ele e o mesmo me olha assustado

- Amy, eu... – não o deixo terminar

- Enquanto eu sofria pela morte da nossa filha, você estava fodendo outras bocetas por aí? – digo entre soluços – Você não tem empatia pela minha dor? Você não me respeitou no meu momento mais doloroso.

- Amy...

- Como pôde fazer isso? – pergunto em um sussurro

- Eu não sei, eu sinto muito.

Nos olhamos fixamente um para o outro enquanto nos debrulhamos em lágrimas, olho para o telefone em minhas mãos e as fotos vêm a minha memória.

Por que você fez isso com a gente James? Eu estava disposta a lutar mais uma vez.                                        

Somos todas(os) fortes, nunca se esqueça disso! ✨🌹

Um clichê fora da CurvaOnde histórias criam vida. Descubra agora