Capítulo 31

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Eu te disse que estava bem,
mas eu estava mentindo
Eu estava dançando com o diabo

Demi Lovato - Dancing With the Devil

ALERTA GATILHO ⚠️
ESSE CAPITULO TEM GATILHO OVERDOSE, CASO VOCÊ NÃO SE SINTA BEM LENDO, RECOMENDO QUE PULE

James

Um mês que a minha vida mudou por completo, não ando mais na empresa, as bebidas e as drogas tem sido meu refúgio ultimamente. Nesse mês que passou vi Amy algumas vezes, e em todas as vezes eu estava totalmente embriagado, ela não permitiu que eu visitasse Mad no estado em que eu estava e isso resultou em uma das nossas brigas, eu ameacei tirar Mad de Amy e Amy não deixou isso barato, gritos foram ouvidos, tapas foram desferidos em meu rosto, foi a pior coisa que aconteceu. A cocaína já não me satisfazia mais, eu precisava de algo mais forte, algo que me fizesse esquecer de tudo e que me fizesse eu me sentir bem, Matt veio aqui algumas vezes conversar comigo e a ultima vez resultou em uma briga cheia de socos e ofensas, acho que perdi meu melhor amigo.

- Você não pode continuar assim James, você precisa de ajuda. - escuto John com seus sermões diários

- O que eu preciso é que vocês cuidem das próprias vidas.

- Estamos fazendo isso para o seu bem James, você está se afundando e não aceita ajuda. - diz

- Eu estou bem, não se preocupe.

- É claro que me preocupo James, eu tenho medo de acordar e receber uma noticia de que você entrou em um coma alcoólico. - diz tenso

- Isso não vai acontecer John.

- Do jeito que você anda, duvido muito. - murmura

- John... - ele não me deixa terminar

- Você brigou com a mulher que ama, brigou com o seu melhor amigo e não vê a sua filha há mais de um mês, que tipo de pai é você?

- Você não entende. - sussurro

- Não, não entendo, porque o meu irmão não conversa comigo.

- Não me sinto pronto.

- Eu não vou te julgar James, eu quero entender o que você está passando e poder ajudar você. - dou uma risada triste

- Não sei se alguém conseguirá me ajudar.

- Só conseguiremos te ajudar se você conversar com a gente.

- Eu preciso ficar sozinho, pode ir embora por favor?

- Eu vou, mas amanhã eu vou voltar e nós iremos terminar essa conversa.

John saí do apartamento me deixando sozinho no meu ninho de solidão, vou até o mini bar e encho um copo de conhaque tomando-o de uma vez só.

Um

Dois

Três

Quatro

Cinco

Cinco copos depois e ainda descontente pelo álcool não fazer efeito, pego a garrafa de vodca e viro o gargalo na boca, em questão de minutos a garrafa está completamente vazia, sem nenhuma gota de álcool. Logo em seguida é a vez do whisky, em menos de minutos já tomei metade da garrafa. Ponho a mão na cabeça para tentar aliviar a dor que sinto mas não adianta, pego meu telefone e disco o número de Ryan, no terceiro toque ele atende.

- No que posso te ajudar James?

- Preciso de cocaína.

- Não tenho cocaína disponível, mas tenho heroína caso queira experimentar.

- Claro, no mesmo lugar de sempre?

- Sim, nos vemos em meia hora. - a chamada é encerrada

Pego meus pertences e saio do prédio indo buscar aquilo que vai me destruir ou me ajudar. Alguns minutos depois chego no beco que sempre nos encontramos e aguardo a chegada de Ryan.

- As vezes eu acho que estou sonhando. - diz Ryan atrás de mim

- Por quê? - pergunto

- Você largou as drogas e em um passe de mágica voltou com tudo.

- Um hora ou outra eu ia ter minha recaída. - retiro do bolso a carteira e entrego uma nota de 100 dólares a Ryan que pega a nota e me entrega o saquinho

- Faço bom proveito James, mas vá com calma. - diz com um olhar estranho - Adeus

Saio do beco e volto para o apartamento, alguns minutos depois chego no apartamento que está uma zona de garrafas espalhadas pelo chão. Vou até o mini bar mais uma vez e tomo algumas doses de whisky, rum, tequila... Minha cabeça começa a girar e saio do mini bar antes que eu tenha um coma alcoólico como John mencionou. Vou até a mesinha no centro da sala e faço os mesmos passos de sempre, retiro uma nota da carteira junto com a droga, faço as linhas finas brancas, enrolo a nota e logo em seguida sinto meu nariz entupido pelo pó. Dessa vez me arrisco um pouco mais do que o normal, faço mais algumas linhas do que faço ultimamente e sou presenteado por uma sensação de bem-estar e prazer.

Algum tempo depois sinto minha cabeça doer fortemente, não deveria ter exagerado na bebida.

Um náusea forte me atinge e sem que eu possa fazer nada para impedir, vomito no carpete da sala.

Meu coração bate descompassadamente no meu peito e não sei se é efeito da droga ou se é outro motivo.

Sinto minhas pernas cederem e logo meu corpo entra em contato com o chão frio do apartamento.

Meu corpo parece estar em chamas.

Escuto Amy me chamando e não sei dizer se é real ou se é uma alucinação causada pela droga.

Merda, o que está acontecendo comigo?

Eu quero dizer a Amy que estou aqui, queria dizer que eu vou lutar por nós dois, mas eu não consigo.

Estou morrendo?

Não quero morrer, quero viver e construir ao lado de Amy a nossa família, Deus por favor não me deixe morrer, não me deixe ir sem ao menos levar essa mulher ao altar, não me deixe ir sem ao menos ver minha filha crescer, não me deixe ir sem ao menos ver Amy grávida mais uma vez.

Não me deixe ir.

Irônico ou não, sinto-me em uma dança com o diabo.

Um clichê fora da CurvaOnde histórias criam vida. Descubra agora