Capítulo 30

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Nós já passamos por essa estrada antes

Eu sinto muito, não estou mais sóbria

Demi Lovato - Sober 

James

Caminho em direção ao escritório onde mantenho algumas bebidas guardadas, pego um dos copos do mini bar e o encho de whisky, bebo tudo de uma vez só e sinto o liquido descer queimando pela minha garganta. Vou até a mesa e abro a terceira gaveta, pego o meu celular antigo e o ligo novamente, abro meus contatos e vejo que o número ainda está lá, faço a ligação e após alguns toques sou atendido por uma voz que não escuto há mais de 5 anos.

- Quanto tempo James, já fazem 5 anos desde a última ligação.

- Eu sei, aconteceu algumas coisas e eu preciso que você me arranje ecstasy.

- Infelizmente não vou ter ecstasy. – dou um suspiro frustrado – Mas se você quiser, temos cocaína.

- Nunca experimentei.

- Sempre há uma primeira vez para tudo meu caro James.

- No mesmo lugar de sempre? – pergunto

- Sim, nos vemos daqui a meia hora. – a chamada é encerrada

Olho para o telefone em minhas mãos, minha mente começa a rodar e eu me pergunto o que eu estou fazendo da minha vida. Mais uma vez eu irei mentir e manipular as pessoas ao meu redor? Essa é uma questão que eu ainda não descobri a resposta. Dou um suspiro derrotado e saio do apartamento a fim de buscar aquilo que eu preciso. Alguns minutos depois chego ao beco onde sempre marcamos nossos pontos de encontro, Ryan era um conhecido da Lindsay que acabou se afastando dela, nunca soube do motivo do afastamento.

- Me custou a acreditar que era realmente você me ligando. – escuto a voz de Ryan

- Olá Ryan, como vai?

- Eu vou bem e você?

- Vou indo.

- Sem mais enrolações aqui está o que pediu. – Ryan me entrega um saquinho com um pó branco, guardo no bolso da calça e retiro da carteira uma nota de 100 dólares. – Faça bom proveito James.

Saio do beco e entro no carro louco para chegar logo no apartamento, assim que chego retiro o saquinho do bolso junto com a carteira, abro a carteira e pego uma nota de 50, abro o saquinho e faço uma fina linha branca na mesinha do centro. Enrolo a nota e aspiro uma das finas linhas brancas que há no centro da mesa, espero um tempo para que a mesma faça seus efeitos logo, após 10 minutos sinto uma sensação de euforia, felicidade, contentamento... Levanto-me e vou até o mini bar do escritório, pego uma garrafa de vodca e nem pego um copo, viro o gargalo da garrafa direto na minha boca, em poucos minutos a garrafa está completamente vazia.

Me sinto covarde, eu poderia estar lutando pela minha felicidade, poderia estar lutando para que minha mulher e minha filha não fossem embora, ao invés disso eu estou aqui enchendo a cara de vodca enquanto meu nariz fica entupido com cocaína. Sinto minha cabeças dando voltas, meu coração bate aceleradamente e eu não sei se é por efeito da droga ou se é por saudade das minhas garotas. Lute, é isso que eu ouço minha mente me dizer constantemente, por quê não estou lutando pela Amy? Por quê não estou lutando para saber a verdade e lhe mostrar que eu não a traí? Eu não sei as respostas. Pego as chaves do carro e saio novamente do apartamento, dessa vez indo até Amy. Quase uma hora depois estou na frente da casa de Jane, bato na porta algumas vezes esperando que ela me atenda, a porta é aberta e Amy aparece na minha frente, como sempre muito linda.

- James. – sussurra

- Nós precisamos conversar. – digo sério

- James não acho que seja uma boa hora para conversarmos, eu estou com a cabeça quente e posso falar besteiras que irei me arrepender depois.

- Agora é a melhor hora.

- Amy está tudo bem aí? – vejo um rapaz loiro aparecer atrás da Amy e sinto meu sangue ferver

- Está sim Thomas, pode ficar com Mad por favor. – o rapaz saí nos deixando sozinhos novamente

- Por isso não quer conversar? – ela franze o cenho – Já arranjou outro, você foi rápida.

- Olha bem o que você vai falar James. – diz entredentes e eu solto uma risada amarga

- Eu sofrendo por você e você já está com outro. – sinto meu rosto virar com o impacto do tapa que Amy desferiu em meu rosto

- Você está me confundindo com sua ex que nem esperou vocês terminarem e dormiu com vários, mas lembre-se que eu não sou ela James. – ela chega ainda mais perto de mim

- Claro que não. – digo sarcástico

- Você bebeu? – pergunta incrédula e eu solto uma risada

- Só um pouquinho.

- Você cheira a álcool, vou ligar para seu irmão. – tira o celular do bolso começa a ligar para John suponho eu

- Não precisa disso, vim sozinho e posso muito bem voltar sozinho.

- Isso foi muito inconsequente, você poderia ter causado um acidente.

- Mas não causei.

Amy deixa de falar comigo e fala com John pelo telefone, alguns minutos depois ela encerra a chamada e me leva para dentro da casa, não vejo o garoto loiro e nem a Mad mas é melhor que ela não veja o pai nessa situação decadente. Quase 3 horas depois John chega e agradece a Amy por ter ligado para ele, me guia até seu carro enquanto me dá alguns sermões.

- Você é um idiota, como tem coragem de dirigir bêbado?

- Me desculpa, não pensei muito na hora.

- Não, você realmente não pensou, se tivesse pensado não teria feito a idiotice de beber e logo em seguida dirigir. – John diz exaltado – Você foi inconsequente, já imaginou se você causasse um acidente? Como nós iriamos ficar?

- Me desculpa John. – agora me sinto mal por ter feito isso

- Prometa que não vai mais fazer isso. – John diz com a voz embargada

- Prometo.

John dá partida no carro e logo estamos pelas ruas de NY, uma hora depois estou no meu apartamento, John não podia ficar comigo e eu o tranquilizei dizendo que iria tomar um banho e dormir, agora estou aqui as 4:38 da manhã com o nariz entupido de pó, o coração acelerado, pupila dilatada e uma sensação de bem-estar, felicidade...

Peço desculpas a minha família, vou decepcionar vocês mais uma vez e por isso lhes peço desculpas.

Desculpa a minha filha, por ter um pai que não consegue lutar contra isso, desculpa minha princesa, o papai foi forte até onde deu.

E me desculpa Amy, por não lutar mais por nós, por desistir de nós, por te fazer sofrer.

Sinto muito, mas eu não estou mais sóbrio.

Um clichê fora da CurvaOnde histórias criam vida. Descubra agora