LXVIII

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April Lockheart

Medo. Eu tinha que usar o medo de perder quem eu amava para fazer meus poderes fluírem e ajudarem alguém. Depois de tanto tempo correndo daquela parte obscura que eu chamava de medo, eu tinha que o usar.

Carl estava ao meu lado, com um sorriso fraco no rosto, segurando minha mão e a acariciando. 

Iamos ir na cidade mais próxima, para treinar e achar mais recursos para a comunidade. Carl não queria e nem sequer avisou seu pai sobre nossa saída, o que por sua vez eu tive que fazer usando meus poderes.

- Você não pode ficar assim com seu pai, ele é sua família, sua família de sangue, então você prec...

- Meu pai não precisa mais saber sobre mim, já disse isso à ele. Não sei como você o perdoou tão fácil, parece que esqueceu que ele te entregou para aquele homem e fez você sofrer.

- Eu não esqueci - paro e o encaro  - Nunca vou esquecer, mas ficar remoendo as coisas não vão me levar à lugar nenhum, apenas me fazer ficar atrasada e com raiva. Eu aprendi com o tempo, você já sabe sobre isso, então aprenda que se aquele homem morrer, não vai poder pedir desculpas e refazer sua vida como se ele nunca tivesse existido.

Entro no carro de Paul que estava na estrada e me sento no banco do passageiro, vendo o mesmo se sentar atrás do volante e ligar o carro.

- Tem uma cidade próxima de Hilltop, fica a três horas de lá. Não fomos lá ainda, por causa dos zumbis nas ruas e das armadilhas que as pessoas criaram,  mas podemos ir pra lá e você pode treinar, vai ser melhor e talvez tenha mais recursos para as comunidades.

- Ou não tenha nada. - respondo olhando pela janela.

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A raiva que estava sentindo de mim mesma estava aumentando a cada tentativa de construir uma barreira forte com meus poderes e falhar miseravelmente. Paul e Carl estavam sentados no capô do carro na outra esquina, enquanto eu estava sozinha no meio da rua com os zumbis,  lutando para tentar conseguir.

- Chega! - grito puxando a faca da bainha e matando os três mortos que agora avançavam de forma verdadeira. - Já deu pra mim,  é melhor procurarmos as coisas. Vou ir na loja de artigos para jogos ver se consigo algumas roupas pra mim ou pra Enid.

Saio de perto deles e caminho para a loja do final da rua, desviando dos carros e dos mortos que tentavam me pegar. A sensação de estar sendo inútil estava me deixando maluca e impotente.

Balanço a cabeça e entro na loja, batendo na prateleira e esperando alguns segundos até perceber que não haviam mortos lá dentro.

Recolho as roupas que ainda estavam  nas araras e no chão e as jogo dentro de uma das sacolas que estavam no chão. A poeira irritou meu nariz e eu o cocei antes de caminhar para o fundo da loja onde havia uma escada.

Desço os 5 primeiros degraus e percebo que estava faltando os outros degraus e que havia um corpo no fundo. Com meus olhos semicerrados eu pude reconhecer a figura caída, desmaiada e com sangue em suas roupas.

- Negan? - o chamo - Negan? Merda!

Ele não estava se mexendo.

Fecho os olhos e uso meus poderes para chamar Carl e Paul. Engulo seco ao sentir a dor de cabeça e uma leve tontura tomar conta de mim.

- April?

- Aqui no fundo! - respondo o chamado de Carl e segundos depois o vejo aparecer ao meu lado. - Preciso de ajuda!

- O que aconteceu? - Paul questiona.

- Negan está no final das escadas, debaixo dos restos da escada. Ele está desacordado e parece estar sangrando. Temos que tirar ele de lá.

- Ele atacou nossa casa ontem, April! Você ainda o quer ajudar?

- É eu quero. Quero ajudar pra que talvez consiga fazer com que ele pare de ser como ele é, que talvez eu consiga tirar o Negan ruim e colocar o Negan bom, que eu sei que existe, a mostra. Por favor! Confia em mim.

Carl deu passos para trás e saiu da loja, me deixando com Paul. Carl tinha o temperamento forte demais e não sabia quando parar e ouvir, ele pensava apenas que suas ideias e escolhas estavam certas.

Abaixo minha cabeça, apoiando ela no corrimão de madeira da escada e engulo seco.

- Você vai me ajudar?

- Preciso de respostas tanto quanto você! - Paul responde. - Tenho que...

Carl estava voltando, com uma corda em mãos.

- Vamos acabar com isso logo!

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Tchauuuu

𝐎𝐁𝐒𝐂𝐔𝐑𝐄 𝐖𝐎𝐑𝐋𝐃↬ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢOnde histórias criam vida. Descubra agora