XLVI

2.3K 240 109
                                    

•April Lockheart•

Minha garganta estava seca. Minha cabeça estava ao ponto de explodir e eu nem conseguia abrir os olhos. Carl devia estar confuso com o fato de ter ouvido a minha voz em sua mente e eu ainda tinha que recuperar minhas forças e tentar mostrar para ele onde eu estava.

O médico já devia saber que a cura não estava comigo, já devia
saber que ela estava em algum lugar ou com alguém de Alexandria. Por isso meu medo era bem maior do que eu. Eles eram importantes pra, Carl era importante pra pra mim. Eu o amava.

- Carl, se você estiver ai, não ache estranho o fato de minha voz estar em sua cabeça. Eu estou viva, não sei por quanto tempo. Só
quero dizer merda... eu amo você! Estou dentro de uma
velha estação de trem, pelo menos é o que parece, trocamos de
lugar semana passada e é só o que... me lembro. Não sei se vou conseguir isso de novo...eu...

Meu corpo desfaleceu.

•Narrador•

Carl acordou no meio da noite, com o coração disparado e com o ar faltando em seus pulmões. Ele encarou a escuridão em sua frente e suspirou, passando as mãos sobre os cabelos. Ele estava suado e seus pensamentos bagunçados.

Estação de trem.

Existiam milhares estações de trem em toda a América. Apenas na Georgia  eram cerca de 484 locomotivas espalhadas antes da merda do fim do mundo. Ia demorar demais à encontrar uma que pudesse realmente dar a ele alguma coisa significativa.

Carl então acendeu a luz e saiu pelo corredor até o escritório onde ficavam os mapas. Ele precisava de algumas respostas.

Com a pouca luz do abarjur ele conseguiu achar o mapa das velhas estações ferroviárias e procurou pelas que estavam mais próximas de Alexandria. Eram três. Uma delas ele conhecia muito bem... era onde anos atrás ele havia sofrido dentro dos vagões, o Terminus. As outras duas eram estações que ele nunca havia ouvido falar.

Não tinha como um velho carregar uma garota de um lado para o outro a distâncias longas, devia ser uma daquelas mais próximas e Carl investigará cada uma delas sem poder esperar.

Carl enrolou o mapa e o levou para seu quarto, o colocando dentro de sua mochila junto com outras coisas que ele havia pegado horas atrás.

Ele sairia quando o dia amanhecer, com ou sem Enid e procuraria por todos os lugares que conseguisse em uma semana. Sua desculpa seria " vou sair para procurar uma loja de video games!" , ele sabia que seu pai não falaria nada, apenas pedia para ele tomar cuidado.

Os salvadores de outros postos de vigia que ainda estavam vivos
pensavam que havia sido uma grande horda de zumbis. Que
agora caminhavam em direção ao Santuário, fazendo os homens
e mulheres de Negan criassem uma barreira de bombas que se acionariam apenas com um pequeno toque sobre o fio preso.

Eles nem imaginaram que havia sido uma coisa "pequena" havia causado tudo aquilo.

_

Quando o dia amanheceu à amanhecer, Carl caminhou pelas ruas de Alexandria seguindo para o depósito de armas e logo depois para a casa de Enid. Seus passos rápidos lhe deram os resultados que ele queria. Só faltava a amiga aceitar ir com ele.

Carl entrou na casa de Enid sem bater, encontrando ela esparramada no sofá da sala e enrolada em uma coberta.

- Ei, acorda!  - ele exclama mexendo na mão dela. - Enid levanta!

A garota gemeu frustrada e abriu os olhos,  encarando Carl em sua frente. Ela se virou de costas para ele e o xingou algumas vezes antes de ter sua coberta retirada a força.

- Mais que merda, Carl!

- Preciso da sua ajuda.

- O que aconteceu de tão importante às 5 da madrugada?

- April. Eu ouvi a voz dela na minha cabeça de novo, ela estava fraca, disse que estava com medo e que me amava. - ele conta apressado - Ela está dentro de uma estação velha, disse que eles tem mudado de lugar pra lugar. Estou indo vasculhar as estações de trem aos arredores.

Enid não esperou por mais, apenas se levantou do sofá e caminhou até seu quarto, onde pegou uma mochila e jogou algumas coisas dentro. Ela iria atrás da amiga até os confins do mundo se fosse preciso, não importava a distância ou quanto tempo demorasse.

- Eles não podem ter ido tão longe. Não existe tanto combustível nesse mundo quanto antes. Vamos?

Carl sorriu e caminhou ao lado da garota. 

𝐎𝐁𝐒𝐂𝐔𝐑𝐄 𝐖𝐎𝐑𝐋𝐃↬ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢOnde histórias criam vida. Descubra agora