IV

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•April Lockheart•

Depois de vestir minhas roupas e poder finalmente sair daquela cama, eu esperei pela hora que eu poderia ir embora. Ouvi passos e a porta da frente batendo, presumi que era a médica que havia cuidado de mim. Era hora de ir.

Peguei minha mochila a colocando nas costas e abri a janela que dava para os fundos das casas, era meu local de saída. Com muito custo e dor eu consegui pular a janela, sentindo minhas costas arderem quando a mochila bateu com tudo nela. Começo a caminhar até o muro, porém volto para onde estava segundos atrás.

- Rick poderia fazer postos de vigia. - escuto a voz de uma mulher. - Um aqui perto da enfermaria e outro perto do deposito.

Me escondo atrás das latas de lixo e vejo as pessoas se afastarem entre as casas. Agora eu poderia.

Caminho rápida até o muro oeste, onde parecia não haver casas, sentido meus músculos doerem. Analiso o muro por um instante e começo a subir pelas vigas que haviam ali. Em instantes eu estava do outro lado caindo no chão como uma fruta podre do pé.

- Péssima aterrissagem. - falo pra mim mesmo me levantando.

Observo a floresta em minha frente e solto um suspiro longo. Era hora de ir.

Comecei a caminhar tentando fazer o mínimo de barulho possível, mais parecia que eu não estava conseguindo. Parei perto de uma árvore e escutei os passos, não era eu, nem um zumbi.

- Saí daí. - digo apertando o cabo da chave de fenda em minha mão. - Saí.

Vi a aba de um chapéu aparecer e já identifiquei quem estava me seguindo. Carl.

- Por esta me seguindo? - pergunto abaixando a chave de fenda e vendo ele se aproximar.

- Porque está indo embora?

- Se importa? - respondo com outra pergunta, sentindo uma visgada em meu pé.

- Não. Só quero saber, pra poder contar a Enid e ao meu pai depois.

- Não posso ficar, só isso.

Me viro de costas e começo a andar, ouvindo o grunhido dos zumbis. Mais que droga. Eles estavam em minha frente, vindo em minha direção.

- Tem um lugar. Podemos nós esconder lá.

Concordei e o segui.

Caminhamos por alguns minutos até pararmos em frente a uma árvore. Observo o lugar e tento entender onde iríamos nós esconder. Só então, percebo que a árvore era oca, e que tinha como nós escondermos ali dentro.

- Como? - pergunto sentindo um puxão em meu braço e ficando colada a Carl dentro daquela árvore.

- Controle a respiração. Os zumbis podem nos "escutar". - ele diz com a mão em minha boca.

Seu olhar estava no meu, eu conseguia ver sua pupila dilatada, um grande ponto negro no meio de um oceano. 

Os zumbis começaram a passar e eu segurei a mão de Carl,  a apertando. Estava com um pressentimento ruim, o qual todo aquilo daria errado.

O último zumbi passou e eu respirei aliviada. Tinha dado certo.

Olhei para Carl que tinha o olhar preso em mim e abaixei a cabeça envergonhada.

- Eu sinto que eu conheço você  de algum lugar. - ele diz passando a mão em meu rosto. - Sinto que você foi alguém que eu não parei de pensar, só que eu não me lembro quem.

- Você é  o garoto da interestadual. - falo sem me preocupar com todas as perguntas. - Você só cresceu e ficou ainda mais lindo.

Ouvi o som do trovão cortando o céu e saí da árvore. Eu tinha que ir embora. Deixei um sorriso fraco para Carl e sai andando.

- Espera - sua mão segurava meu braço, me deixando arrepiada  - Fique na comunidade, por favor.

Engoli seco e concordei. Era a idéia mais idiota que eu já havia tido.

Heyyyy

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𝐎𝐁𝐒𝐂𝐔𝐑𝐄 𝐖𝐎𝐑𝐋𝐃↬ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢOnde histórias criam vida. Descubra agora