𝐎𝐁𝐒𝐂𝐔𝐑𝐄 𝐖𝐎𝐑𝐋𝐃↬ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢ

LXXVI

Carl Grimes

Ver a força que April havia conseguido juntar me fez sentir alegre e com ainda mais esperança de uma vitória. Ela havia conseguido. Depois de tantos dias treinando sem parar, depois de sair machucada e quase desmaiada tantas vezes, ela havia conseguido concentrar sua força e criado a tão sonhada barreira.

Mas ver seu corpo cair para trás e sumir no meio dos carros não foi satisfatório, na verdade, me fez desejar que ela não tivesse vindo e que ainda estivesse protegida em casa. Deixo Enid de lado, e corro até o corpo de April, escorado na porta do carro enquanto seu nariz sangrava.

A dor em meu ombro não me impediu e a segurar em meus braços e encarar seu rosto, vendo seus olhos fechados e respiração quase inexistente.

- Hey, April?! Amor? - seguro seu rosto e vejo seus olhos se abrirem de forma lenta. Ela estava fraca. - Precisa de alguma coisa? Eu posso fazer alg...

- Acabamos com eles, não é? - ela questiona com a voz fraca e eu concordo com um aceno, retirando seus cabelos curtos de seu rosto. - Então eu não preciso de mais nada.

- Preciso de ajuda médica aqui! - grito vendo parte do grupo se dispersar para as redondezas repletas de mato alto e em busca de algum zumbi ou Salvador ainda vivo.

O corpo de April foi retirado de perto de mim e ela foi deixada no banco detrás da van médica improvisada que havíamos criado. O soro foi injetado em sua veia e seus olhos se fecharam mais uma vez.

- Pode descansar. - digo beijando sua mão e vendo a médica se aproximar de mim. - Acha que eu vou ter que ficar parado por um tempo?

Ela sorriu fraco e concordou, parecia estar contendo as lágrimas e só depois que minha ficha caiu. Jeremy, um dos homens no carro que havia sido alvo da bomba, era marido dela.

- Sinto muito por sua perda! Sei que nada que ei disser vai ajudar, mas eu realmente sinto muito.

Ela balançou a cabeça algumas vezes e deixou por fim as lágrimas rolarem por seu rosto.

- Ele sabia que era arriscado, sabia que poderíamos perder nossas vidas. - ela limpa as lágrimas- Vou honrar o nome dele e a história que construímos juntos, dar um enterro descente e... - ela suspira - e...tentar viver minha vida.

_

April estava sentada na cama do meu quarto, recebendo os últimos cuidados da médica de Alexandria. Depois de horas ela havia acordado e aparentava estar bem melhor e era aquilo que importava, que ela estivesse melhor.

Alexandria estava uma zona, os Salvadores que por alguma razão ainda estavam vivos, haviam entrado, encendiado uma casa, matado quatro dos nossos e chamado a atenção de uma horda de zumbis para dentro da comunidade. O resultado, uma destruição das nossas plantações, pessoas queridas mortas e construções para fazer.

Me sento ao lado de April na cama e a vejo me encarar com o olhar brilhante e alegre, mesmo com a pele pálida e olhos fundos pelo cansaço ela ainda sorria.

- Conseguimos não é? - ela questiona procurando minha mão para segurar.

- Sim, conseguimos! - respondo beijando sua mão e acariciando o local - Obrigado por ter nos protegido.

- Pensei que não ia conseguir. - ela conta me puxando para a cama e se ajeitando sobre os meus braços em um abraço e deixando sua cabeça em meu peito. - A raiva subiu a cabeça quando eles te machucaram e eu deixei ela sair.

- Você ficou parecendo aquelas heroínas dos filmes e quadrinhos.

Ela ri divertida e me olha.

- Eu te amo muito!

- Também te amo muito, minha mulher maravilha com super poderes e olhos brilhantes.

April gargalhou mais uma vez e deitou sua cabeça em meu peito, tomando cuidado para não apertar o machucado feito pela bala do Salvador com suas mãos que estavam envoltas em meus braços.

- Posso te perguntar uma coisa? - ela acaricia minhas mãos.

- Pode, claro!

- Porque se afastou de mim nesses últimos dias? Eu fiz algo de errado e...

- Não, não é isso! - acaricio seu rosto - Você não fez nada de errado. Eu estou apenas criando algumas coisas e precisava me afastar de você pra não acabar contando a minha surpresa.

- Que surpresa?

- Se eu contar não vai ser surpresa bobinha! - deixo um peteleco em seu nariz - Quando as coisas se acalmarem e tudo estiver bem novamente, você vai ter sua surpresa.