LXXIII

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Narrador

Carl havia aceitado ser usado para retirarem a cura. Ele nem havia pensado duas vezes, apenas havia aceito e ponto final. O que ele não sabia, era que April estava com medo de perder perder quando os testes e todas as coisas clínicas começassem, se é que elas iriam começar algum dia.

Negan havia contado sobre o médico de Hilltop e o da fábrica onde os Salvadores viviam, ambos irmãos e que poderiam ajudar a transformar a cura em algo palpável.

April parou ao lado de Carl no posto de vigia e segurou sua mão, deixando um carinho ali antes de o beijar e o abraçar.

Ele pareceu perceber o que estava acontecendo com a namorada, já que segurou o rosto da mesma e sorriu para ela, olhando no fundo de seus olhos. Ele se sentia realizado de poder a ter no meio de todo aquele caos e mesmo sofrendo muitas das vezes, ele sabia e sentia que seu porto seguro naquele mundo obscuro, era perto dela.

- Eu te amo pequena! - ele a beija.

- Eu te amo girafa! - ela gargalha, vendo Carl a encarar com um sorriso fraco em seu rosto. - Tenho que arrumar um apelido pra você, mas eu não sou boa nisso.

- Você é péssima! - ele diz. - Você tem mandado bem, tem treinado, estou ficando para trás.

- Podemos treinar juntos, mas você que está sempre cheio de coisas pra fazer. Namorar o filho de líder, às vezes é um saco.

Carl gargalhou alto e abraçou a namorada ainda mais.

- Estou preparando uma coisa pra você, uma surpresa, por isso a falta de tempo. E toda essa coisa contra os Salvadores, acaba que mesmo eu não querendo, eu tenho que ajudar meu pai e os outros.

- Você não aceitou as desculpas dele? - Carl nega - Devia aceitar. Ele acima de tudo é seu pai e sempre quer o melhor pra você. E não adianta vir com o fato dele ter mentido sobre mim e sobre minha real situação, essa droga toda ia ser pior se quando você acordou, soubesse o que tinha acontecido comigo. Fala com ele, se resolva!

- Mas e Hilltop? E nossos planos?

- Podemos criar nossos planos aqui ou em qualquer outro lugar, mas pai você só tem um, família de verdade é só uma, então, não fique brigado com parte deles por uma coisa que já passou.

- Eu te odeio! - Carl exclama soltando a namorada - Odeio por sempre mudar minha cabeça.

- Eu sei que no fundo você concorda comigo, só não tem coragem de admitir que quer aceitar o perdão que seu pai lhe oferece.

Carl ajeitou a postura e encarou as coisas ao seu redor, antes de tomar a decisão que estava lhe fazendo ficar acordado durante a noite.

- Tudo bem, eu vou falar com ele. Agora!

April sorriu e pegou a arma do namorado, o vendo descer os degraus e caminhar pelas ruas.

Família era importante pra ela, e ela sabia o que era perder, então sempre que podia, sempre que conseguia, pedia para perdoarem e para poderem voltar a ser o que eram. Ela tinha aprendido da pior e mais dolorosa forma, e as imagens de sua mente, ninguém podia mudar.

_

Quando o dia amanheceu e o turno de vigia de April acabou, ela seguiu para fora de Alexandria, em busca de alguma coisa que pudesse lhe ajudar a treinar e talvez achar alguma coisa que se ligasse os Salvadores e suas espreitas no meio da noite.

Ela caminhou por minutos até encontrar uma velha cabana, onde parou e encarou a mesma antes de abrir a porta e ouvir um estralo.

- Puta merda! - ela exclama se abaixando e ouvindo o som do tiro na parede atrás de si.

O olhar de April percorreu todo o espaço escuro do lugar e ela viu debaixo do braço da poltrona velha e rasgada, a ponta da arma que havia disparado. Suas mãos se moveram e ela viu a arma flutuar com o cano para cima, vendo o fio que havia feito o gatilho ser acionado e o cartucho cair no chão.

- Desgraçados!

O símbolo dos salvadores - o taco de beisebol/Lucille - aparareceu quando ela virou a arma.

- April? - a voz de Enid surgiu no meio do silêncio e a mulher que estava na cabana se virou - Tudo bem aí?

- Sim, só resolvendo uma das tramoias dos Salvadores. - ela mostra a arma flutuante. - O que faz aqui? Pensei que tinha ido parar Hilltop e...

- Paul pediu para avisar que os Salvadores fecharam a estrada que leva as comunidades. Ele  os viu ontem a noite, montando armadilhas no meio da estrada, parecia algo grande. Negan deve...

- Não foi o Negan que mandou atacar ou fazer isso. - April a interrompe, pegando a arma e vendo os cartuchos caírem - Ele foi jogado em um buraco pra morrer, está em Alexandria preso. Pensei que Paul tivesse contado.

April estava desconfortável, o olhar de Enid sobre ela não era mais o mesmo, na verdade ele nem existia.

- Na verdade eu não tenho ficado muito dentro de Hilltop. Tenho saído para buscar suprimentos e armas, os grupos voltaram ontem de manhã.

April concordou e suspirou, criando coragem para encarar a amiga em sua frente.

- Podemos conversar? Eu não quero ficar com esse clima estranho entre a gente, somos amigas, somos família.

- Eu que atrapalhei as coisas... - Enid contrapõe.

- Não. - April diz parando em frente a ela e segurando as mãos da amiga - Errado. Você apenas fez o que seu coração mandou, você não tem culpa de ter criado sentimentos, Enid. Nunca se culpe por isso. Eu sinto muito por não sentir o mesmo, muito, de verdade, mas eu não posso fingir que não amo o Carl e ficar com você. Você é o tipo de pessoa que eu tenho que agradecer por ter no meu dia a dia, por terem me dado a chance de conhecer. Mas não sou eu quem vai guardar a chave desse coração aqui - ela aponta para o peito da amiga - Você ainda vai encontrar quem vai ser dona ou dono dessa chave.

- Me perdoa por me afastar?

- Vem aqui!

April puxou Enid para um abraço e sorriu largo ao sentir o mesmo ser retribuído.

- Não se afaste de novo, por favor!

- Só se eu morrer!

Enid ri, mas April se afastou e fechou a cara.

- Não diga isso, nunca mais.

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𝐎𝐁𝐒𝐂𝐔𝐑𝐄 𝐖𝐎𝐑𝐋𝐃↬ᶜᵃʳˡ ᵍʳⁱᵐᵉˢOnde histórias criam vida. Descubra agora